terça-feira, 27 de julho de 2010

Gestor cultural, o profissional do futuro

Leonardo Brant - Cultura&Mercado

Estamos falando de um dos mercados mais potentes do mundo e um dos que mais cresce e se revigora a cada dia. De algo tão necessário ao ser humano como comer e respirar. De uma atividade que dá sentido ao ser humano, significa sua vida e projeta seu futuro.

Além dos mercados tradicionais, supostamente em crise, como o cinema, a indústria fonográfica e editorial, atropeladas pelo advento das tecnologias de informação e comunicação, surgem a cada dia novas formas de significar a presença do ser humano na Terra, de criar utopias, planos de futuro, ou simplesmente de amenizar o sofrimento de quem ainda não encontrou sua autonomia em relação ao próprio imaginário.

Os códigos culturais antes dominados por impérios, igrejas, estados autoritários e grandes corporações estão cada vez mais ao alcance de todos nós. A teia que se forma em torno dos elementos culturais, diversos, controversos, livres, colaborativos e, ao mesmo tempo, controlados, sistematizados, formatados, lineares, é cada vez mais complexa. Exigem dos terráqueos contemporâneos uma capacidade de decodificação, síntese e diálogo constantes.

O gestor cultural se habilita a esse exercício constante, com um diálogo permanente entre as formas mais lineares e alienantes do conhecimento e as mais revolucionárias maneiras de criação e conexão com os universos paralelos do sentido. Um diálogo que possibilita, ao mesmo, implodir e reforçar os sistemas estabelecidos de poder.

Um profissional detentor de uma chave mestra, capaz de promover a livre expressão e arbítrio, e de revelar os sistemas de cerceamento de conhecimento, opinião e expressão, aptos a afugentar os medíocres, robotizando-os em lógicas binárias e sistemas bancários.

Antes de qualquer coisa, um profissional pautado pela ética. Não necessariamente pautado pelo bem, mas um bom conhecedor do mal que há dentro de si.

Algumas características são marcantes nesse profissional, que ganha espaço a cada dia não somente nos mercados tradicionais de cultura e comunicação, mas em várias esferas da sociedade. São elas:

  • A constante reflexão em relação a tudo o que faz.
  • Alto poder de aplicabilidade daquilo que pensa naquilo que faz.
  • Participa da vida política, articula e trabalha em rede.
  • É familiarizado com a língua e a lógica do mercado.
  • Subverte a lógica do mercado, propondo novas formas de superação.
  • É empreendedor e criativo.

É claro que estou idealizando este profissional, mas ao mesmo tempo reconheço-o em corpo presente nos corredores dos inúmeros empreendimentos culturais com que tenho contato pelo Brasil e pelo mundo afora.

Alguém que, como o artista, se prepara como nenhum outro para lidar com as incertezas de um tempo que colhe os frutos do desenvolvimento tecnológico e da ciência, mas ao mesmo tempo paga a conta da irresponsabilidade para com seus pares, seu planeta e com a vida.

sábado, 24 de julho de 2010

A etiqueta do Facebook

Como cuidar de sua imagem e de sua carreira na maior rede social do mundo
Bruno Ferrari

“O suéter é condenável à noite. Para uma reunião ou coquetel, ele não deve ser usado.” O trecho acima foi retirado de um manual de boas maneiras – e parece muito anacrônico. Os tempos mudaram. Agora, boa parte das relações sociais se faz por meio de sites de relacionamento como o Facebook, que atingiu 500 milhões de usuários na semana passada. Portar-se bem nesses ambientes é o novo desafio.

Mas será que podemos confiar apenas no bom-senso para reger relações virtuais que se tornam cada dia mais importantes? Será que podemos improvisar num ambiente que envolve, potencialmente, contatos de trabalho, relações de amizade e ligações amorosas? A resposta a isso é um peremptório não. Claramente, precisamos de um manual de etiqueta que nos conduza a salvo pela selva das redes sociais.

No Facebook, por exemplo, são inúmeros os problemas. Fotos indiscretas, mensagens ofensivas, spams e até conteúdo ilícito são listados como ocorrências comuns. No Brasil, por causa do sucesso do Orkut, o site teve crescimento tardio, mas hoje sua audiência supera 10 milhões de usuários por mês.

As pessoas estão lá, em números crescentes, mas não têm claro qual é seu objetivo. Vai ser uma conta de uso pessoal ou envolverá também relações profissionais? Essa é a primeira e a mais importante questão. Mas há outras, subsequentes. Você manterá contatos apenas com pessoas próximas ou aceitará o pedido de amizade daquele primo chato de sua ex-namorada? Mais ainda: que tipo de informação você pretende compartilhar com seus contatos? Existe o risco, em uma relação mal administrada com o site, de reclamar de seu chefe e descobrir, dias depois, que ele leu o texto por meio de um amigo comum a vocês dois. Acontece.

Em março, um soldado israelense postou uma frase em seu perfil: “Na quarta-feira, nós limpamos Qatanah, e na quinta, se Deus quiser, voltamos para casa”. Ele fazia referência a uma operação secreta de combate a insurgentes na Cisjordânia. Foi levado à corte marcial, ficou preso por dez dias e perdeu a patente.

Um dos fatores que tornaram o Facebook um site indispensável para conectar pessoas é o controle da privacidade. Cada usuário tem autonomia para tornar público ou não o conteúdo de seu perfil. Mas um amigo que gosta de aparecer pode fazer com que suas fotos e seus vídeos sejam divulgados involuntariamente. Por isso tudo, ÉPOCA formulou dicas para que você aproveite o site como o fantástico instrumento que é, sem comprometer sua vida ou sua carreira.

Visite a página de ÉPOCA no Facebook: www.facebook.com/epoca.com.br

terça-feira, 20 de julho de 2010

Cultura da carne

por: Leonardo Brant

Não pertenço a nenhuma tribo ou religião. Comecei a eliminar a carne do meu cardápio por questões de bem-estar pessoal. Simplesmente me sentia melhor sem carne. Mais leve, com maior vitalidade, sem o peso da digestão. Isso não faz de mim um ativista, mas não me impede de refletir sobre os efeitos pessoais e sociais de uma vida sem (ou com menos) carne.

