sexta-feira, 30 de abril de 2010

ISE Ratinan Thaijareorn pintando poltronas!!

Tinta e poltronas normalmente não combinam; ainda mais se você tem filhos pequenos! Mas é aquela história: eles crescem! E podem virar artistas como a ilustradora tailandesa ISE Ratinan Thaijareorn! Aí tudo muda de figura! Poltronas e cadeiras para ela servem como telas e dá pra entender o que eu estou falando, se você olhar as fotos desta dupla confeccionada na loja Adidas Original do Siam Center de Bangcoc. Usando pincel, tinta acrílica e muita criatividade, ela literalmente faz arte móvel.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Bahia sedia 2º encontro regional do Procultura

Carina Teixeira - Cultura&Mercado

Salvador vai sediar mais uma etapa de discussões para propostas, sugestões e moções ao Projeto de Lei nº 6.722/2010, que cria o Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura (Procultura). O debate será conduzido pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, durante reunião pública a ser realizada nesta sexta-feira, 30 de abril, a partir das 10h, no Teatro Castro Alves (Praça Dois de Julho, Campo Grande).

Dentre as principais mudanças na Lei Federal de Incentivo à Cultura estão a renovação do Fundo Nacional de Cultura (FNC), reforçado e dividido em nove fundos setoriais; a diversificação dos mecanismos de financiamento; o estabelecimento de critérios objetivos e transparentes para a avaliação das iniciativas que buscam apoio financeiro; o aprofundamento da parceria entre Estado e sociedade civil para a melhor destinação dos recursos públicos; e o estímulo à cooperação federativa, com repasses a fundos estaduais e municipais.

O debate em Salvador será o segundo encontro regional sobre o PL que está em tramitação no Congresso Nacional. A primeira reunião pública para discutir o Procultura ocorreu em São Paulo, na última segunda-feira, dia 26. Participaram o secretário executivo do Ministério da Cultura, Alfredo Manevy, e os deputados Ângelo Vanhoni e Alice Portugal, respectivamente presidente da Comissão de Educação e Cultura (CEC) e relatora da matéria.

Com apoio do MinC e agendamento feito pela CEC da Câmara dos Deputados, serão promovidos mais cinco encontros regionais – Curitiba, 3 de maio; Porto Alegre, 4 de maio; Belém, 7 de maio; Recife e Rio de Janeiro, 10 de maio – e uma audiência pública em Brasília, no dia 13 de maio. A programação completa, com horários e locais, será divulgada nos próximos dias. Mais informações pelo telefone (61) 2024-2407, na Comunicação Social do MinC. Para conferir a íntegra do projeto, clique aqui.

* Com informações do MinC

Sobre "Carina Teixeira " http://www.ctcomunicacoes.com.br

Jornalista e sócia da empresa CT Comunicações.

Empresa de cosméticos banca discos de MPB

Natura está financiando os próximos álbuns de artistas como Carlinhos Brown, Vanessa da Mata e Marcelo Jeneci. Especialistas dizem que nova configuração do mercado é consequência da crise e da grande quantidade de artistas
FOLHA DE S. PAULO
28 - 04 - 2010
Os novos discos de Carlinhos Brown, Vanessa da Mata e Marcelo Jeneci estão sendo gestados não com a ajuda de gravadoras, mas da Natura. A empresa de cosméticos está bancando todos os custos de produção dos álbuns. Além disso, financiará, coma ajuda de leis de incentivo fiscal, vários shows desses artistas.
A empresa não divulga quanto gasta em seu projeto Natura Musical. A iniciativa envolve ainda um programa de rádio (na Eldorado) e um site com conteúdo de música brasileira.
Segundo Renata Sbardelini, gerente de marketing institucional da marca, os artistas têm "total liberdade" para escolher como gravar os discos e distribui-los. "Não interferimos no preço do CD", diz a executiva. Em relação aos shows, ela diz que, por fazer uso de incentivo fiscal (30% dos custos; o restante é patrocínio direto), os ingressos necessariamente têm de ter preços "populares".
As gravadoras estão se tornando supérfluas? Serão extintas? Alexandre Schiavo, presidente da Sony, acha que não.
"Essa movimentação acontece no mercado americano. Aqui no Brasil é novidade. É algo saudável. É um mercado que se encontra cada vez mais diversificado e é rentável. A questão é saber como trabalhar a música diante do mercado atual. É saber se adaptar."
Para Schiavo, quem busca patrocinar um artista ou um disco procura normalmente alguém já estabelecido: "Dificilmente você encontrará uma marca disposta a dar dinheiro para alguém desconhecido".
Rafael Rossato, da Agência de Música -que cuida da carreira de Mallu Magalhães, pensa diferente: "Tem muito artista na rua, muita coisa acontecendo. E as marcas estão interessadas em entrar nesse negócio. Perceberam que podem fazer ações diretamente com os artistas, sem passar por gravadoras. Mas os artistas realmente grandes permanecerão nas gravadoras. Para as empresas de fora, é uma oportunidade de fazer negócio com artistas médios ou iniciantes".
O produtor cultural Pena Schmidt segue linha de raciocínio parecida: "Essa crise [da indústria fonográfica] já existe há algum tempo, então percebeu-se que o problema era o setor fonográfico. Esse setor dançou, mas a música vai muito bem. A música não para de ser feita, e os artistas estão se tornando autônomos. Há uma mudança de modelo muito grande, muito abrangente".
Mudança de modelo fez a agência de DJs 3Plus. A empresa está custeando o primeiro disco da celebrada banda Copacabana Club, que está sendo produzido por Dudu Marote (Pato Fu, Skank). Quando o álbum estiver pronto, será distribuído de forma singular: quem contratar o show do grupo receberá uma quantidade de CDs para comercializar ou distribuir gratuitamente.
Outra empresa namorando esse ambiente é a agência de comunicação Cinnamon. De assessoria a empresas de cinema, a Cinnamon entrou no mercado de shows pop. Em parceria com a agência Inker, fará os shows de Cat Power, Mudhoney e Yann Tiersen na Virada Paulista, em maio.
(THIAGO NEY)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Reunião pública do PROCULTURA x MINC em Salvador

O Procultura é o Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, que está em discussão para ser instituído no Ministério da Cultura através do Projeto de Lei nº 6722/2010, que se encontra na Câmara dos Deputados.
A Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, está realizando uma série de reuniões pelo país para discutir o Procultura.
Em Salvador, está programado para ocorrer na próxima sexta-feira, dia 30 de Abril, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, às 10h.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Entrevista: Leonardo Brant - especialista na área de políticas culturais

