domingo, 28 de fevereiro de 2010

Cultura e assistência social

Leonardo Brant
Embalado pela excelente discussão da semana passada, com ricas contribuições sobre a convergência entre cultura e educação, venho provocá-los com um assunto ainda mais sensível: a confusão entre política de cultura e assistência social, ainda predominante no modo em que as discussões sobre cultura são pautadas em nossa sociedade, a exemplo do que convencionamos “contrapartida social”.

Quero marcar, como sempre faço em temas sensíveis, algumas posições a respeito da situação atual do país. Depois de muito tempo a sociedade brasileira assumiu a questão da assistência social como prioridade. Tanto no âmbito federal quanto em muitos estados, passamos a encarar a nossa condição contraditória de ser um dos países mais ricos do mundo e, ao mesmo tempo, um dos mais mesquinhos, em termos de distribuição de renda e combate à pobreza.

A bolsa família consegue traduzir bem essa nova atitude em relação à parcela mais pobre da população. Por outro lado, não conseguimos avançar, dar um segundo passo em relação às populações que vivem à margem dos benefícios de um país rico, líder mundial e uma das grandes promessas de futuro para o planeta.

É aí que entram as políticas de cultura, que têm se mostrado extremamente eficazes no impulso ao empreendedorismo, ao desenvolvimento comunitário e à economia solidária. Mas não podemos deixar de observar as distorções e os efeitos nocivos quando utilizadas de maneira oportunista, em substituição ou reforço da assistência social.

No caso do atual governo, podemos citar alguns exemplos disso. Os editais da Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural e, mais recentemente, algumas atividades do programa Mais Cultura, talvez traduzam bem a questão que desejo discutir.

Não quero com esses apontamentos negar importância de políticas efetivas para os mestres da cultura popular ou das comunidades indígenas, por exemplo. Pelo contrário, a pauta é oportuna e necessária. Apenas considero a maneira de intervenção encontrada pelo governo, apesar de válida, inadequada.

Deveríamos pensar no fortalecimento contínuo ao mapeamento, reconhecimento e difusão do legado dos nossos mestres, mas preferimos lavar as mãos com prêmios e ações pontuais, sem qualquer efeito público. Apenas um paliativo ao sofrimento individual de cada um. As ações constituem mais em um ato simbólico do que em uma ação afirmativa, positiva e efetiva.

Precisamos avançar, para além desse novo balcão assistencialista criado no Brasil, em contraposição ao balcão do mercado cultural altamente concentrado nos grandes centros do país, sobretudo no sudeste maravilha. Até mesmo os pontos de cultura, a mais revolucionária ideia do atual governo, abandonou a lógica da emancipação, autonomia, empoderamento local, articulação em rede, para sucumbir à lógica do balcão Mais Cultura, para não dizer a lógica da eleição que se aproxima.

A pergunta que vale colocar não só para a Dilma, mas para todos os outros candidatos, e até mesmo para nós que vivenciamos o processo de mutação e elevação das políticas culturais a um patamar estratégico: o que queremos dessas políticas? Para onde vamos com elas?

Parece-me que a vocação de uma política cultural contemporânea, para um país como o Brasil, é a de reduzir os déficits educacionais e impulsionar as oportunidades econômicas para uma gama agentes recém-ingressos às classes consumidoras. Transformar consumidores em cidadãos, capazes de decidir sobre o futuro político do país.

Minha análise não aponta para um retrocesso nas políticas de cultura. Muito pelo contrário. Fomos capazes de revelar o que estava nas entranhas do Brasil profundo e revelá-los ao Brasil. Mas precisamos avançar nas ferramentas de valorização e impulso a essa grande demanda reprimida, atuante muito antes de ser apropriada pelo governo provedor e paternalista.

Embora seja perceptível o avanço e reconhecimento das ações culturais atrelada ao desenvolvimento, ainda não conseguimos gerar novas formas de enfrentar a inclusão econômica por meio da cultura, a relação entre cultura e educação e o profundo impacto das ações culturais sobre o processo emancipatório das comunidades. Isso é responsabilidade de toda a sociedade e não somente do governo.