Apesar de ter passado um período mais radical, vivendo sem álcool, café, glúten e lácteos, a dieta mais adequada para mim é a do equilíbrio e do bom senso. Quando exagero, faço jejum, volto a essa dieta higienista e retomo o bom funcionamento do organismo.

Assim como a cultura do automóvel, a cultura da carne é algo central em nosso sistema socioeconômico, símbolo de um processo civilizatório baseado na propriedade e na crença da superioridade humana sobre todas as outras formas de vida. E da nossa supremacia cultural sobre nós mesmos, justificando guerras, violências, descasos, abandonos.

Isso faz com que a população de gado no Brasil, por exemplo, seja maior que a de humanos, e sirva única e exclusivamente para provê-lo de couro, derivados de leite, carne, além de outros alimentos e produtos, das vísceras ao mocotó. O mesmo se aplica aos frangos, patos, porcos, carneiros e ovelhas, que devem sua existência tão somente como fonte de alimento ao ser humano.

Cada vez mais o processamento da carne se dá de modo industrializado, o que resulta em desequilíbrio ecológico, a ponto de se configurar como uma das principais causas do buraco na camada de ozônio e do aquecimento global. Mais água, mais pasto, mais produção de ração, mais desmatamento, mais gases metano.

Assim como a indústria do automóvel, a da carne tem uma relação de causa e efeito com o inevitável abismo entre pobres e ricos no mundo: se todos comerem carne e utilizarem automóvel diariamente, o planeta explode.

Recentemente o Brasil se tornou o maior produtor mundial de carne. Isso diz muito sobre o modelo de desenvolvimento que estamos construindo. E a nossa atitude diante disso diz mais ainda sobre o lugar que ocupamos no planeta.

Sustentabilidade não é algo para delegarmos às empresas e cobrarmos dos governos. É, antes de qualquer coisa, uma questão de cultura e cidadania. Como consumir, como votar e participar da construção das políticas públicas é a questão vital para a vida em sociedade e para a construção da democracia.

7º Congresso Internacional sobre Inovação e Gestão ICIM2010

Tendo em vista o grande sucesso conseguido na China, Japão, Holanda e Brasil nos Congressos do ICIM anteriormente realizados, o NEF/PUCSP (Núcleo de Estudos do Futuro, do Programa de Pós em Administração da FEA-PUCSP), tem a satisfação de informar que o 7th Congresso Internacional sobre Inovação e Gestão – ICIM2010, que acontecerá na Universidade WUHAN, na China ( http://public.whut.edu.cn/outweb/ ), no dia 4 de dezembro de 2010, pautando-se no tema central da COLABORAÇÃO E INOVAÇÃO ABERTA ( http://www.pucsp.br/icim/ ).
Cientes da crescente importância que a China está tendo no mundo, e em particular no Brasil, onde já em 2010, deverá se tornar no maior investidor neste país, temos a imensa satisfação de convidar a todos interessados e, em particular quem já participou do ICIM2009 (ver: http://www.pucsp.br/icim2009), para enviar seus trabalhos com a maior brevidade, para a equipe na China que está organizando o evento ( http://202.114.88.145/icim/index_en.jsp ).
Os temas básicos são :
1. Colaboração Universidade-Indústria e Alianças Estratégicas
2. Inovação Aberta e Inovação Distribuída
3. Inovação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável
4. Inovação em Produtos em Indústrias e Regional
5. Inovação Organizacional , Institucional e de Gestão
6. Política de Ciência e Tecnologia, Propriedade Intelectual e Gestão de Conhecimento
7. Inovação em Operações e Aplicações de TI
8. Temas Variados
Agradecendo a sua atenção, e esperando que possa atender ao nosso convite, deixamos o nosso cordial abraço, na certeza de que sua contribuição em muito enriquecerá as iniciativas e objetivos dessa conferência.
Prof. Dr. Arnoldo José de Hoyos Guevara
Coordenador no Brasil do ICIM
Núcleo de Estudos do Futuro , POSADM-FEA PUCSP
Alinhar ao centro

sábado, 17 de julho de 2010

Unipaz Recife realiza o seminário Doze Trabalhos de Hércules com Lala Deheinzelin

Por Tereza Soares
Especial para o Tribuna Popular

A Unipaz Recife estará promovendo entre os dias 23, 24 e 25 de julho, o seminário Os Doze Trabalhos de Hércules, que representam uma das mais completas sínteses já realizadas sobre os processos de desenvolvimento e aprendizado. A facilitadora, Lala Deheinzelin é Fundadora do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC; Membro executivo do Conselho do IN -MOD, Instituto Nacional de Moda e Design, do SPFW. Articulista da Revista Arc Design; Portal Cultura e Mercado e Nós da Comunicação. As inscrições podem ser feitas na Secretaria da Unipaz, na Rua Enéas Lucena, 244, Encruzilhada, Recife, pelo fone: 3244-2742. Mais informações no site www.unipazrecife.org.br

Na linguagem dos terapeutas e psicólogos, Hércules é o herói da vida cotidiana e representa o processo de conhecimento e integração de nossos três aspectos: animal, humano e divino. “Acompanhando o herói mitológico, vemos a nossa jornada enquanto heróis do dia a dia tendo que em cada etapa enfrentar um novo aprendizado”, explica Lala Deheinzelin, acrescentando que ‘Os Doze Trabalhos de Hércules’ representam uma maneira ao mesmo tempo lúdica e profunda de vivenciar o processo evolutivo.

Segundo ressalta o coordenador geral da Unipaz Recife, Manoel Serpa Durão, o desenvolvimento deste tipo de metodologia é algo a que Lala se dedicou durante toda sua carreira e que foi sistematizado através da Bolsa Prêmio da Fundação Vitae, entre 1991 e 1993.