"Quem faz cultura tem poder"
por Tatiana Wuo
twuo@redegazeta.com.br
Leonardo Brant é um nome conhecido do cenário cultural nacional. Pesquisador de políticas culturais, ele já foi diretor da revista "Imprensa" e lançou os livros "Mercado Cultural", "Políticas Culturais" e "Diversidade Cultural". É editor, desde 1998, do blog "Cultura e Mercado", considerado um dos mais influentes sobre o assunto no Brasil - e com uma audiência que supera a de alguns jornais do país, como ele mesmo revela.
Na última quinta-feira, Leonardo esteve em Vitória para lançar o seu novo livro, "O Poder da Cultura", que ainda vai render um seminário em maio (informações em breve no site oficial da obra, opoderdacultura.com.br). No bate-papo com produtores culturais e representantes da área, ele falou sobre políticas públicas, leis de incentivo e sobre a dificuldade de definir o termo cultura. Com exclusividade para A GAZETA, em conversa antes da palestra, Brant afirmou a necessidade de criação dos chamados "serviços culturais" e destacou como a emergência das novas mídias pode ser positiva.
Como o livro aborda o poder da cultura?
O que eu tento apresentar no livro é que a ideia de cultura nasce a partir de relações de poder. Não existe cultura sem relação de poder. Eu faço uma análise da cultura a partir das dinâmicas socioculturais com esse filtro das relações de poder. É um livro sobre a função política da cultura.
A cultura seria um poder?
Na verdade, eu falo do poder de quem faz cultura. Cultura eu defino como um plasma invisível que a gente não consegue identificar. E como vamos dar poder para isso que a gente mal sabe o que é? Mas, sem dúvida, quem faz cultura tem poder, seja um poder no sentido do cidadão, da capacidade de se manifestar, colocar suas pautas e desenvolver a sua ação política. Eu parto da definição de cultura da Unesco, que está relacionada aos modos de vida, às crenças, aos valores. Sem querer contrapor essa definição, tento buscar mais do conceito. Quero dar uma perspectiva nova, da cultura como o que você pode extrair desse modo de vida e dos valores para transformar. Esse "para transformar" não está contemplado no conceito da Unesco.
Para transformar o quê?
A gente desde o começo apresenta a cultura do ponto de vista do indivíduo, do grupo social e da sociedade como um todo. Essas dimensões são convergentes. Se eu me transformar, eu transformo meu entorno e eu transformo a sociedade. Mas o mais importante é se transformar. E aí eu falo de qualquer dinâmica cultural, seja da cultura popular, da arte contemporânea; qualquer tipo de expressão e processo que passe pela questão cultural. Vai te transformar e auxiliar no embate cotidiano que o ser humano tem, de tentar se reconhecer, se identificar, saber a que veio.
Nesse sentido de transformações, os artistas devem ter função social ou política?
Mesmo sem se dar conta, sim. Eles têm uma dimensão política que é intrínseca ao fazer cultural. Assim como existe uma dimensão social e econômica no fazer cultural, mesmo que não se faça com uma intenção específica, existem os efeitos políticos, eles estão ali, mesmo que você não queira olhar para eles.
Então como se dá a transformação da cultura em produto?
Eu considero essa dimensão econômica da cultura, dentro do ambiente em que vivemos - de um país capitalista, embora muitas pessoas não queiram admitir - importante, mas outra coisa é a dimensão cultural da economia. A nossa sociedade do consumo, do espetáculo, está muito subordinada a ditames de comportamento que foram dados e construídos por sistemas culturais preestabelecidos que muitas vezes a gente não se dá conta que existem. Faz parte da estratégia dos sistemas de poder de informação não falar sobre os meandros de seu próprio sistema. Faz parte do processo cultural tentar explicitar um pouco mais as relações de poder, como se dão e como a nossa relação com esses sistemas de construção do imaginário acontece. Aí a gente começa a compreender o sistema financeiro e que tem uma relação de equilíbrio entre o lado cultural e o econômico.
Nesse processo, o que você acha das leis de incentivo?
Com certeza não é a melhor maneira de se realizar atividade cultural no país, mas é a que temos. Não devemos abrir mão dele por uma coisa que não sabemos o que é. É um assunto polêmico, que tem diversas nuances, mas acho que não devemos abrir mão da lei de incentivo em troca de um discurso de retomada do papel do Estado na cultura, porque por enquanto é só um discurso. Quando a gente construir dez anos de investimentos diretos e consolidados que sejam isentos, autônomos, e não seja algo atrelado a questões políticas e eleitorais, aí teremos um sistema um pouco mais desenvolvido. A sociedade precisa incorporar esses processos.
Como é esse acesso à cultura pela população?
Existe o direito de conhecer as outras culturas. Para isso o Estado precisa fornecer esses tais serviços culturais. A nação brasileira sequer sabe o que é serviço cultural. Sabe o que é serviço de saúde, de educação. Isso acontece porque fomos alijados desse direito na formação do nosso Estado. Não temos direito ao conhecimento existente em espaços como uma biblioteca. O grande desafio com politica pública no Brasil é como universalizar esses serviços.
São vários os fatores que contribuem para o que temos hoje no sentido de produções culturais. Qual é o papel das mídias neste processo?
Existe hoje um fenômeno que está em pleno curso, estamos vivendo isso agora, que é uma contraposição das novas mídias com as mídias tradicionais. Eu até prefiro chamar isso de um processo de convergência, porque existe um movimento das velhas mídias se incorporarem ao modo de fazer das novas mídias, o que acaba retardando um pouco o seu processo natural de derrocada e até, em alguns casos, ajuda a arremeter. Por outro lado, há o surgimento de milhões de novas possibilidades de interação e diálogo que não estão previstas nos sistemas estabelecidos. Acredito muito na convergência. Nem a velha mídia vai ser como era e nem a nova vai ser o que achava que seria.
Os livros já lançados
Mercado Cultural
Leonardo Brant aborda o lado social do investimento em cultura, analisa as leis de incentivo e oferece um guia completo sobre como patrocinar e vender projetos culturais. Lançado em 2004.
Diversidade Cultural
O livro disseca as relações internacionais e os efeitos da globalização sobre as culturas locais. Aponta caminhos para a discussão sobre diversidade no mundo. Lançado em 2005.
Políticas Culturais
Neste livro são colocados em pauta temas como cultura e globalização, mercado e sociedade, cultura e turismo, cultura e lazer, políticas culturais para a televisão. Lançado em 2002.
Chaves
A ideia de cultura, sempre moldada conforme as visões políticas de cada tempo, detém em si as chaves dos sistemas de poder. Chaves que podem abrir portas para a liberdade, para a equidade e para o diálogo. Mas também podem fechá-las, cedendo ao controle, à discriminação e à intolerância"Trecho do livro "O Poder da Cultura" Leonardo Brant
"Há o surgimento de milhões de novas possibilidades de interação e diálogo que não estão previstas nos sistemas estabelecidos"
"A nação brasileira nem sequer sabe o que é serviço cultural. Sabe o que é serviço de saúde, de educação. Fomos alijados desse direito"
Fomento
"O potencial simbólico de um povo e de uma nação está intimamente ligado a sua capacidade de desenvolvimento artístico, estético, de linguagem e de mercado. O Brasil precisa desenvolver fundos públicos autônomos, qualificados e com orçamento para lidar com essa emergência. O fomento não pode estar à mercê do mercado, tampouco sujeito às intempéries do governante de plantão"Trecho do livro "O Poder da Cultura" Leonardo Brant
Leia
Leonardo Brant - O Poder da Cultura
Editora Peirópolis 136 pág.
Quanto:R$ 27, em média.
Mais: opoderdacultura.com.br
Leia trechos do livro O Poder da Cultura, de Leonardo Brant
A ideia de cultura, sempre moldada conforme as visões políticas de cada tempo, detém em si as chaves dos sistemas de poder. Chaves que podem abrir portas para a liberdade, para a equidade e para o diálogo. Mas também podem fechá-las, cedendo ao controle, à discriminação e à intolerância.
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Culturas não são universais, modos de vida, costumes e crenças também não. Não por acaso, os direitos e liberdades culturais sejam os menos discutidos, celebrados e garantidos como parte indivisível dos direitos humanos. Costumo defini-los como quinta categoria desses direitos, pois seguem esquecidos, logo após os civis, políticos, econômicos e sociais, estes mais nobres, senão em efetividade, pelo menos em visibilidade.
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Uma nova possibilidade de democracia radical e direta forma-se nesse momento na web, por meio de blogs, mecanismos de rede, sistemas de troca de conteúdos culturais, permitindo o remix e novas formas de expressão, interação e participação política. Um movimento espontâneo da sociedade que evidencia a demanda por Cidadania Cultural.
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A centralidade da Lei de Incentivo na gestão das políticas públicas de cultura trouxe uma sensação de desvio de função do dinheiro público, pois as empresas eram incentivadas pelo próprio governo a utilizar eventos culturais como forma de comunicação empresarial, por meio de uma cartilha intitulada Cultura é Um Bom Negócio, cuja lógica funciona até os dias de hoje.
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A consolidação da economia como ciência dominante em nosso tempo fez com que lhe subordinássemos todas as outras formas de manifestação humana como fenômenos derivativos, seguindo uma lógica e uma codificação próprias. E com a cultura não foi diferente.
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A cultura do espetáculo firmou-se como um dos elementos mais marcantes da sociedade de consumo, sobretudo a partir do pós-guerra nos Estados Unidos. E tornou-se uma arma para conquista de mercados e, sobretudo, para disseminação do jeito americano de viver. Todo o movimento da contracultura valeu-se desse expediente, com artistas engajados pela paz.
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O potencial simbólico de um povo e de uma nação está intimamente ligado sua capacidade de desenvolvimento artístico, estético, de linguagem e de mercado. O Brasil precisa desenvolver fundos públicos autônomos, qualificados e com orçamento para lidar com essa emergência. O fomento não pode estar à mercê do mercado, tampouco sujeito às intempéries do governante de plantão.