O momento de campanha eleitoral é propício para propor e buscar soluções para o avanço nas políticas sociais. E o papel da cultura é fundamental para, enfim, transpormos o assistencialismo e construirmos políticas efetivas de participação e cidadania cultural.

Sobre "Leonardo Brant " http://www.brant.com.br

Pesquisador de políticas culturais. Autor do livro "O Poder da Cultura" e diretor do webdocumentário Ctrl-V::VideoControl.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Cultura e Economia Criativa

FOTO: ADENOR GONDIM - Salvador/BA - dez/1988
Cultura Digital - Mauricio Pestana - Jacqueline Freitas
Cultura – um bem essencial para o desenvolvimento, físico e espiritual humano. Neste contexto e em um mundo sem fronteiras como o da atualidade, a cultura tem impacto significativo na vida dos cidadãos em qualquer parte, é um bem estratégico para a sobrevivência em vários países. Prova disso são os relatórios do Banco Mundial indicando que 7% do PIB do planeta provêm da cultura, que ao longo tempo tem sofrido mutação, antes de elemento de dominação social e política para o de dominação de forte presença econômica.
Vemos hoje países, regiões e povos que historicamente têm sido aviltados pelo poder econômico encontrando-se desprotegidos não só na absorção de sua cultura, mas também na exclusão nos resultados econômicos provenientes deste bem. Um grande exemplo vem da América Latina e da África, que, apesar da diversidade e riqueza cultural que possuem, não somam 4% da movimentação do mercado global da cultura, em que apenas cinco países controlam 60% de toda a produção, principalmente cultura tecnológica, a que mais influencia e traz dividendos de dominação política e econômica.
Isto fica nítido quando analisamos as empresas culturais relacionadas ao cinema: as indústriais do entretenimento de Hollywood, nos Estados Unidos, possuem 80% das salas de cinema de todo o planeta, ou seja apenas um setor econômico de um país tem domínio sobre praticamente tudo o que o mundo vê nas salas de cinema, gerando uma concentração violenta em um só setor.
No Brasil, segundo os últimos dados do IBGE, a indústria cultural conta com mais de 269 mil empresas e emprega 1,4 milhão de pessoas (sem contar a economia informal). São perceptíveis as péssimas condições econômicas em que vive grande parte dos trabalhadores nesta área, como artistas, técnicos e produtores.
Perceptível também é a falta de qualquer estratégia que impulsione este setor para a auto-sustentação. Quase todas as políticas relacionadas ao incentivo e à difusão dos produtos culturais no Brasil se fazem através de projetos de curto e médio prazo, não existe política consistente visando a auto-sustentação, estabilização e exportação no setor em nosso país.
Aqui, onde a cultura negra é patente, estando presente em todos os aspectos da vida social, como música, culinária, religião, artes visuais, moda e dança, sendo praticamente impossível pensar o país sem reportar essa presença, a história se repete quando se fala na divisão dos lucros provenientes desse produto: a exemplo de outros setores da economia brasileira, o negro encontra-se de fora.
Reverter este quadro desfavorável em que a cultura se encontra é de vital urgência para a nossa sobrevivência econômica e social; apesar dos anos de escravidão e dos poucos anos de pseudoliberdade, temos sido os responsáveis pela difusão da cultura brasileira dentro e fora do país. Antes mesmo de se inventar o termo Economia Criativa, nossas avós já sobreviviam com criatividade econômica em que a matéria prima era a cultura, preservada desde África e comercializada mesmo que de modo informal no seio da sociedade. Falo da baiana do acarajé que com seu tabuleiro e sua culinária milenar africana sustentou e ainda sustenta gerações. Falo também do capoeirista que com sua arte e inteligência criou grupos de alunos e hoje projeta o Brasil em mais de 150 países, e do futebol com sua ginga, sua malemolência de jogadores como Pelé, Ronaldinho ou Cafu, projetando o Brasil no mundo por décadas, tempo esse em que nenhuma ação patrocinada pelo Estado conseguiria tamanho efeito positivo.
O que diríamos, então, da música dos nossos cancioneiros populares, ou até mesmo da Bossa Nova, gênero musical respeitado hoje no mundo inteiro, cuja matriz mais uma vez remete ao samba, à cultura negra pujante que ainda sobrevive nos morros e nas periferias deste país, dando sobrevivência a muitos grupos musicais dessa tal economia criativa? O que dizer do carnaval, nossa maior festa popular exportada para quase todo o mundo, cuja mola propulsora mais uma vez é o samba, ritmo trazido pelos nossos antepassados da África?
Falar em economia criativa, para nós, é simplesmente endossar tudo o que temos feito desde que o primeiro africano aqui pôs os pés e viu-se obrigado a usar de toda a sua inteligência, seja na culinária, na religiosidade, na música, na dança e no imaginário, para conseguir sobreviver até os dias de hoje.
O que já passou da hora é do Estado e da sociedade brasileira adotarem políticas de valorização, de incentivo à comercialização, à difusão e à estruturalização da cultura brasileira a médio e longo prazo, sobretudo a cultura afro-brasileira.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