De acordo com Lala Deheinzelin, uma ferramenta maravilhosa para auxiliar todo esse processo proposto pelos Doze Trabalhos é a tradução entre linguagens por semelhança e associação. “Por exemplo, fazemos a relação dos trabalhos com os signos do zodíaco realizando uma transposição do seu significado simbólico para outras linguagens, sempre aplicados aos assuntos do nosso cotidiano, uma vez que somos também heróis na busca do que acreditamos”, explica.

“Para nós, nesse workshop, o herói é aquele que, como resultante da experiência, percepção e aprendizado, é capaz de escolher e agir de forma descondicionada e criativa. Suas ações não são apenas reativas – como a maioria parte das nossas ações – mas pró- ativas e criativas, conduzindo a novas maneiras de viver e pensar o mundo. Heróis somos, ou podemos ser – todos nós”, completa.

Ao longo do workshop os participantes vão criando uma mandala com os Doze Trabalhos, que são vivenciados através de improvisação, meditação, massagens, desenhos e música.

Saiba quem é LALA DEHEINZELIN

CEO da Enthusiasmo Cultural www.enthusiasmo.com.br; Senior Advisor da South South Cooperation Unit – ONU http://tcdc1.undp.org e outros organismos multilaterais. Fundadora do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC www.nef.org.br ; Membro executivo do Conselho do IN -MOD, Instituto Nacional de Moda e Design, do SPFW www.spfw.com.br. Articulista da Revista Arc Design; Portal Cultura e Mercado e Nós da Comunicação.

Até 1992 dedicou-se principalmente às artes cênicas, cinema e televisão. Neste período trabalhou ao lado de grandes nomes da cultura brasileira e algumas de suas obras são consideradas referências nos respectivos setores, tendo recebido vários prêmios.

A partir de 1992 busca a união das artes e o universo empresarial, através da aplicação de linguagens artísticas em projetos e eventos corporativos e a consultoria para desenvolvimento de estratégias com foco em empreendedorismo, cultura e desenvolvimento. Desenhou e dirigiu dezenas de estratégias e eventos para as maiores empresas instaladas no Brasil, conhecendo em profundidade o universo corporativo.

Palestrante nacional e internacional há mais de 20 anos, mais recentemente dedicou–se também a palestras corporativas tendo criado “arte conferências”: palestras que usam linguagem cênica ou visual como suporte.

Profissional com perfil único, por seu caráter multidisciplinar, atua como assessora para corporações, governos e agências internacionais na formulação de estratégias de inovação e desenvolvimento a partir de economia criativa, com foco em desenvolvimento sustentável. Outro foco de seu trabalho esta relacionado a estudos de futuro, tendo criado Crie Futuros, movimento internacional para criação de futuros desejáveis” www.criefuturos.com.br e sua Enciclopédia de Futuros Desejáveis Wikifuturos www.wikifuturos.com.br

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Em 1926, Monteiro Lobato previu eleição de Obama

Texto publicado no Caderno Movimento, em 7 de dezembro de 2008
Por Rodrigo Alves

Nas terras de Henry Ford, um homem negro, uma mulher e um branco conservador disputam a presidência do país. A mulher é derrotada antes do pleito final e o vencedor é o representante dos oprimidos. Se a história te faz lembrar Barack Obama, Hilary Clinton e John McCain, saiba que, na verdade, ela é fruto da ficção do aclamado escritor brasileiro Monteiro Lobato (1882-1948). O enredo se passa no longínquo ano de 2228 e está presente no livro “O Homem Negro ou o Choque das Raças”, único romance adulto do escritor, lançado em 1926 e relançado em 2007 pela Editora Globo.

A profética obra atraiu a imprensa estrangeira e está prestes a conquistar o mercado editorial norte-americano 60 anos depois da morte de seu autor.

Escrito originalmente em forma de folhetim e publicado no jornal carioca “A Manhã”, o enredo de “O Presidente Negro” gira em torno de Airton Lobo, que, por acidente, se torna confidente de um cientista. Ao freqüentar a casa, ele entra em contato com o porviroscópio, uma espécie de máquina do tempo, e assiste aos acontecimentos nos Estados Unidos no distante ano de 2228.

Ao ter acesso ao aparelho, Lobo descobre que naquele ano um político negro é eleito como o 88º presidente dos Estados Unidos, disputando as eleições com um branco conservador e uma mulher.

Entre as previsões futurísticas do enredo estão, por exemplo, uma espécie de radiotransmissor de dados para que os humanos cumpram suas tarefas sem precisar sair de casa. Há também o desaparecimento do jornal impresso — uma vez que as notícias são radiadas e aparecem por meio de caracteres luminosos na tela —, supõe-se a internet, o crescimento da China e o descobrimento do petróleo no Brasil.

A publicação voltou às prateleiras no ano passado, com o slogan: “qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência”.

Desde então, a intrigante obra ganhou espaço na mídia estrangeira, principalmente depois que a corrida presidencial nos Estados Unidos tornou-se intensa e as previsões de vitória para Obama aumentaram.

Em setembro, o Washington Post afirmava: “Novela brasileira prevê nos Estados Unidos eleição determinada pela raça”. Logo após a eleição do candidato negro, o assunto voltou à pauta do noticiário. O italiano La Nazione estampou em 3 de novembro a reportagem “Il presidente nero? Uno scrtittore lo aveva previsto nel 1926″ e o jornal britânico The Guardian noticiou: “Ficção científica previa vitória de Obama”, na última segunda-feira, 1º de dezembro.

Para não deixar a oportunidade passar em branco, os detentores dos direitos autorais se mobilizaram para que a obra de Lobato chegue às livrarias norte-americanas.

Sem afirmar a editora, Rodrigo Monteiro Lobato — neto do escritor — garante que a versão está na fase de tradução e que será lançada em breve. Há também o interesse de uma editora italiana e o assunto, segundo ele, está sendo negociado com a Editora Globo.