sábado, 24 de abril de 2010

"É como tirar tinta e tela de pintores"

Ex-funcionários salvaram antiga fábrica e levaram dois anos para desenvolver filmes para as velhas câmeras Polaroid
Versão em preto e branco já está disponível; colorida sairá no segundo semestre; documentário traz instantes finais da estética Polaroid
NOVO PB
Fotografia "Paul and Aemily", de Josh Goleman, feita com novo filme preto e branco para as antigas câmeras instantâneas
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL FOLHA DE S.PAULO
Dias antes que desmontassem as máquinas da última fábrica da Polaroid no mundo, fechada há dois anos em Enschede, na Holanda, um grupo de ex-funcionários alugou o galpão para evitar que a linha de montagem virasse sucata. Florian Kaps e André Bosman, os heróis da festa de despedida, passaram os últimos dois anos quebrando a cabeça para reinventar um filme para as antigas máquinas de fotografia instantânea. E acabam de colocar no mercado um filme preto e branco compatível com as 300 milhões de Polaroid vendidas desde os anos 70.
Daqui a dois meses, prometem vender a versão colorida desse novo filme, provando o contrário do que diz o nome da empresa dos ex-funcionários, agora famosa no mundo todo como Impossible Project. "Foi uma invenção tão grande que era preciso preservar isso", conta Marlene Kelnreiter, que faz parte do Impossible Project, à Folha. "É muito diferente de tudo, a textura, o estilo, é impossível de manipular, é algo que fala por si mesmo."
Quando a Polaroid anunciou em 2008 que não fabricaria mais o filme para suas câmeras, causou uma onda de protestos entre fanáticos por sua estética embaçada, distorcida e ultracolorida, além de filas nas lojas. Fotógrafos fizeram estoques caseiros do filme ameaçado de extinção e criaram sites na internet como o Save Polaroid, em que publicam elogios apaixonados ao estilo Polaroid.
"Foi a primeira vez na história que um suporte artístico estava sendo arrancado à força das mãos de quem usava", lembra Grant Hamilton, documentarista que pretende narrar a morte e a ressurreição da Polaroid no filme "Time Zero", que lançará neste ano. "Era como tirar tinta e telas dos pintores."
Ele mesmo um fotógrafo, Hamilton confessa que entrou em pânico quando soube do fim da Polaroid e comprou 60 caixas de filme, guardadas até hoje na despensa de seu apartamento. Em seu documentário, registrou uma série de fotógrafos no suspiro derradeiro, ou seja, quando apertam o disparador para fazer a última foto com filme original. Também foi atrás de representantes da marca, mas ninguém quis falar.
Produtos químicos
Envolvida num esquema de lavagem de dinheiro pelo empresário Tom Petters, agora condenado a 50 anos de prisão, a Polaroid passou de mão e mão entre empresários e hoje trabalha só com fotografia digital. Sua última cartada mercadológica foi contratar a diva pop Lady Gaga como diretora criativa de uma de suas linhas, ou seja, trocou os velhos quadradinhos desbotados por uma estética mais plástica e fantástica.
Enquanto isso, o Impossible Project já circulou seus filmes entre artistas convidados para que pudessem comparar a versão reinventada à original. Mesmo sabendo a receita básica do filme, os novos técnicos não encontravam mais os produtos químicos da Polaroid e substituíram todos um a um até atingir um efeito parecido.
"É o que reclamam os músicos, que dizem que o vinil tem mais interesse do que aquela coisa "cool" do digital", diz Antonio Dias, artista que ainda não aderiu ao novo Polaroid e expõe agora, no Rio, uma série de imagens que fez nos anos 80 com o filme original. "É uma coisa muito imediata, não pode se arrepender e reconstruir."