RETROSPECTIVA DA OBRA DE RICO LINS CHEGA AO RECIFE

RETROSPECTIVA DA OBRA DE RICO LINS CHEGA AO RECIFE

Depois de passar pelo Rio de Janeiro e São Paulo, a exposição “Rico Lins: Uma Gráfica de Fronteira” vai ocupar espaços no Centro Cultural Correios – CCC Recife a partir da próxima quinta-feira, 25 de fevereiro. Muito além de um portifólio do designer gráfico, ilustrador e educador Rico Lins, trata-se de uma instalação que reflete sobre uma área de atrito e contato entre o design e as artes plásticas.
Para Rico, é importante pensar sobre o processo de composição das peças gráficas, revisitar maneiras fundamentais de fazer design, experimentar técnicas de ilustração e impressão, mas sobretudo refletir sobre o tempo de vida das coisas e a temporalidade do seu próprio trabalho. Rico Lins conta que quando começou a trabalhar, design não existia e reflete: “Cada vez mais, é uma necessidade a criatividade. Quanto mais repertório você tiver, mais bem posicionado você está em tudo. Repertório gera identidade”.
A exposição não é linear, e apresenta um imenso banner-instalação como peça central, se transformando de acordo com o ambiente onde será exibida. O que será visto no CCC Recife difere do que passou pelas salas na Caixa Cultural e pelo Instituto Tomie Ohtake, dispensando projetos e trazendo novos, promovendo novos diálogos entre os diversos tempos, suportes e técnicas utilizados pelo autor e entre a obra e o público.
A exposição fica em cartaz até o dia 28 de março, encerrando-se com uma oficina para adolescentes entre 14 e 16 anos e mesa-redonda com a participação local dos artistas/designers Peixe, Mabuse e Paulo Bruscky)
Sobre Rico Lins
A carreira internacional de Rico Lins apresenta uma diversidade de setores de atuação para o design gráfico e, ao mesmo tempo, riqueza de ambientes de experimentação e reflexão sobre técnicas e tecnologias, combinando atividades profissionais, didáticas e curatoriais. Ao longo dos últimos 30 anos, Rico trabalhou em projetos para CBS Records, TimeWarner, NYTimes, Newsweek, MTV, Le Monde, Centre Pompidou, TV Globo, Ed Abril, Zoomp, Natura, SESC.
Coordenou o Master em Graphic Design no Istituto Europeo de Design em São Paulo, é membro do Comitê de Notáveis da Escola Panamericana e promove palestras e oficinas no Brasil e no exterior, como no Festival de Chaumont, RevelaDesign, SENAC, SENAI, FAAP, etc. Com exposições no Centre Pompidou, MAC-SP e MAM-Rio organizou, como curador, as mostra itinerante Brasil em Cartaz sobre o cartaz brasileiro, e a exposições Connexions>Conexões e Les Affiches de Chaumont no ano França-Brasil, em torno do design de autor. Participa ativamente em juris e exposições no Brasil e no exterior, e foi publicado internacionalmente nas principais revistas e livros especializados, recebendo entre outros prêmios as medalhas de ouro do NY Art Directors Club e da Society of Publication Designers, do Type Directors Club, o Prêmio Abril e o Design by Designers 2001. Formado pela ESDI-Rio, diplomado na Université de Paris VIII e Master pelo Royal College of Art, Londres. Membro da AGI - Alliance Graphique Internationalle.
SERVIÇO
O que: Exposição “Rico Lins: Uma Gráfica de Fronteira”
Onde: Centro Cultural Correios Recife
Av. Marquês de Olinda, 262 – Bairro do Recife – Recife – PE
Fones: 3224.5739 / 3224.1935
Quando: de 25 de fevereiro a 28 de março
Terça a sexta das 9h às 18h
Sábado e domingo 12h às 18h
Contato: Julieta Sobral - coordenação de produção - (21) 91694575