“A repercussão do livro depois da eleição de Obama está muito intensa, principalmente nos Estados Unidos”, garante Rodrigo Lobato, em entrevista por telefone ao Jornal de Piracicaba. Ele e mais outras três pessoas são titulares dos direitos do autor: Joyce Campos Kornbluh (também neta de Lobato) e seu marido Jorge Kornbluh e a ex-mulher de Rodrigo, Marlene Pacca de Lintz.

A possibilidade em projetar a obra de Lobato é comemorada pelos detentores dos direitos. Ela só é possível depois do fim da negociação que se arrastava desde 1998 com a editora Brasiliense, da qual o escritor foi sócio-fundador e deixou um contrato ‘ad infinitum’, ou seja, concedendo os direitos de editar todos os livros por tempo indeterminado.

Na editora Globo, a obra foi “repaginada”, recebeu novo tratamento gráfico e ilustração. A previsão é relançar até 2009 todos os 56 livros de Lobato, entre infantis e adultos, além de adaptações em quadrinhos. As reedições seguem por contrato até 2018, quando a obra do autor cairá em domínio público.

“Agora, nas mão da Globo, tudo deve se desenvolver muito bem. O importante é que os livros estão recebendo o tratamento que merecem. A Brasiliense sempre achou que como o Lobato vendia, não precisava fazer anúncio ou pensar em novo formato gráfico. É merecido, Lobato foi um lutador”, reforça o neto.

Se “O Presidente Negro” emplacar na terra do Tio Sam, Lobato terá o seu sonho realizado 82 anos depois do primeiro lançamento da obra.

É que ele nutria entusiasmada admiração pelos Estados Unidos e chegou, inclusive, a ser nomeado adido comercial em Nova York pelo presidente Washington Luís, em maio de 1927.

Lobato mudou-se para aquele país, fundou a editora Tupy Publishing Company e enviou exemplares da obra aos editores americanos, mas não obteve sucesso em sua empreitada, pois a crença era de que o enredo de “O Presidente Negro” só agravaria as tensas relações entre os negros e brancos.

“Quando suas obras foram lançadas, o mercado editorial estava começando no Brasil. Os livros, na época, eram vendidos em farmácia. E mesmo assim ele conseguiu lançar-se fora do país. Em 1935, publicou ‘Narizinho: a Menina do Nariz Arrebitado’, em Buenos Aires, pela editora Claridad. Optamos por rescindir o contrato em 1962 ou 1963, também por percebermos que não havia atenção necessária. A mesma obra chegou a ser publicada em italiano, uma graça de edição, com a colaboração e incentivo de José Mindlin”, diz Rodrigo Lobato.

EUGENIA

Se em terras estrangeiras Lobato está sendo tratado como profeta, no Brasil especialistas atribuem ao escritor a construção de um enredo racista.

É que o romance prega as idéias do pensamento eugenista, ciência que pregava o controle social para melhorar as qualidades raciais das futuras gerações (física ou mentalmente) e que acreditava na purificação das raças para solucionar os males da humanidade.

O negro da história de Lobato possui a pele esbranquiçada, já que a ciência desenvolveu uma loção para alterar o pigmento da pele. O que o diferencia do homem branco é apenas o cabelo.

Além desse ponto “polêmico”, o presidente negro não chega a tomar posse por causa da ação dos homens brancos, que promovem um golpe para que eles desaparecessem do planeta ao utilizar uma loção para alisamento do cabelo.

“Desconfiamos que tempo, espaço e enredo são pretextos habilmente planejados por Monteiro Lobato para se posicionar ante a questão racial de sua época, tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos”, cita Petrônio Domingues, no livro “Histórias Não Contadas — Negro, Racismo e Branqueamento em São Paulo no Pós-abolição”.

Apreciador da obra de Lobato, o jornalista e escritor Roberto Pompeu de Toledo aponta que a questão racial presente na obra exalta um dos traços mais característicos da doutrina nazista.

“Se Obama aponta para a afirmação dos negros, o romance de Lobato vai no sentido contrário. Em vez de celebrar a igualdade, ou, como quer o candidato à Casa Branca, a superação da questão racial, o que comemora são as teses raciais que, com a ascensão dos nazistas ao poder, sete anos depois de publicado o romance, triunfariam na Alemanha”, cita Toledo, em artigo publicado em outubro, na revista Piauí, sob o título “Visionário espiroqueta”.

No entanto, não é possível afirmar com convicção se Lobato carregava o pensamento racista ou se apenas reproduzia em seus textos o pensamento predominante da sociedade da época.

A eugenia estava em plena ascensão em 1926 e possuía em nosso país até uma entidade representativa, a Sociedade Eugênica de São Paulo.

Para Rodrigo Lobato, que reconhece o pensamento eugenista do avô, o que interessa são as previsões presentes na obra. “O Lobato era neto do Visconde de Tremembé, fazendeiro que possuía escravos em sua propriedade. Portanto, Lobato conviveu com os escravos. Sei que eles tiveram várias empregadas descendentes de escravos. A questão da eugenia, naquela época, já causava polêmica e vai causar sempre. O que interessa neste momento é o caráter profético da obra.”

Na contramão daqueles que classificam a obra como racista está a professora de inglês Telma Mc Leod, que possui um exemplar de “O Presidente Negro” datado de 1945, herdado do pai, Leonidas Casal.

O livro possui 198 páginas e foi lançado pela editora Clube do Livro e como consta nas primeiras páginas foi “graciosamente” cedido pelo escritor à editora. “A obra não possui chavões e tira-nos do lugar comum. Não há pieguice no desfecho e mostra que a ação humana pode acarretar conseqüências inimagináveis. É preciso lê-la sem idéias preconcebidas”, destaca Telma, que teve contato com a história aos 18 anos e faz recomendações positivas. “Lobato é atualíssimo e profético, fala sobre o feminismo e até previu a internet. Há 70 anos já falava em preservação da natureza. Ele aponta que pode haver um mundo melhor.”

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O 3D não é para todos!