THE IMPOSSIBLE PROJECT
Como comprar: filme com oito poses é vendido a US$ 21 (R$ 37) em www.the-impossible-project.com

Hidrate Seus Cabelos em Casa

Hidratação Caseira para Cabelos
Andrea Godoy

Diariamente recebo vários e-mails pedindo dicas de como hidratar cabelos ressecados por tinturas, alisamentos, luzes, mechas, enfim todos esses procedimentos que ressecam e danificam nossos cabelos. Os pedidos foram tantos que acabei resolvendo postar sobre o assunto e para começar selecionei algumas hidratações caseiras, já que elas além de darem um resultado muito bom, ainda são econômicas, né?

Hidratação com Abacate
  • Meio abacate
  • 1 gema de ovo sem pele
  • 1 colher de mel de abelha
  • 1 ampola de arovit

Separe o cabelo em mechas de meio palmo, cada, e aplique a mistura do comprimento para as pontas, massageando o cabelo em movimentos repetitivos (conte até 40). Coloque uma touca ou enrole a cabeça com papel alumínio e deixe a hidratação agir por 30 minutos. Retire a hidratação lavando normalmente o cabelo.

Hidratação com Babosa
  • Duas folhas de babosa

Corte a babosa ao meio e retire o extrato, bata no liquidificador ou amasse com garfo e passe no cabelo, que deve estar separado em mechas de meio palmo. Massageie do comprimento para as pontas repetidamente, depois de ter aplicado a babosa em todo cabelo coloque a touca ou enrole a cabeça com papel alumínio e deixe agir por 30 minutos. Retire a hidratação lavando normalmente o cabelo.

Hidratação de Banana com Mel e Iogurte
  • 2 bananas
  • 2 colheres de mel
  • 1 copo de Iogurte

Misture tudo e aplique no cabelo, separando-o em mechas. A massagem deve seguir o mesmo padrão das hidratações anteriores, pois ela é tão importante quanto a própria hidratação. Deixe agir por 30 minutos usando uma touca ou papel alumínio. Retire a hidratação lavando normalmente o cabelo.

Você conhece mais hidratações caseiras? Compartilhe nos nossos comentários.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Cultura e Convergência

Luana Schabib
Sexta-feira, dia 23 de abril, Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor. Este Dia foi implementado por iniciativa da Unesco que, desta forma, pretendeu recuperar a comemoração do Dia de São Jorge e dar vida à antiga tradição catalã que o acompanha, na qual os cavaleiros presenteavam as damas com uma rosa vermelha e recebiam um livro, além de estimular a leitura e a proteção dos direitos autorais.

Para a entidade, hoje, a parte de promover a proteção dos direitos autorais é a mais importante da data. Tanto é que a Unesco lançou ontem o Observatório Mundial para combater “pirataria”.

Então vamos agregar mais opiniões, argumentos e fatos na discussão. Coloco na sequência, um artigo pontual, muito bem escrito de Paula Tupinambá, com colaboração de Ana Carolina Amorim para o Jornal do Brasil. “Não será através de mecanismos restritivos de uso de obras intelectuais, que atingem em cheio direitos do consumidor, que essa indústria vai querer ressarcir-se dos prejuízos que vem enfrentando devido à (r)evolução trazida pelo advento da internet.”

Os direitos autorais na era da internet

A lógica econômica promovida pela internet deixou de facilitar a escassez de bens e serviços culturais passando a incentivar seu compartilhamento.

O custo de duplicação do artefato cultural através da rede mundial de computadores, com o auxílio das novas tecnologias, tornou-se praticamente nulo, possibilitando um reproduções de forma indiscriminada No entanto, a indústria encontrou, através de diferentes formas de restrições tecnológicas (denominadas DRM Digital Rights Management e TPM Technology Protection Measures), mecanismos para retirar do consumidor o direito de decidir o que fazer com os conteúdos digitais por ele adquiridos.

Esse controle acaba se dando através de diferentes formas, mas especialmente através da “interoperabilidade”, isto é, quando um bem ou serviço adquirido de um determinado estabelecimento ou empresa é compatível apenas com bens ou serviços vendidos por aquela mesma empresa ou estabelecimento.

Esse cenário, além de atingir o campo do direito antitruste e do direito econômico, afeta diretamente a esfera do direito do consumidor, já que cerceia o acesso de consumidores a bens e serviços.

Sob a perspectiva de que a natureza da internet e das novas tecnologias seria justamente a difusão da informação e do conhecimento, de forma barata e sem barreiras a todos, tais formas de controle pela indústria do entretenimento estão em dissonância com a função social do direito e com o Código de Defesa do Consumidor. As formas de restrições tecnológicas utilizadas pela indústria seriam, portanto, um mecanismo de controle abusivo.

Tais medidas “protetivas” também acabam limitando o direito do consumidor de utilizar o produto ou serviço adquirido.

Faz-se necessária uma ponderação dos dois interesses protegidos pelas leis especiais, o direito do autor em fruir moral e economicamente de suas obras (Lei 9.610/98), e o direito do consumidor de aproveitar da melhor forma os bens e serviços adquiridos (Lei 8.078/90).

Certamente que o momento é o de criação de uma nova realidade jurídica e social, tempo de reflexão por parte de juristas, legisladores e sociedade civil na composição e construção das normas, usos e costumes que irão regular essa nova sociedade de comunicação e consumo digital.

Não deve haver, por parte dos formadores de opinião e de jurisprudência, uma corrida que vise apagar incêndio no meio do furacão. Há que se refletir, observar, experimentar e inovar. Soluções novas para novas realidades.

Se a realidade da economia cultural atual se baseia, cada vez mais, em bens não fungíveis e consequentemente, não competitivos, com custo de produção mais baixo, a indústria do entretenimento precisa se convencer de que os tempos mudaram.

Nesse novo processo de criação cultural digital, os intermediários tiveram seus lucros reduzidos, já que, em muitos dos casos, se tornaram prescindíveis. Acreditem que a indústria milionária, à custa da criatividade dos autores e da voracidade dos consumidores (de cultura), está deixando de ser tão milionária, num paradoxo em que a sociedade se enriquece cada vez mais de cultura e informação.

Não será através de mecanismos restritivos de uso de obras intelectuais, que atingem em cheio direitos do consumidor, que essa indústria vai querer ressarcir-se dos prejuízos que vem enfrentando devido à (r)evolução trazida pelo advento da internet.

Nesse sentido, a via judiciária é ferramenta de extrema importância na composição desse novo cenário, seja através dos pleitos dos advogados, que devem provocar e questionar os abusos dos mais fortes, seja através dos julgados dos magistrados a quem tais questões serão submetidas, que devem não só julgar à exemplo do que se passou, mas criar subterfúgios que irão alicerçar a construção de uma nova realidade jurídica.

Lembrando que vai acontecer, entre entre 26 e 29 de abril, o Simpósio Internacional de Políticas Públicas para Acervos Digitais, a ser realizado em São Paulo, que pretende discutir tecnologias, modelos, limites e ideais de como isso deve ser feito serão discutidos por especialistas e profissionais nacionais e internacionais. Haverá transmissão pela internet, no endereço: http://www.acervosdigitais.blog.br/.