Pré-Conferência Nacional de Cultura Afro-Brasileira

Programação e todos os detalhes AQUI

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Copa 2010 em Cartaz

Veja os cartazes oficiais da Copa do Mundo 2010 na África:
A tiragem é de 2010 exemplares.
O pacote todo, feito por 16 artistas, sai pela bagatela de 2.490,00 euros.

Cultura e educação

Leonardo Brant
CULTURAeMERCADO
Um dos assuntos mais controversos (e menos discutidos) das políticas culturais é a relação intrínseca da cultura com a educação. Vivemos uma espécie de trauma pós-separatório, influenciado por um tratamento periférico nos tempos que o MEC (Ministério da Educação e Cultura) ainda incluía seu irmão mais pobre. Está na hora de superá-lo e avançar na discussão sobre a educação, propondo soluções para o grande problema estrutural do Brasil: formar a maioria jovem e preparar o novo país que desejamos construir.

Não há nada mais gritante do que o abismo e a falência do sistema educacional brasileiro. Embora consuma grande parte do orçamento, o arcaísmo bancário que tomou conta da educação impede os avanços necessários para alçarmos um novo patamar, que inclui ampla garantia dos direitos culturais, da livre informação e expressão.

Em todos os grandes modelos e metodologias educacionais, o exercício das expressões artísticas e culturais têm se revelado como um denominador comum. Nada mais lúdico, criativo e inspirador do que a cultura da convivência, inerente às atividades artísticas e culturais, seja ela uma visita ao museu, o aprendizado do teatro ou a análise crítica da mídia. Não podemos mais admitir que o nosso futuro seja dominado por uma educação burocrática, baseada numa estrutura funcional da ditadura militar, preparando sub-cidadãos, acomodados com o Estado-pai, incapazes de agir e participar da vida cultural e política.

Paulo Freire é o grande mestre inspirador de escolas e sistemas educacionais em todo o mundo. Sua pedagogia crítica, no entanto, não foi incorporada, além da apropriação indébita do discurso comum às nossas estruturas políticas, em nossa educação. Sua inspiração, no entanto, foi bem absorvida em escolas particulares que servem a elite. Meu filho estuda em uma dessas escolas e observo os avanços em relação à educação pública que eu tive, e que só piorou da ditadura pra cá.

Um novo projeto educacional precisa ser desenvolvido urgentemente no país. As políticas culturais não podem se abster a esse processo. As interações entre MinC e MEC foram insuficientes e fracassadas. Partiam do princípio da contribuição da cultura à educação. Avanços como a inserção de elementos e referências africanas e indígenas no processo de formação são interessantes, mas insuficientes para o tipo de desafio que temos pela frente.