As três dimensões é a tecnologia do momento, mas você conhece quais seus malefícios à saúde?
Por Rodrigo Tadeu*
Atualizado: 13/7/2010 18:42

A recente apresentação do Nintendo 3DS, na Electronic Entertainment Expo 2010, e a voracidade comercial do mundo do cinema colocou recentemente o fenômeno 3D na boca de todos.

A Sony já tem o seu firmware no mercado e a Microsoft aguarda pacientemente para tirar uma casquinha deste bolo. Mas será que não estamos nos precipitando demais com esta tecnologia?

Há pouco mais de um ano um filme em 3D era anunciado como a mais espetacular experiência, hoje em dia qualquer anúncio de uma futura produção é inevitavelmente acompanhado do slogan “em 3D”. E como era de se prever, os videogames começaram a se mover para aproveitar esta tendência, e, em breve, sem dúvida, tudo vai caminhar para o 3D. Televisões prontas – e com preços astronômicos – já são encontradas no mercado, além dos óculos que também não deixam de ser caros.

E não sei se sou o único, mas acredito que a coisa está indo rápida demais e que as empresas estão se aproveitando demais da novidade. Vamos deixar de lado o mundo do cinema (afinal, quantos filmes realmente valem a pena em 3D?) e nos concentrarmos no que interessa: os videogames.

Não vou negar que jogar um ou outro título em 3D é mais espetacular do que no modo “tradicional”, mas pelo andar da carruagem as empresas querem que toda esta tecnologia se encaixe no futuro, ao invés de se concentrar em fazê-la destinada a títulos específicos que realmente trazem para fora o máximo desta possibilidade.

Algo que precisa ser melhorado – e muito – são os modelos dos óculos, que atualmente não são nem um pouco ergonômicos. Muitas já usam óculos durante todo o dia, por isso, ter que usar outros óculos no momento que deveríamos sentar e relaxar não é exatamente muito agradável, principalmente com aquelas armações gigante e suas lentes hipervitaminadas. Fora que colocar os óculos 3D em cima dos óculos de grau é completamente inviável.

É uma sensação desconfortável, que pode não ser nada nos primeiros 10 minutos, mas que depois de algumas horas, passa a ser insuportável. E esse não é único problema, o 3D tem outros pontos negativos.

Abaixo leia os pontos negativos apontados pela Revista Info Exame (Ed. Abril).

- Nem todo mundo consegue enxergar o 3D. De acordo com Célia Nakanami, chefe de oftalmologia pediátrica da Universidade Federal de São Paulo, só vê em 3D quem tem os olhos alinhados. Quem tem estrabismo ou ambliopia (redução significativa ou perda da visão em um dos olhos) não consegue ver o efeito nos óculos ativos e passivos. Quem tem daltonismo pode não conseguir ver o efeito nos óculos anaglíficos.

- Não dá para ver 3D deitado. O recomendado é que você esteja sentado, num ângulo de 90 graus em relação à tela e a uma distância de pelo menos três vezes a altura dela. A imagem perde o efeito à medida que você se afasta do ângulo correto.

- Faz mal ver 3D por muito tempo. Algumas pessoas se sentem incomodadas e podem passar mal. Isso ocorre porque os olhos focam e desfocam rapidamente os objetos.

Alguns me dizem que o segredo do sucesso tem a Nintendo com seu futuro portátil, mas não é a mesma coisa, o Nintendo 3DS se trata de um efeito 3D “para dentro” e não é o que nós e a indústria estamos acostumados a ver.

Posso garantir que vamos ter que usar muitos e muitos modelos de óculos 3D, até que alguém, com uma tecnologia barata e acessível, faça o mesmo efeito em telas grandes. E o preço que teremos que pagar até que a corrida para levar novas tecnologias ao mercado será “engolir” os primeiros lançamentos que já estão nas lojas, o que inevitavelmente significa comprar TVs apropriadas e seus acessórios relacionados.

Não sei vocês, mas estou bastante em dúvida com este assunto, recentemente já temos que nos acostumar com a odisséia que se aproxima com o Kinect e os controles por movimento, e agora também teremos que jogar com óculos 3D durante todo o tempo. Não me oponho à evolução natural das coisas, mas eu sinceramente acredito que a indústria está acelerada demais. Quando é que teremos roupas inteiras com sensores de movimento? Assim teríamos o pacote completo …

* Quem sou eu:

Rodrigo Tadeu é jornalista e publicitário, Diretor Executivo da InsideComm Assessoria e Comunicação. Editor do site Inside Games, escreve também para sites, revistas, jornais e TV. A primeira experiência com games foi com um Atari e depois disso nunca mais parou. Sua época preferida foi a década de 1990 com os "adventures" para PC.

LINK

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Governo lança padrão brasileiro de redação para a web

por: Luana Schabib

O Ministério do Planejamento (Governo Eletrônico) lançou a Cartilha de Redação Web, com o padrão brasileiro de redação para web. O material foi elaborado pelo jornalista Bruno Rodrigues, que trabalhou por um ano e meio no projeto. A cartilha está disponível aos internautas e pode ser baixada gratuitamente (clique aqui).

O livro aborda várias questões de texto na internet, como uso de títulos, links, redes sociais, recursos multimídia, usabilidade, entre outros.

Rodrigues explica que a cartilha não determina regras, mas faz sugestões. “Não é um padrão, mas é um norte para orientar quem não entende de redação online”, afirma.

O material foi avaliado pelo Governo Eletrônico, passou por uma consulta pública de 30 dias e recebeu sugestões da sociedade. “Não foi algo que o governo definiu e pronto. Eles colocaram no site e ficou aberto para sugestões. Recebemos muitas ideias de órgãos públicos e de cidadãos comuns”.

A cartilha deve ser adotada pelas instituições públicas brasileiras. O jornalista irá apresentar o material a 260 órgãos do governo em uma reunião em Brasília.

Economia Criativa. Criar Futuros Desejáveis.