Há muito mais do que iPads, Alice no país das maravílhas 3D e pirataria, para ser discutido sobre o livro na era da cultura digital.

Sobre "Luana Schabib " http://quemteve.blogspot.com

Repórter. Trabalhou por um tempo na Revista Caros Amigos, hoje escreve releases de livros. Gosta de gente, de rua e de música. www.twitter.com/quemteve

Funarte lança 34 editais para premiar mil artistas

R$ 56 milhões para as artes

Com investimento total de R$ 56,8 milhões, a Funarte e o Ministério da Cultura acabam de lançar 34 editais de fomento às áreas de teatro, dança, circo, artes visuais, fotografia, música, literatura, cultura popular e arte digital. Serão concedidos mil prêmios e bolsas de até R$ 260 mil, para projetos de produção, formação de público, pesquisa, residências artísticas, apoio a festivais e produção crítica sobre arte.

Foram lançadas as novas edições dos prêmios Myriam Muniz (teatro), Klauss Vianna (dança) e Carequinha (circo) e da Rede Nacional Artes Visuais – que estão entre as principais políticas públicas para as artes no Brasil. O apoio à literatura, à criação em música erudita e à circulação de música popular também está mantido. Além disso, muitas inovações garantem espaço para novos formatos e novas interações estéticas no país.

Pela primeira vez, a Funarte lança editais para seleção de festivais. Há também prêmios para artes cênicas na rua e o apoio a residências artísticas no Brasil e no exterior. A instituição investe na composição de música erudita, em concertos didáticos na rede pública de ensino e na gravação de CDs de música popular. Nas artes visuais, a Funarte volta a apoiar festivais e salões regionais, além de viabilizar projetos de pesquisa e reflexão crítica sobre artes contemporânea. A fotografia será tratada como categoria à parte, com o Prêmio Marc Ferrez.

ORÇAMENTO RECORDE – O orçamento da Funarte para 2010 é de R$ 101,6 milhões – sete vezes maior que o de 2003, e o maior em vinte anos de história da Fundação. Os programas foram elaborados a partir das diretrizes do Plano Nacional de Cultura, do Ministério da Cultura, com ampla participação da sociedade, por meio de diversos encontros com a diretoria colegiada da instituição e com os Colegiados Setoriais. Os projetos inscritos são analisados por comissões externas, contando sempre com representantes de todas as regiões brasileiras. As inscrições estão abertas em todo o país.

Confira os editais 2010 da Funarte/MinC que estão com inscrições abertas:

Prêmio de Produção Crítica em Música - Edital para apoio a dez trabalhos de pesquisa sobre música brasileira, com prêmios de R$ 15 mil para cada contemplado. Inscrições até 26 de maio.

Prêmio de Composição Clássica – Edital para apoio a 70 obras inéditas para a XIX Bienal de Música Brasileira Contemporânea, com prêmios de R$ 8 mil, R$ 10 mil, R$ 15 mil, R$ 20 mil e R$ 30 mil. Inscrições até 30 de setembro.

Prêmio de Concertos Didáticos – Edital para apoio a 16 projetos de concertos didáticos em escolas da rede pública, com prêmios de até R$ 20 mil para cada proposta selecionada. Inscrições até 28 de maio.

Prêmio Circuito de Música Clássica – Edital para apoio a 12 projetos de recitais de música de concerto, com prêmios de até R$ 75 mil para cada proposta selecionada. Inscrições até 27 de maio.

Prêmio Circuito de Música Popular – Edital para apoio a 12 projetos de turnês de espetáculos de música popular, com prêmios de R$ 65 mil para cada proposta selecionada. Inscrições até 26 de maio.

Prêmio de Apoio à Gravação de Música Popular – Edital para apoio a 20 projetos de gravação e difusão da música popular, com prêmios de R$ 35 mil para cada proposta selecionada. Inscrições até 26 de maio.

Prêmio de Dança Klauss Vianna - Edital para apoio a 40 projetos de atividades e espetáculos de dança, com prêmios de R$ 40 mil, R$ 60 mil, R$ 80 mil e R$ 100 mil. Inscrições até 23 de maio.

Prêmio de Teatro Myriam Muniz – Edital para apoio a 34 projetos de circulação de espetáculos, com prêmios de R$ 90 mil e R$ 150 mil, e 36 de montagem de espetáculos, com prêmios de R$ 60 mil, R$ 90 mil e R$ 120 mil. Inscrições até 23 de maio.

Prêmio Festivais de Artes Cênicas – Edital para apoio a 36 projetos de festivais de teatro, circo e dança, com prêmios de R$ 50 mil, R$ 80 mil e R$ 100 mil. Inscrições até 23 de maio.

Bolsa de Residências em Artes Cênicas – Edital para seleção de 43 propostas de residência artística para profissionais de teatro, dança ou circo, com bolsa de R$ 45 mil para cada beneficiado. Inscrições até 23 de maio.

Prêmio Artes Cênicas na Rua – Edital para apoio a 63 projetos de apresentação, registro ou preservação de atividades artísticas, com prêmios de R$ 20 mil, R$ 40 mil e R$ 50 mil. Inscrições até 23 de maio.

IBERESCENA - Fundo intergovernamental de apoio às artes cênicas. Criadores e produtores podem inscrever projetos em quatro categorias. Editais e mais informações em www.iberescena.org. Inscrições até 3 de setembro.

Prêmio Carequinha de Estímulo ao Circo – Edital para apoio a 103 projetos de artes circenses nas diversas regiões do país, com prêmios de R$ 15 mil, R$ 25 mil e R$ 40 mil. Inscrições até 23 de maio.

Bolsa para Formação em Artes Circenses – A Escola Nacional de Circo, situada no Rio de Janeiro, amplia seu caráter nacional ao conceder 15 bolsas de R$ 20 mil para alunos de outras áreas. Inscrições abertas até 23 de maio.

Bolsa de Produção Crítica em Culturas Populares e Tradicionais – Edital para apoio a 30 trabalhos de reflexão crítica e teórica sobre a cultura brasileira, com bolsas de R$ 30 mil. Inscrições até 27 de maio.

Rede Nacional Artes Visuais – Edital para apoio a 40 projetos de fomento às artes visuais, com prêmios de R$ 20 mil e R$ 30 mil. Inscrições até 24 de maio.

Bolsa de Estímulo à Criação Artística em Artes Visuais – Edital para apoio a dez trabalhos de criação e de pesquisa em artes visuais, com bolsas de R$ 30 mil. Inscrições até 27 de maio.

Bolsa de Estímulo à Produção Crítica em Artes Visuais – Edital para apoio a dez projetos de produção crítica em artes visuais, com bolsas de R$ 30 mil. Inscrições até 24 de maio.