A Internet, as redes culturais, a cultura colaborativa e a possibilidade de acesso ao conhecimento e exercício da expressão são elementos que não podem faltar ao cardápio educacional do país. As escolas precisam abrir suas portas para comunidades, deixando de ser prisões para transformar-se em equipamentos culturais, com projeções de filmes independentes, que abordem a complexidade humana, além dos mitos fabricados em Hollywood, peças de teatro e exposições, com programação das próprias comunidades e de outras, a partir de um sistema artesanal, simples e desburocratizado (quase tribal) de trocas e circulação de cultura. Enfim, precisa deixar de ser escola para se tornar ponto de cultura.

Grades curriculares deveriam ser queimadas em praça pública. O conhecimento precisa ser construído a partir do indivíduo e da comunidade para o mundo e não de Brasília para os quatro cantos do país. Isso sim é um dirigismo cultural que precisa ser superado por todos nós. Precisamos celebrar a capacidade de cada bairro, distrito, município, de cuidar da formação de suas crianças. A sociedade precisa se envolver com o processo de formação de seus indivíduos. Estado nenhum dará conta disso. O ditador já não dava, quanto mais este neoliberal em que nos atolamos.

A educação precisa ser uma responsabilidade de todos nós. E só será a partir do reconhecimento de sua dimensão cultural.

Sobre "Leonardo Brant " http://www.brant.com.br

Pesquisador de políticas culturais. Autor do livro "O Poder da Cultura" e diretor do webdocumentário Ctrl-V::VideoControl.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

HOJE!!!!!!!!!! BOM DEMAIS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Praça Pedro Archanjo - Pelourinho - 20h
ENTRADA FRANCA

Indústria criativa gera emprego e renda na capital e no interior

Donaldson Gomes, do A TARDE
Welton Araújo / Agência A TARDE
Sylvia Abreu, produtora de cinema

A Caco de Telha Entretenimento promete chegar aos 1,75 mil empregos diretos e indiretos no período do Carnaval. O homem que não dormia, do cineasta baiano Edgard Navarro investiu 70% do R$ 1,8 milhão da filmagem para contratar aproximadamente 100 profissionais. A peça Joana D‘Arc gerou trabalho para 50 pessoas. Os exemplos acima demonstram o potencial econômico da indústria criativa na Bahia, que apesar de estampar a cultura como principal cartão de visitas, carece de informação sobre o setor.

A primeira vez que o governo brasileiro investiu na pesquisa sobre a economia da cultura foi durante a passagem do baiano Gilberto Gil pelo Ministério da Cultura (Minc), numa parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A ideia era o desenvolvimento de uma economia que responde por 7% das riquezas mundiais, de acordo com estimativas do Banco Mundial, cujo crescimento anual seria de 6,3% em média, superiores aos 5,7% da média.

O diagnóstico mostrou que o Brasil conta com 320 mil empresas voltadas à produção cultural, o que representaria 5,7% do total no País, com a geração de 1,6 milhão de empregos formais, o equivalente a 4% dos postos de trabalho.

De acordo com o coordenador de Divulgação do IBGE, Joilson Rodrigues, os dados são válidos, apesar de terem sido recolhidos há quatro anos ou mais. “Trata-se de uma pesquisa estrutural, que demora de perder a validade”, defende, ressaltando que as estruturas produtivas não costumam se modificar de forma drástica. “Infelizmente, não presenciamos uma grande revolução cultural nos últimos anos, capaz de tornar as pesquisas velhas”.

Cenário na Bahia - Se no plano nacional ainda estão sendo dados os primeiros passos na formulação dos indicadores, o cenário de pesquisa é incipiente. Na última quarta-feira foi publicada a primeira pesquisa sobre o Carnaval em Salvador. Ainda que esteja longe de um retrato completo da folia por não dar conta de todo o Estado, ou do comportamento dos turistas durante a festa, o boletim sobre o comportamento dos residentes de Salvador durante o Carnaval 2009 é considerado um avanço considerável.