Malinovisky - 2002
Por: Lala Dehenzelin *

Escrevo este artigo como uma ficção embasada por minha experiência em consultoria para governos e empresas, os conceitos que dela derivam e as visões de futuro que resultaram dos workshops que realizamos. Parto de dois temas com os quais atuo e que são fundamentais (1) economia criativa: a grande estratégia de desenvolvimento sustentável do século XXI (2) criar futuros desejáveis: um processo essencial para gerar motivação, inovação e oportunidades.

Olhando imagens e visões do “passado do futuro” fica claro que aquilo que vivemos hoje foi antes sonhado: telecomunicações, computação, carros, cidades, medicina diagnóstica, formas de lazer. Através dos meios de comunicação isso mobilizou nosso desejo e inseminou o presente. Agora, é a nossa vez de sonhar e criar novos modelos de vida e negócios que possam ser sementes de futuro e sirvam para orientar nossas escolhas do presente.

ESTAMOS EM 2020. Já está acontecendo a mudança de época que marca a passagem de milênios onde a vida se organizava em torno do material, tangível e finito (terra, ouro, petróleo) para essa outra época onde o intangível é o elemento central. Isso porque na última década governos e empresas tiveram necessariamente que trabalhar a partir da centralidade dos recursos que são infinitos, se renovam e multiplicam como o uso: cultura, criatividade e conhecimento. Ficou claro que não haveria possibilidade de desenvolvimento, sustentabilidade e qualidade de vida se os modelos econômicos e sociais seguissem baseados na exploração dos recursos materiais, que são finitos. Vimos a desmaterialização da economia e foi preciso aprender a fazer dos recursos intangíveis a “matéria prima” e a essência de uma nova economia da abundância, potencializada pelos infinitos oferecidos pelas novas tecnologias e a organização em redes e coletivos. Foi preciso criar novos modelos que não apenas tivessem resultados econômicos, como também resultados nas dimensões social, ambiental e cultural/simbólica (o quadripé da sustentabilidade). Foi aí que a Economia Criativa se consolidou como a grande estratégia de desenvolvimento sustentável para o Século XXI.

Uma notícia que acelerou essa mudança foi o fato da China, após a crise financeira de 2008, ter adotado a Economia Criativa como estratégia número 1 de desenvolvimento para o país (Isso é real! Não é ficção…) Muitos países, como o Brasil, desconheciam esse fato e governo e empresas seguiam adotando políticas e prioridades obsoletas.

Nos últimos anos as empresas perceberam que produtos e serviços se assemelham, e preço e qualidade são premissas, não diferenciais. Aquilo que pode ser garantia de longevidade, atratividade e fidelização é intangível: marca, design, inovação, atributos culturais, responsabilidade social e ambiental, liderança. Produtos e serviços se distinguem pelo tipo de experiência que provocam (hoje, o motor da economia é menos o produto ou serviço e mais a experiência vivida, por isso turismo e entretenimento crescem tanto). Valores não são mais medidos apenas quantitativamente mas qualitativamente. Mede-se não apenas resultado (visão de curto prazo) mas principalmente impacto (visão de médio prazo). A reputação é a grande medida para o valor de uma empresa e instituição, é o que garante a sua capacidade de seguir atraindo colaboradores para suas equipes e consumidores que desejem seus produtos e serviços.

Vamos agora analisar alguns dos elementos que tornaram possível essa mudança, que segundo os analistas atuais colocou o mundo numa agenda que pode representar a solução para muitos dos maiores problemas do planeta e humanidade.

Era da Informação ou Era da Criatividade?

Nesta década ficou claro que a questão central não é tanto a informação disponível como a cultura e criatividade que nos dão a capacidade de usá-la. Um paralelo: ter os ingredientes não significa ter o bolo. Falta a receita, o processo, o saber que/como usar. Isso orientou a reformulação das empresas nesta década.

De produtos a processos

Nossos sonhos do passado mostravam um futuro onde a tecnologia, os produtos inventados, eram a solução para tudo. Hoje sabemos que a tecnologia é meio, não fim, e isso reforçou ainda mais a necessidade de processos: mudar o jeito de pensar e fazer. Resultado: passamos de “consumidores” a “desfrutadores”, a chave agora está na experiência, em desfrutar algo e não consumir este algo.

Ecologia Sócio cultural

Consideramos não apenas a ecologia ambiental (tangível) do século XX como a ecologia sócio cultural (intangível), essa nova disciplina que integra de forma sistêmica as muitas disciplinas ligadas ao humano. Os ecólogos sócio culturais são novos profissionais que tem papel central na tomada de decisão, nas esferas pública e privada, e unem comunicação, cultura, direito, economia.

Modems e conectores:

No século XX as telecomunicações e computação puderam evoluir graças ao “modem” e sua capacidade de integrar e colocar em contato linguagens e sistemas diferentes. Neste século XXI, a mudança de época para a centralidade do intangível e da economia criativa só foi possível graças a profissionais e instituições que atuaram como “modem”, como conectores. Formamos novos profissionais, empresas e instrumentos que são “modems” promovendo a necessária integração entre áreas de governo, setores de negócios, disciplinas.

Capital social, confiança, auto estima.

Com medo e sem auto estima não há auto confiança, portanto não há confiança interpessoal o que resulta na falta de capital social. E a chave de desenvolvimento está no capital social – o único que nos falta. A comunicação em 2020 é da boa notícia, da diversidade cultural, da valorização do santo de casa para que ele faça milagres, de tudo o que fortalece cooperação e a auto estima.

Tempo: único recurso não renovável

Os futuros desejáveis postados na nossa wikifuturos revelam que para muitos o tempo é o recurso mais precioso. E o único que de fato não se renova… As novas tecnologias permitiram que conquistássemos o espaço e a quantidade: estamos em muitos lugares simultaneamente. Mas com isso perdemos o tempo e a qualidade… Empresas em 2020 não apenas nos ajudam a otimizar o tempo como nos ajudam a resgatar e ampliar o desfrute, a intensidade, o sentido que estavam se perdendo na primeira década deste século.