Apoio a Festivais de Fotografia, Performances e Salões Regionais de Artes Visuais – Edital para apoio à realização de festivais de fotografia e/ou performances e de salões regionais, com prêmios de R$ 95 mil e R$ 260 mil. Inscrições até 24 de maio.

Prêmio Marc Ferrez de Fotografia – Edital de apoio a 36 projetos de no campo da fotografia, com prêmios de R$ 10 mil e R$ 40 mil. Inscrições até 24 de maio.

Conexão Artes Visuais - Edital de apoio a 30 projetos de festivais, salões de arte, mostras, palestras, seminários, debates, oficinas, mapeamentos, publicações e exposições, com prêmios de R$ 55 mil. Inscrições até 8 de maio. Patrocínio: Petrobras.

Bolsa de Criação Literária – Edital para apoio a 60 trabalhos de produção de textos literários, nos gêneros lírico ou narrativo, com bolsas de R$ 30 mil. Inscrições até 27 de maio.

Bolsa de Circulação Literária – Edital para apoio a 50 projetos de atividades de promoção e difusão da literatura, em municípios do Programa Territórios da Cidadania, com bolsas de R$ 40 mil. Inscrições até 27 de maio.

Bolsa de Reflexão Crítica e Produção Cultural para Internet – 60 pesquisadores receberão R$ 30 mil para desenvolver textos críticos sobre arte em mídia digital, ou produzir conteúdo digital para a web.

Prêmio de Arte Contemporânea – Edital para apoio a 15 projetos de artes visuais para exposição nos espaços culturais da Funarte/MinC no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, com prêmios de R$ 40 mil, R$ 50 mil e R$ 80 mil. Inscrições até 27 de maio.

Além de editais para a ocupação de galerias e outros espaços expositivos, foram lançadas 11 seleções públicas para projetos de música e de artes cênicas a serem desenvolvidos em salas de espetáculos e teatros no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

Ascom Funarte

Mais informações: www.funarte.gov.br - Portal das Artes Funarte

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Financiamento à cultura

Leonardo Brant *
O financiamento público de cultura deve abarcar diferentes dimensões de uma política cultural, com instrumentos adequados para cada tipo necessidade. A base da pirâmide é a infra-estrutura, necessária para o desenvolvimento de todas as outras funções. No topo, a indústria cultural.

Todo o investimento que visa garantir os direitos culturais ao cidadão é responsabilidade constitucional do Estado. Isso inclui criar e manter equipamentos culturais, valorizar o patrimônio, formar e informar o cidadão, além de oferecer acesso à tecnologia de informação e comunicação.

Assim como o fluxo econômico depende de infra-estrutura viária e energética, o país precisa de um investimento de base que desenvolva o fluxo simbólico. O potencial simbólico de um povo e de uma nação está intimamente ligado à sua capacidade de desenvolvimento artístico, estético, de linguagem e de mercado.

O Brasil precisa desenvolver fundos públicos autônomos, qualificados e com orçamento para lidar com essa emergência. O fomento não pode estar à mercê do mercado, tampouco sujeito às intempéries do governante de plantão.

Há uma grande concentração de iniciativas localizada entre o experimentalismo e a indústria. Nosso modelo de financiamento precisa incentivar o empreendedorismo, possibilitando o diálogo com o mercado, ao mesmo tempo que se pensa e se estruture como atividade artístico-cultural. Os mecanismos de mecenato, já existentes e consolidados, precisam se readequar para atender a essa imensa demanda.

As indústrias culturais estão entre os setores econômicos que mais crescem no mundo, auxiliando na exportação de produtos brasileiros, gerando empregos e recolhimento de impostos. Elas necessitam de incentivo direto para ampliar sua capacidade operacional, como redução da carga tributária ou concessão de empréstimos subvencionados.

* Trecho do livro O Poder da Cultura.

Sobre "Leonardo Brant " http://www.brant.com.br

Pesquisador de políticas culturais. Autor do livro "O Poder da Cultura" e diretor do webdocumentário Ctrl-V::VideoControl.

Mobilização em prol de Abdias Nascimento

Foto: Xando Pereira |AG. A TARDE| 13.11.2002
A candidatura de Abdias Nascimento ao Prêmio Nobel mobilizou instituições e militantes do movimento negro brasileiro.
Cleidiana Ramos

As dúvidas que eu tinha sobre a autoria da indicação de Abdias Nascimento para receber o Prêmio Nobel da Paz 2010 foram devidamente esclarecidas por Ana Maria Felippe, coordenadora executiva do Memorial Lélia Gonzalez. Transcrevo abaixo a mensagem que recebi, pois é importante percebermos o esforço e colaboração de várias pessoas e instituições.

No mais é ficarmos agora na torcida.

Mui estimada Cleidiana Ramos e leitoras/es,

O “Informe de Memorial Lélia Gonzalez” divulgou esta bela notícia sobre a expectativa de que tenhamos, para o Brasil, na pessoa do grande guerreiro Abdias Nascimento, o prêmio Nobel 2010.

A iniciativa, junto ao Comitê Nobel, foi do Professor Clóvis Brigagão, cientista político e estudioso dos processos de paz e das relações internacionais; diretor do Centro de Estudos das Américas da Universidade Candido Mendes. No mês de junho de 2009, quando se encontrava em Oslo, como Fellow do Instituto Nobel da Paz, entregou pessoalmente sua indicação do professor Abdias Nascimento para o Prêmio Nobel da Paz de 2010.

A partir de 03 de julho de 2009, nós, de Memorial Lélia Gonzalez, demos continuidade para que os endossos à candidatura chegassem ao Comitê Nobel. Nossa primeira mensagem está no link.

A parti daí, de tempos em tempos, voltávamos à carga, nos Informes (conforme pode ser buscado em nossa página do “www.grupos.com.br”). Também fizemos contatos diretos com parlamentares, com intelectuais negros, colocamos nas listas de interação. Enfim, realmente nos empenhamos nesta proposta que todas/os entendemos como muito importante e de grande significado.

Em 12 de janeiro de 2010, às vésperas do encerramento do prazo, colocamos um formulário “online” no sentido de alertar a todos e a todas sobre os prazos para a indicação, conforme nosso comunicado no link:

Bem, ao final do processo (o prazo se encerrava em 01 de fevereiro) havíamos conseguido reunir 550 assinaturas no formulário “online”, apesar de que a indicação para o Comitê de Oslo devesse ser individual. Essas assinaturas foram encaminhadas ao governo do Brasil, na pessoa do Excelentíssimo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e ao Comitê Nobel.

Ressaltamos que esse foi um trabalho de instituições e militantes do movimento negro e de integrantes da causa anti-racista, em conjunto com IPEAFRO – Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros – http://www.ipeafro.org.br

Estamos felizes pela alegria que você demonstrou na postagem.

Forte abraço,
Na torcida!

Axé!