No lançamento do boletim, o secretário Márcio Meirelles destacou a importância da pesquisa para a gestão pública. “Precisamos saber o que existe e qual é a demanda”, explicou. “É uma economia poderosa. Aqui temos a indústria do axé, que é o nosso rock’n roll, gerando empregos o ano inteiro”.

Um exemplo da pujança do “nosso rock‘n roll” pode ser percebido na preparação da Caco de Telha Entretenimento para o Carnaval 2010. Do dia 10, quando produz o show de Beyoncé e Ivete Sangalo, até a Quarta-feira de Cinzas, dia 17, a empresa pretende gerar 1,75 mil empregos diretos e indiretos.

Mas nem todas as atividades da indústria criativa possuem os recursos da Caco de Telha, apesar de também contribuir ativamente para a economia baiana. “Embora não se trate de uma grande montagem, se comparada a uma ópera ou evento de grande porte em espaço público, Joana D’Arc é um bom exemplo”, exemplifica a produtora Virgínia Da Rin. Segundo ela, a produção foi responsável pela geração de 50 empregos. E o número aumenta quando se leva em conta os indiretos, como as empresas de mídia, funcionários do teatro, etc.

Para a produtora, a ideia de indústria não pode ser generalizada a todas as atividades culturais. “É preciso ter atenção para não generalizar e não comprometermos o papel do Estado de assumir o fomento, promover, prover e incentivar a criação e produção, especialmente das manifestações e expressões artísticas não comerciais”, acredita Virgínia.

A diretora de planejamento estratégico da Secretaria de Planejamento, Carmem Lúcia Lima, tem a visão da cultura como um segmento estratégico para o desenvolvimento do Estado. Como pesquisadora, ela tem diversos trabalhos publicados a respeito da importância da indústria criativa e acredita que agora vai ser possível ampliar o trabalho de pensar o futuro da atividade. “O pensamento tradicional sobre indústria tem foco na petroquímica, siderúrgica, metalúrgica etc, que são importantes, mas nós consideramos primordial ter a indústria cultural no PPA também”, comenta em relação ao Plano Plurianual, que define as prioridades de desenvolvimento do Estado pelos próximos quatro anos.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Aluno da Educação a Distância conquista a maior nota nacional no Enade

O aluno de SP teve a maior nota no último Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
O instrutor e consultor na área de calçados, Antônio Edijalma Rocha Junior, aluno do curso a distância de Tecnologia em Gestão da Produção Industrial do Grupo Educacional UNINTER (Fatec Internacional), do Polo de Apoio Presencial de Jaú SP, teve a maior nota no último Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Ao todo, alunos de mais de 40 instituições de educação presencial e a distância (Privada, Pública e Federal), realizaram o exame.
Com a nota de 80,3, Rocha Junior conseguiu a maior pontuação nacional, a média foi 45. ?O Enade faz sorteios entre alunos iniciantes e concluintes para a realização da prova e, quando fui escolhido, soube somente com três meses de antecedência. Tive uma preparação muito boa pela faculdade. Esse resultado mostra que a educação, seja ela presencial ou a distância, traz resultados quando é bem executada, explica.
O histórico com o resultado da média nacional, estadual e particular é enviado diretamente ao aluno. Após receber o histórico, Rocha Junior entrou em contato com a Faculdade para saber a documentação necessária para solicitar bolsa de estudos. Fui até o meu Polo de Apoio Presencial para dar entrada no pedido de bolsa. Agora, pretendo cursar uma pós-graduação em Engenharia da Produção, com duração de um ano, também a distância, pelo UNINTER.
ENADE
Os alunos que ingressaram em cursos superiores com a modalidade de Educação a Distância têm mostrado melhor desempenho do que os estudantes que fazem o mesmo curso da maneira tradicional, segundo os primeiros resultados do Enade (exame do MEC que avalia o ensino superior). Um levantamento feito pelo Inep (órgão de avaliação e pesquisa do MEC) aponta que os alunos de cursos a distância se saíram melhor em 7 das 13 áreas onde essa comparação é possível.
Fonte:

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Algumas das personagens mais influentes na história

Lúcia Moniz

Imagens

O ciclo de vida de uma folha
Miguel Martins

Gatos - verde e azul vibrante

Miguel Lopes

Uma simples gota de cor

Lúcia Moniz

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Afro Imagem: Odoyá!

por Cleidiana Ramos
Iemanjá ganhou uma festa digna da devoção que conquistou em Salvador. O presente deste ano foi colocado em uma escultura que a representa na cor negra. O clique do repórter fotográfico Lunaé Parracho para o jornal A TARDE mostra o presente que os pescadores da colônia de pesca Z1, localizada no Rio Vermelho, ofereceram para a rainha do mar. Ao lado da escultura está a ialorixá Aíce Santos que cuida da obrigação religiosa da festa.

Festa para a rainha do mar

Hoje, todos os caminhos na capital da Bahia levam até Iemanjá, chamada de “a mãe cujos filhos são peixes” e também conhecida como aquela que fez brotar dos seus seios generosos as outras divindades.

Iemanjá costuma sempre ser muito festejada por seus devotos e filhos. É saudada como generosa e protetora, características próprias da maternidade que é uma das suas referências mais conhecidas.

Curioso que é a única das divindades das religiões de matrizes africanas que ganhou uma festa própria sem nenhum tipo de associação com santos católicos.

A festa nasceu de uma devoção dos pescadores da colônia de pesca Z-1, localizada no Rio Vermelho e resiste ano após anos. Se o primeiro presente foi levado numa caixa de sapato, o de agora segue em um barco, acompanhado por uma procissão de outras embarcações.

O agradecimento e pedidos de um grupo de pescadores, portanto, acabou se transformando em apelos coletivos. E Iemanjá parece ouvir e atender, afinal, ano após anos, são mais e mais balaios para receber os presentes dos outros devotos que enfrentam filas quilométricas para colocar seu agrado desde as primeiras horas da manhã.

E a festa não começa ali. No ínicio da madrugada, a zelosa Mãe Aíce, que orienta todo o ritual religioso, vai até o Dique do Tororó levar a oferta de Oxum, senhora das águas doces, que não pode e realmente não fica esquecida.

O ritual às margens do Dique é tranquilo, emocionante e completamente silencioso. O por quê? Como várias coisas em candomblé, a resposta é para quem está autorizado e precisa escutá-la. Aos demais fica a lição que se observa e entende aquilo que está ao seu alcance.

Após o agrado a Oxum é hora de levar a oferenda principal para o Rio Vermelho, que fica guardada na chamada Casa do Peso até o meio da tarde quando parte até o local onde deve ser depositado como agradecimento e prece para que o ano seja farto. E os pescadores, ano após ano, mostram que estão satisfeitos com a sua rainha e a proteção que ela oferece a quem vive parte significativa da vida em seus domínios.

Missão religiosa cumprida, é hora de aproveitar as várias festividades no entorno da praia que não tem o nome específico, mas é conhecida como “aquela do presente de Iemanjá”. As feijoadas são as concentrações mais procuradas. Tem desde as oferecidas na simplicidade das barraquinhas até as servidas nos hotéis luxuosos do Rio Vermelho, sem falar nas chamadas “festas de camisa”, aquelas em que precisa adquirir este tipo de vestimenta para participar.

Com sua leveza e zelando pelo equilíbrio, afinal é a protetora da cabeça, Iemanjá do povo ketu, Mamento Dadá, Dandalunda ou Kayala, divindades com características semelhantes nas nações da família bantu, ganhou na Bahia o domínio das águas salgadas.

Portanto, como majestade que é, recebe honrarias especiais dos seus súditos e filhos. Axé!