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domingo, 18 de outubro de 2009

Na manhã da quarta-feira, 8 de abril, Adriana Calcanhotto dançou com um Parangolé Pamplona dentro da Macaléia, penetrável de Hélio Oiticica feito em homenagem a Jards Macalé e exposto no Centro HO, no Rio de Janeiro.

sábado, 17 de outubro de 2009

Obra de arte não é foto de família

Até quando vamos perder acervos como o de Hélio Oiticica?
Parangolé Mangueira, de HO

Reproduzo abaixo a reportagem do Globo On Line, assinada por Flávia Lima e postada hoje, às 9h41, na home do jornal. Gostaria de, antes de mais nada, manifestar meu pesar e minha solidariedade aos membros da família HO com quem trabalhei e que conheci de perto. Tenho certeza de que a barra está pesada e tomo a liberdade de usar o blog para mandar meu beijo para Janjão e Maria.

Peço licença e até desculpas aos dois, mas acredito que é hora de aproveitar a tragédia e tocar a sério em uma questão espinhosa e delicada.

Boa parte do acervo de Hélio Oiticica, um dos maiores artistas – senão o maior – dos anos 1950 e 1960 da arte brasileira, estava numa casa do Jardim Botânico.

É uma casa comum, onde HO morou – e onde Ferreira Gullar enterrou seu famoso poema. A família Oiticica ainda mora lá, isto é, o lugar onde está a reserva técnica tem duplo uso, é vizinho à esfera doméstica.

A pergunta é: por que este acervo não estava numa instituição? A família recebeu durante anos um fee mensal de R$ 20 mil da Prefeitura, para deixar o acervo no Centro de Artes Hélio Oiticica. Mas há anos, também, o grosso das obras não estava no prédio da Rua Luis de Camões, já que a reserva técnica era erguida paulatinamente no Jardim Botânico. Algumas obras significativas foram vendidas para o Museu de Houston, no Texas, Estados Unidos.

Quando o novo governo assumiu, a Secretaria de Cultura entendeu que não deveria pagar para sediar o acervo. Não renovou o contrato para os R$ 20 mil mensais, mas reiterou a disponibilidade de sediar toda a estrutura do Projeto HO nas dependências municipais. Foi então que o sobrinho de HO, Cesar Oiticica Filho, retirou o que restava das obras no prédio. Ele também alegava, com razão, que estava com o pagamento atrasado por ter produzido duas exposições que estavam em cartaz no Centro, com dois penetráveis do artista. A produção das exposições, feita pela própria família (no valor aproximado de R$ 500 mil) nada tinha a ver com o dinheiro recebido mensalmente da Secretaria. O desembolso era feito à parte, dentro da Lei do ISS. Quando a nova gestão entrou, como sempre ocorre, foram feitas auditorias nas contas. O pagamento atrasou. No poder público, é comum haver atrasos no início do ano, ainda mais em início de gestão. Não é o correto, mas é o corriqueiro – e todo mundo que já trabalhou com dinheiro público sabe disso. Mas Cesinha fechou as portas da exposição, privando o público de ver os penetráveis de HO.

Estava à época dentro da Prefeitura e tentei ajudar na negociação, bastante infrutífera – de ambos os lados, é bom que se diga, para alguma defesa da família. Havia incompreensão de parte a parte, embora tenha havido um esforço hercúleo, feito especificamente pela direção do Centro de Artes, para que os vínculos com a família fossem mantidos.

Já do lado de fora do poder municipal há meses, continuo com a mesma sensação de mal estar que me acometeu na época – e que coincidiu coma polêmica envolvendo a família de Volpi e a exposição organizada por Vanda Klabin no Instituto Moreira Salles.

Admiro o empenho de César Oiticica, irmão de Hélio, e de seu filho Cesinha em preservar a memória de HO. Acho mesmo que a família deve ser cão de guarda desta memória. Mas há limites: obra de arte não é foto de família e não deve ser tratada como tal. Uma parangolé não é uma jóia que se bota no cofre. No caso de HO – e de qualquer outro artista, sobretudo de seu quilate – a memória é da família, mas também de toda uma sociedade.

É claro que prédios públicos também pegam fogo, mas há menos probabilidade e maior vigilância. O que é público pode ter acompanhamento público. O que está numa casa do Jardim Botânico não é velado por ninguém, a não ser por quem mora lá.

É preciso pensar já em leis que regulem esta situação… Ou outros acervos serão perdidos.

A regulação do direito de imagem é outro ouriço: alguns artistas da maior importância para a história da arte brasileira estão deixando de figurar em catálogos e mostras por causa da irredutibilidade dos herdeiros. Mas isso é tema para outra conversa…

por Daniela Name

Blog Pitadinhas - Arte e um monte de outras coisas

O artista Hélio Oiticica

Hélio Oiticica é um dos mais importantes artistas brasileiros das décadas de 50 em diante. Participou do movimento neoconcretista ao lado de nomes como Lígia Clarke, Amílcar de Castro e Ferreira Gullar.
Nascido no Rio de Janeiro, em 1937, Oiticica fez parte de seus estudos e teve obras expostas em âmbito internacional. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão os parangolés (espécie de capas coloridas, arte para ser vestida) e penetráveis (instalações). É autor da conhecida frase "Seja marginal, seja herói", que escreveu em uma bandeira sobre a foto do bandido Cara de Cavalo morto publicada em um jornal carioca em 1968, durante a ditadura, e foi um dos grandes inspiradores do movimento tropicalista com sua obra "Tropicália".
De 1970 a 1978, Oiticica viveu em Nova York, onde participou da mostra Information, realizada pelo MoMA (Museu de Arte Moderna).
Em 1981, um ano após a sua morte - em 22 de março de 1980 -, foi criado no Rio de Janeiro o Projeto Hélio Oiticica, para preservar a obra do artista. A Secretaria municipal de Cultura do Rio criou o Centro de Artes Hélio Oiticica em 1996. Além de obras do acervo de Oiticica, o espaço promove exposições temporárias de artistas nacionais e estrangeiros.
O museu de Inhotim, em Minas Gerais, também conta com obras de Oiticica, incluindo o penetrável "Magic square # 5" e uma versão da série "Cosmococa", feita com Neville D'Almeida.