Ana Maria Felippe

Coordenadora Executiva de Memorial Lélia Gonzalez

http://www.leliagonzalez.org.br

leliagonzalez@leliagonzalez.org.br

Rio de Janeiro

Publicação “Pano da Costa” é lançada nesta sexta-feira (23), pela FPC e IPAC

Publicação “Pano da Costa” é lançada nesta sexta-feira (23), pela FPC e IPAC

O pano da costa que – segundo alguns historiadores - foi o principal produto africano exportado e consumido na Bahia nos séculos 18 e 19, referência cultural para as nações da costa oeste da África e indumentária sagrada para candomblés baianos, é o principal tema da mais nova publicação do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão do Governo do Estado, vinculado à Secretaria de Cultura (Secult-BA).

O livro intitulado ‘Pano da Costa’ e ilustrado com fotos, pinturas, desenhos e gravuras, será lançado – em parceria com a Fundação Pedro Calmon (FPC) – na próxima sexta-feira, dia 23 (abril, 2010), às 17 horas, na biblioteca Manuel Querino, localizada no secular imóvel do Solar Ferrão (Rua Gregório de Mattos, 45), no Pelourinho, em Salvador.

Na mesma ocasião, o IPAC lançará, também, o folder ‘Patrimônio Cultural da Bahia’ que, pela primeira vez na história do Estado, reúne em uma só publicação todos os bens culturais, materiais e imateriais, existentes no território baiano. Trata-se de bens que estejam protegidos pelos poderes públicos estadual e federal, através de notificações, registros ou tombamentos, respectivamente, como ‘Patrimônio da Bahia’ ou ‘Patrimônio do Brasil’.

O livro ‘Pano da Costa’ traz artigos de historiadores, sociólogos e especialistas do IPAC, além de artistas plásticos e artesãos, constituindo em um importante estudo sobre a história e o método de tecelagem dessa peça têxtil, bem como num resgate histórico e homenagem ao mestre dessa arte, o baiano Abdias do Nascimento Nobre (1910-1994), nascido no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, Centro Histórico de Salvador, e descendente de africanos. “O lançamento do livro é o reconhecimento da importância dos ensinamentos do mestre Abdias para a cultura baiana e a garantia do acesso à sua obra pelas próximas gerações”, destacou o diretor geral da FPC Ubiratan Castro de Araújo.

A publicação é fruto do ‘Projeto Mestre Abdias e a Tecelagem do pano da Costa’ elaborado pelo IPAC em 1984. Ainda neste ano, foi instalado no terreiro de candomblé Ilê Axé Opô Afonjá o primeiro curso dedicado ao pano da costa, com coordenação do mestre Abdias e da sua filha e seguidora, a artesã Maria de Lourdes Nobre, ambos funcionários do IPAC. Em 1986 foi montado outro curso no mesmo terreiro e, em 1987, o IPAC sedia no seu museu Abelardo Rodrigues, no Solar Ferrão, a exposição ‘Pano da Costa’.

De acordo com o diretor geral do Instituto, Frederico Mendonça, essa é a primeira publicação da coleção ‘Cadernos do IPAC’ que reunirá trabalhos desenvolvidos pelas equipes de técnicos e especialistas da instituição. “Além de promover a preservação dos bens culturais, o IPAC tem por obrigação regimental, pesquisar e promover a produção técnica e científica com a qual trabalha e colaborar na formulação da política de educação patrimonial; com essa primeira publicação cumprimos todas essas prerrogativas”, afirma Mendonça.

A primeira tiragem da impressão do livro ‘Pano da Costa’ é de três mil exemplares que serão distribuídos para bibliotecas públicas estaduais, através da FPC, escolas e instituições que trabalham com a temática de matriz africana e com o segmento têxtil, entre outros, além de faculdades, universidades e órgãos de preservação cultural. Com a nova publicação resgata-se um passivo de conteúdos específicos da área de patrimônio cultural que já deveriam estar sendo difundidos nos 40 anos de existência do IPAC. “Depois do ‘Pano da Costa’ já dispomos de mais quatro outras publicações que serão editadas, e a próxima será sobre o ‘Carnaval de Maragojipe’ festa popular do Recôncavo que desde o ano passado (2009) está registrada como ‘Patrimônio Cultural da Bahia’”, revela o gerente do IPAC, Mateus Torres.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Abdias Nascimento está na lista do Nobel

Foto: Josias Santos|Portfolium| 12.7. 2006.
Cleidiana Ramos

O grande Abdias Nascimento está na relação dos candidatos que podem receber o Prêmio Nobel da Paz 2010. Pelo que ficou explícito no e-mail que recebi com a informação, a indicação partiu do Memorial Lélia González. Se a informação estiver incorreta, por favor, quem de direito, corrija, mas uma notícia dessa não pode esperar muito para circular.

Segundo o comunicado do Comitê que organiza o prêmio, 237 pessoas de todo o mundo estão concorrendo. O resultado deve sair em meados do mês de outubro.

Militante das causas contra o racismo, poeta, escritor, dramaturgo, dentre outras atividades, Abdias Nascimento é um dos mais importantes intelectuais negros do mundo. Fica aqui a torcida para a premiação vir, pois ela terá uma simbologia fantástica para o Brasil.

Para saber mais sobre Abdias, vale conferir o site oficial sobre a sua vida e obra. É só clicar aqui.

domingo, 18 de abril de 2010

Jean-Michel Basquiat

Notary 1983. Acrylic, oil paintstick and paper collage on canvas mounted on wood supports. Schorr Family Collection; on long-term loan to the Princeton University Art Museum

Apesar de não ter qualquer educação formal e de ter morrido bastante jovem, Jean-Michel Basquiat entrou para a História da Arte americana e, consequentemente, para a mundial. Quem era este jovem que foi amigo íntimo de Andy Warhol e, segundo consta, namorou com Madonna?

Jean-Michel Basquiat nasceu em Brooklyn, em 1960, mas os pais eram imigrantes de Porto Rico e do Haiti. Conhecendo bem a vida nos subúrbios e os problemas a ele inerentes, como o racismo, a imigração e a exclusão social, Basquiat tornou-se um símbolo dos desenhos urbanos dos anos 80.

Começou por ganhar destaque com os graffiti que fazia em Manhattan com a sigla SAMO (Same Old Shit). Interessado em hip-hop, jazz, basebol e boxe, mas também em poesia francesa, Leonardo Da Vinci e arte modernista, cedo se iniciou na pintura, comunicando com clareza e urgência a sua própria experiência de vida num tom neo-expressionista. As suas criações são uma combinação de símbolos, escrita e cores encontradas fora da "normalidade": são as cores da cidade, das ruas e do mundo em que viveu.