Conseqüências e escolhas

Entre 2010 e 2020 o excesso de informação e demanda, a escassez de tempo e a urgência na mudança rumo à sustentabilidade fizeram com que saber escolher e ter percepção das conseqüências de cada ato fossem prioridade. A Comunicação tornou-se a ferramenta para facilitar escolhas e explicitar conseqüências.

Conclusão:

Nossa capacidade de criar e comunicar (associada a linguagem, símbolos, escrita, imprensa, tecnologia digital) permitiu imensos saltos evolutivos em nossa história. O futuro ainda não é. Pode ser de muitas maneiras. Sabendo para onde queremos ir, temos o poder de semear as idéias, visões e processos que podem construir o mundo melhor que não apenas é desejável, como possível.

* Lala Dehenzelin é especialista internacional em economia criativa, sustentabilidade e futuros trabalho realizado através de consultoria, palestras e oficinas para empresas, governos e instituições multilaterais. Saiba mais em www.laladeheinzelin.com; www.criefuturos.com; www.wikifuturos.com

O que é o Twitter?

Ricardo Freire
O problema de explicar o Twitter é que o release inicial foi malfeito. Como assim, o Twitter é um "serviço de microblog"? Quem escreveu isso certamente nunca teve blog. As duas coisas podem até ter alguma ligação, mas são tão diferentes quanto o caju e a castanha.
É muito difícil resumir o Twitter numa definição que caiba em 140 caracteres. Basicamente porque o Twitter pode ser, sei lá, mil coisas. O máximo que alguém pode fazer é definir o que seja o Twitter na sua experiência particular. Ou então, num ataque de pretensão, dizer qual seria, no seu entender, o melhor uso do Twitter.
Pois bem. Eu vou dizer qual é, no meu entender, o melhor uso do Twitter.
Para mim o Twitter é o brinquedinho que promove qualquer um à função mais importante da sociedade da informação: a função de editor.
Nunca você teve tanto poder de editar a informação que consome. No Twitter, quem decide o grau de utilidade e de futilidade do que quer saber é você mesmo. Milhares de produtores e distribuidores de informação estão ao seu alcance ― inclusive, por que não, os jornais, revistas, sites e blogs de sua preferência.
Quando você decide "seguir" alguém (ou "algum perfil", no jargão da coisa), na verdade você está fazendo uma assinatura do conteúdo que essa pessoa ("esse perfil") produz ou distribui. Uma assinatura que pode ser interrompida a qualquer instante, se você parar de achar suficientemente útil ou fútil o que lê.
Do arroto do bebê recém-nascido da sua amiga à morte do Michael Jackson, tudo sai primeiro no Twitter. E só as notícias realmente relevantes ― seja a queda do avião no oceano, seja a surra de Melissa Cadore em Yvonne ― continuam repercutindo por mais do que algumas horas.
(No Twitter tem de tudo, menos notícia velha.)
Se a essa altura do segundo tempo você ainda não aderiu ao Twitter, é porque deve ter entrado por cinco minutos e não entendido nada. É normal. Mas aceita um conselho? Tente de novo.
Para começar, não precisa escrever nada. Siga (assine) seus amigos e suas fontes preferidas de informação e diversão. Veja quem eles estão seguindo (assinando) e aumente seu cardápio. Preste atenção em quem eles retuítam ― a retuitagem é a mais importante forma de edição no Twitter.
Rapidinho você vai entender para que esse troço serve. Aos poucos, você vai disparar menos e-mails. Vai aposentar os Powerpoints. Vai tornar seu blog mais relevante. E, quando se der conta, terá se transformado num editor.
Nota:
Texto originalmente publicado no "Guia do Estadão", do jornal O Estado de São Paulo, em 14 de agosto de 2009.

Twitter versus Facebook

Ricardo Freire
Um dia qualquer, lá no início do remoto ano de 2004, o Rui, um colega nerd-chique que era meu vizinho de mesa, me apresentou a um site revolucionário que tinham acabado de lançar. Você se inscrevia e podia encontrar pessoas importantes de qualquer área, que respondiam às suas dúvidas e ajudavam nas suas pesquisas como se fossem velhos amigos. O site tinha um nome esquisitíssimo: Orkut.
Sim. Entrei no Orkut nos primórdios daquilo que veio a ser conhecido como "mídias sociais". Meu perfil orkutiano está preenchido em inglês não por pedantismo, mas porque essa era a única língua disponível. Não, nem tente me achar: deve haver mais ou menos uns 4.981 Ricardos Freires no Orkut.
Nunca entendi direito para que aquilo servia, fora me ver obrigado a dar feliz aniversário para todo mundo e ser constantemente ameaçado com convites para reuniões da turma da escola. No fim daquele ano iniciei meu blog, para onde acabei desviando toda a minha vida social on-line.
Assisti de fora a invasão brasileira ao Orkut, sua massificação e declínio. No ano passado, no entanto, resolvi dar uma chance a seu sucedâneo, o Facebook. E, num surto de socialização virtual, acabei entrando na mesma hora no Twitter.
O Twitter e eu nos entendemos desde o instante zero. Descobri nele um substituto perfeito para o telefone, o e-mail e as homepages dos grandes portais. Encontrei gente bacana, fui descoberto por outros tantos, ganhei um lugar para falar bobagens descartáveis e ensaiar textos maiores.
Enquanto isso, no Facebook... me sinto enganando os 863 amigos que gentilmente me procuraram para celebrar nossa amizade on-line. São pessoas não apenas queridas, como entusiasmadas, que me mandam convites, presentes, solicitações para eventos tanto físicos quanto virtuais.
Precisei ver o número de demandas empilhadas na minha página inicial do Facebook para descobrir por que gosto tanto do Twitter. O Facebook é mais um escaninho para armazenar tarefas que não poderei cumprir. Já no Twitter tudo é instantâneo. O que passou, passou.
Não adianta: ou bem você feicebuca, ou bem você tuíta. (Ops: preciso tuitar isso.)
Nota:
Texto originalmente publicado n'O Estado de São Paulo em 30 de abril de 2010.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Amor romântico: eu quero um pra viver!