Nos anos 80 – quando tinha apenas 20 anos –, Basquiat ganhou reputação no meio artístico pela realidade que, de uma forma completamente nova, apresentava nos seus quadros. Inspirado na pintura dos países de origem dos seus pais e também na cultura africana, ele consegue dominar a cor, mesclando-a com palavras críticas e garrafais. Assim, a fama surgiu-lhe quase imediatamente, catapultando-o para a vida artística nas mais conceituadas galerias de Nova Iorque, e inserindo-o nos círculos de artistas mais em voga de então – como Andy Warhol com quem colaborou a partir de 1984 e de quem se tornou amigo próximo.

Não obstante todo o sucesso conquistado, Basquiat era uma pessoa atribulada que cedeu ao domínio da toxicodependência. Acabou por morrer de overdose de heroína em 1988, um ano depois do seu grande amigo e mentor, Andy Warhol. Tinha apenas 27 anos e deixou o mundo artístico como sendo o primeiro artista negro de relevo no mundo ocidental. Sem dúvida, um nome incontornável da pintura, especialmente de um dos mais inquietantes movimento artísticos do século XXI, a Pop Art.
Pegasus 1987. Acrylic, graphite and colored pencil on paper mounted on canvas. Courtesy John McEnroe Gallery
Gravestone 1987. Acrylic, oil and oil paintstick on wood. Collection Enrico Navarra
Jim Crow 1986. Acrylic and oil paintstick on wood. Private Collection, Paris
Philistines 1982. Acrylic and oil paintstick on canvas. Collection of Mr. and Mrs. Thomas E. Worrell Jr.
Native Carrying Some Guns, Bibles, Amorites on Safari 1982. Acrylic and oil paintstick on canvas. Collection of Hermes Trust (Courtesy of Francesco Pellizzi)
Exu 1988. Acrylic and oil paintstick on canvas. Collection Aurelia Navarra
Untitled 1981. Acrylic, spray paint, and oil paintstick on canvas. Courtesy The Stephanie and Peter Brant Foundation, Greenwich, CT
Untitled 1981. Acrylic and spray paint on canvas. Collection of Annina Nosei

sábado, 17 de abril de 2010

Roda Viva: segunda-feira - 19 de abril 2010 às 22h00

Roda Viva: segunda-feira - 19 de abril 2010 às 22h00 - transmissão pela TV Cultura a partir das 21h00
António Coutinho
Médico imunologista
Esse ano, 375 mil brasileiros devem ser diagnosticados com câncer. A luta contra a doença ganha novos capítulos todos os anos. São novas drogas que atacam apenas as células doentes, técnicas de radioterapia que agridem menos o organismo dos pacientes e avanços na elaboração de vacinas de prevenção.
O câncer é a doença que mais mobiliza a ciência na busca de cura. Os estudos e pesquisas mais recentes, incluindo as do professor António Coutinho, tem mudado e ampliado o entendimento sobre os mecanismos de defesa do corpo humano. E isso vem levando cientistas a também ampliar suas frentes de trabalho. De um lado, aperfeiçoando terapias já obtidas. De outro, buscando novas abordagens para decifrar e combater melhor os vários tipos de câncer.
O entrevistado do Roda Viva, o médico António Coutinho é diretor do Instituto Gulbenkian de Ciências, de Lisboa, e é considerado um dos cientistas mais influentes no mundo por suas pesquisas na área de imunologia. Coutinho trabalhou 16 anos no Instituto Pasteur, de Paris, onde chegou ao cargo de diretor da Unidade de Imunobiologia.
Participam como convidados entrevistadores:
Reinaldo José Lopes, repórter da editoria de ciência do jornal Folha de S. Paulo; Silvia Campolim, editora-chefe da revista Pesquisa Médica; Fabiane Leite, repórter da editoria Vida do jornal O Estado de S. Paulo e Ricardo Brentani, presidente da Fundação Antônio Prudente (Hospital do Câncer) e diretor da FAPESP.
Colaboradores:
Atila Iamarino, biólogo e coordenador do Scienceblogs Brasil (http://twitter.com/oatila); Ricardo Augusto Lombardi, jornalista (http://twitter.com/rics_lombardi); Rafael Bento da Silva Soares, biólogo, doutorando pela biotecnologia da USP (http://twitter.com/Rafael_RNAm) e Gabriel Correia, fotógrafo (http://www.flickr.com/meiapreta).
Apresentação: Heródoto Barbeiro
O Roda Viva é apresentado às segundas a partir das 22h00.
Você pode assistir on-line acessando o site no horário do programa.
http://www2.tvcultura.com.br/rodaviva

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Artes sob Pressão

Foto: J. Some
Leonardo Brant
Cultura&Mercado
A serviço das instâncias de poder, sustentadas entre si, como nos dias de hoje, atuam os sistemas financeiro, governamental e mídia. A arte assume uma preocupante função apaziguadora e definidora dos modos de vida e costumes. Joost Smiers, em Artes sob Pressão (2003), pergunta “onde os conglomerados culturais podem espalhar suas ideias sobre o que deve ser a arte, a questão crucial é: as histórias de quem estão sendo contadas? Por quem? Como são produzidas, disseminadas e recebidas?”

Para Smiers (2003), as obras de arte tornaram-se veículos com mensagens comerciais e “têm a função de criar um ambiente no qual a produção do desejo possa acontecer. Esse contexto é frequentemente cheio de violência”, diz.

A indústria audiovisual e seu extremo poder de alcance, das salas de cinema aos lares de todo o planeta, por meio de DVDs, games e websites interativos, é o melhor exemplo disso, como aponta o Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), de 2004, intitulado Liberdade cultural num mundo diversificado. De acordo com o documento, o comércio mundial de bens culturais – cinema, fotografia, rádio e televisão, material impresso, literatura, música e artes visuais – quadruplicou, passando de 95 bilhões de dólares norte-americanos em 1980 para mais de 380 bilhões em 1998. Cerca de quatro quintos desses fluxos têm origem em 13 países.

Segundo o relatório, Hollywood atinge 2,6 bilhões de pessoas e Bollywood (indústria de cinema indiano) cerca de 3,6 bilhões. O domínio de Hollywood é apenas um dos aspectos da disseminação ocidental de consumo. “Novas tecnologias das comunicações por satélite deram lugar, na década de 1980, a um novo e poderoso meio de comunicação de alcance mundial e a redes mundiais de meios de comunicação como a CNN”. O número de aparelhos de televisão por mil habitantes mais do que duplicou em todo o mundo, passando de 113, em 1980, para 229, em 1995. Desde então, aumentou para 243.

O resultado disso é a criação de um padrão de consumo global, com “adolescentes mundiais” compartilhando uma “única cultura pop mundial, absorvendo os mesmos vídeos e a mesma música e proporcionando um mercado enorme para tênis, t-shirts e jeans de marca”, afirma o relatório.

* trecho do livro O Poder da Cultura

Sobre "Leonardo Brant " http://www.brant.com.br

Pesquisador de políticas culturais. Autor do livro "O Poder da Cultura" e diretor do webdocumentário Ctrl-V::VideoControl.