Acabo de receber de uma amiga - por quem nutro uma amizade romântica e carinhosa - um texto apregoando a falência do amor romântico. Esta é uma corrente meio “modernosa” e cada vez mais frequente de psicanalistas e filósofos que defendem essa história de “morte do amor romântico”. No Brasil há expoentes ilustres, como o Gikovate, o José Ângelo Gaiarsa, a Márcia Tiburi, O que acho interessante é que todos os chamados defensores de um outro tipo de amor, “não romantico”, quase sempre, são pessoas mal-humoradas, feias, declaradamente arredias e de aspecto bastante irritadiço. Apesar de ricas, famosas e bem-sucedidas, não parecem ser pessoas muito felizes, alegres. Têm sempre uma alfinetada contra a realidade do mundo e contra as relações, de um modo geral, distribuindo receitas de relacionamentos saudáveis. Perdoem-me a expressão, mas não me parecem que são seres lá muito felizes na cama, no lar ou no dia-a-dia. Nunca vi o Gikovate dar uma boa risada. Nunca vi o Gaiarsa gargalhar. Nunca vi a Márcia Tiburi expressando um jeito amorosamente pleno de lidar com as pessoas.
Acho, sim, que as pessoas devem buscar o “ser” em essência, antes de ancorar-se em outro. Mas creio que o amor deve, sim, ser romântico. Pessoas que se amam devem, sim, estar atentas e cuidadosas com o outro. Buscar estabelecer pontes, elos e não paredes e couraças, como em alguns momentos essa corrente do amor racionalizado e não-romântico costuma pregar. Estamos cada vez mais contaminados pela individualidade, pelo “eu sozinho”. E, se me apontarem algum “eu sozinho”, mas totalmente sozinho, e feliz, nessa multidão de seis bilhões e oitocentas milhões de almas na Terra, eu gostaria muito de conversar com ela, para saber como conseguiu.
O desafio é, sim, o convívio. O convívio respeitoso e não-invasivo. Mas há momentos em que EU, esse ser pretensamente pleno, tenho que ter a humildade de reconhecer-me, sim, como um ser em alguns momentos incompleto, que carece de um outro, sim. Nem que seja para me dar um beliscão e me acordar pra realidade e me mostrar que o mundo não é meu próprio umbigo. Meu parceiro ou minha parceira precisa ser corajoso, pra me apontar os desafios que preciso enfrentar e, se for forte o suficiente para me oferecer auxílio, nada melhor e mais humano. E talvez nada mais divino, em nossa essência.
O que é um “amor não-romântico”? Se alguém conseguir me explicar, sem cair num racionalismo esquisito, eu quero ouvir com atenção. Mas ainda acho que é preciso muita cautela, para não sermos incentivados, por gente que não conseguiu de fato descobrir o que é o amor, a cairmos numa individualidade, sofrida e causadora de sofrimentos.
Detalhe: em nenhum momento, em minha linha de pensamento, pensei em amor carnal ou sexual, nessa mensagem, que fique claro. Falo do amor de companheirismo e parceria que, pra mim, não pode excluir um certo romantismo - nem mesmo entre irmãos, pais e amigos. Nada mais romântico e belo que lembrar-me de um amigo com um gesto enamorado, sim, de uma mensagem cheia de carinho ou uma flor sem data marcada. E isso é, sim romantismo. Agradeço a quem praticar comigo. E acho estranho quem achar estranho.

domingo, 4 de julho de 2010

A casa do Retiro, Não!

por Jorge Portugal*
Existe no coração de Salvador, na Rua Waldemar Falcão, em Brotas, ao lado do Candeal, um oásis de calma e sossego, um monumento aberto ao silêncio e à paz, uma fonte concreta daquilo que chamamos “qualidade de vida”. Inúmeras pessoas que para lá se dirigem, a fim de passar algumas horas, uma tarde, ou mesmo dias, sabem que aquele santuário vivo é um dos grandes bens espirituais e humanos que ainda restam de uma cidade estressada, corrompida, deformada, apartada, aviltada pela velocidade e o lucro.
Essa cidade já se esqueceu de que foi criada para as pessoas e não ao contrário. Continua, assim, ameaçando a vida com seus automóveis, sua poluição, seu abismo social e, sobretudo, com a ganância insaciável dos que se julgam seus donos.
Pois são esses “pretensos donos da cidade” que agora afiam suas garras e dirigem seu instinto predador para a Casa de Retiro de São Francisco. Como uma fera voraz capaz de rasgar as entranhas e comer os próprios filhos, essa gente insana trama a destruição de um dos refúgios que resistem em uma metrópole terminal.
A Casa do Retiro é o resultado de uma “articulação do bem” que contou com doações de famílias baianas de boa vontade e do empreendedorismo humanista de Dr. Norberto Odebrecht, que a construiu. Seus magníficos jardins, a capela de Lourdes a céu aberto sob a copa de uma frondosa mangueira, seus corredores e pátios de convidativo silêncio, o abraço materno e aconchegante das freiras que lá vivem falam-nos de um mundo de reflexão e de profunda entrega do que temos de melhor em nós mesmos.
Vale a pena conhecê-la leitor(a) querido(a). Conhecê-la e defendê-la, como sempre fazemos quando identificamos uma boa causa por que lutar. Vamos dar um basta à especulação inconseqüente e aos falsos “bons negócios” que só geram lucros para os poucos de sempre.
Pela vida, pela paz, pela solidariedade e pelo sonho de uma cidade mais humana, vamos dizer em alto e bom som: A Casa do Retiro, não!
* Educador e poeta

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A moda e a Copa do Mundo by Alexandre Herchcovitch

Esse comentário do Alexandre no twitter um pouco antes do fim do jogo resume tudo. Não adianta você estar na moda e vestir uma grife, tem que ter atitude. Xau Dunga. Comunidade Moda torcendo para o Felipão voltar para a seleção.