quinta-feira, 19 de março de 2009

Cultura e crise econômica

Com a Cultura Pelo Brasil

Fabio Maciel - Cultura e Mercado
O segmento cultural, igualmente afetado pela atual crise mundial como inúmeros outros setores, não teve até agora medidas governamentais a ele voltadas que minimizassem seus drásticos efeitos. Preocupados com a situação dos trabalhadores do setor, achamos fundamental que medidas efetivas sejam tomadas, já que os resultados tendem a ser benéficos a toda a sociedade, e não somente ao segmento.

Temos de cobrar medidas urgentes do Governo Federal, dos Estados e dos Municípios, responsáveis igualmente por fomentar o desenvolvimento de nossa sociedade.

O Instituto Pensarte, apoiado por inúmeras outras entidades e pessoas que atuam na Cultura, lançou no final de fevereiro o manifesto denominado Menos impostos para a cultura, mais desenvolvimento para o Brasil, em forma de petição online, manifesto esse que já tem grande adesão em todo o país. Temos consciência de que apenas colher as assinaturas não é suficiente, portanto, inicia-se agora a segunda etapa desse movimento, que é articular mais intensamente, a partir de uma agenda propositiva, a imediata obtenção de um pacote direcionado ao setor cultural e que deve ser exigido pela sociedade em todas as instâncias de poder.

Realizaremos ato nacional no próximo dia 27 de março, respaldados pelo apoio já recebido a partir do manifesto supra citado, com a finalidade de reivindicar às esferas governamentais as medidas necessárias para o enfrentamento da crise no setor Cultural.

Como foco do ato teremos a mobilização em torno da redução da carga tributária para o segmento cultural e contra o contingenciamento da verba do Ministério da Cultura, propostas presentes no manifesto e que já contam com ampla adesão. Considerando outras medidas que ajudem a reduzir a crise no setor, o Instituto Pensarte propõe o debate de propostas que visem a:

- investimento em infra-estrutura;

- crédito subsidiado e facilitado; e

- fundo autônomo para as artes, integralmente gerido pela sociedade, com orçamento pelo menos igual à renúncia fiscal.

Diante das evidências e movidos pela certeza da unidade de forças, vimos a público convidar a todos para participar de um movimento nacional articulado, suprapartidário, que conta com artistas, produtores, gestores públicos e privados, técnicos, organizações culturais e empresários em torno de medidas que valorizem o setor cultural, reconhecendo a posição estratégica que deveria ter na sociedade brasileira.

Este movimento foi iniciado por um grupo de entidades culturais e busca adesão em todas as instâncias, públicas e privadas. Não é de oposição. Busca o reconhecimento de esforços, parceria e diálogo com os poderes públicos nas esferas municipais, estaduais, federal em torno de uma agenda política concreta e positiva para a cultura.

Será a oportunidade de entregarmos o manifesto pela redução de impostos, que precisa de mais assinaturas para legitimar e reforçar o movimento, que atinge todas as esferas da sociedade. Além do manifesto já mencionado, Menos impostos para a cultura, mais desenvolvimento para o Brasil, temos outros dois que circulam pela rede, Pela revisão da Lei Complementar 128/08 e Produtoras de cinema não se beneficiam mais do Simples. Chegou a hora de juntarmos esforços e, unidos, a partir da Cultura, lutarmos em prol do Brasil.

Cultura e crise econômica

A fonte secou
Estado de Minas - Sérgio Rodrigo Reis
As implantações da Lei Rouanet e das estaduais e municipais de incentivo à cultura trouxeram um importante volume de verbas para o setor artístico na última década no Brasil. Baseadas no lucro das empresas, elas passaram a fomentar, em troca de isenção de parte dos impostos, setores como a música, as artes plásticas, o cinema, o teatro, o patrimônio histórico e a criação e manutenção de festivais. Pouco a pouco, com o êxito do mecanismo, os governos deixaram de investir diretamente na área e passaram a transferir as responsabilidades para o mecenato. Com a crise da economia, a fonte secou. Boa parte dos projetos aprovados está parada e os produtores e criadores, apreensivos. Por outro lado, as empresas não têm perspectiva, a curto prazo, de voltar a investir como antes. O horizonte não é dos melhores.
Ao contrário de setores da economia que receberam atenção especial do poder público para diminuir a turbulência dos mercados, como redução de impostos, o campo cultural, até agora, mesmo com números a seu favor, não obteve nenhuma ajuda substancial. Atualmente, o setor participa, de acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com 4% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Emprega, como defendem os dados do setor, mais que a indústria automobilística e, o que é melhor, em atividades descentralizadas e espalhadas em todo, território nacional. Também gera trabalho informal, mantém comunidades isoladas vivas e projetos sociais em atividade. Todos, sem exceção, estão de alguma forma ameaçados. “A crise chegou forte entre nós. O problema é que a lógica do sistema de financiamento da cultura está atrelada ao lucro. Se as empresas não têm lucro, não geram impostos e, como consequência, não há patrocínio”, explica Marcela Bertelli, diretora da Duo Informação e Cultura, produtora responsável por vários projetos culturais em andamento. Seu temor não é isolado.
Um grupo de produtores culturais mineiros se antecipou ao poder público e, numa reunião informal, na semana passada, discutiu as possíveis alternativas para debelar a crise. As demandas específicas foram deixadas de lado em prol de possíveis alternativas mais abrangentes. O saldo dessa primeira rodada de debates foi positivo. Afonso Borges, diretor da AB Comunicação e Cultura, responsável por projetos da área literária, como o Sempre um Papo, cita algumas medidas que poderiam, de imediato, minimizar os efeitos da turbulência dos mercados. Hoje, só as empresas com lucro real podem aplicar na Lei Rouanet. “Por que não se basear no lucro presumido?”, sugere. No âmbito estadual, considera fundamental a retirada da obrigatoriedade da contrapartida de verbas próprias das empresas para projetos incentivados. Já na lei municipal de Belo Horizonte, pondera que a pouca verba disponível deveria ser aumentada. “Por que não estender também para o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), como em São Paulo? Contar só com o ISS (Imposto Sobre Serviço) é muito pouco.”
Impacto
A situação em Minas anda preocupante. Como os principais investimentos incentivados da cultura vêm de empresas ligadas ao setor minerador, que tiveram forte impacto da crise, a atividade está parada. “A composição de eventos da área precisa dessa parceria para se viabilizar. Sem os investimentos incentivados, torna-se inviável. Somente a bilheteria não é suficiente para pagar os custos. No caso dos eventos gratuitos, eles simplesmente deverão parar”, diz Aluízer Malab, que está à frente de boa parte dos últimos shows internacionais realizados na capital e de eventos como o Festival de Música Eletrônica. A situação de turbulência não atingiu o poder aquisitivo do consumidor final dos seus projetos. O produtor explica que os eventos já negociados estão garantidos, mas a preocupação é pela continuidade. “Neste momento, o que todos fazem é retrair. Possivelmente, vamos deixar de realizar coisas. A preocupação é preventiva. O impacto deverá vir fortemente mais adiante”, alerta.
Fora da lei
O produtor Lúcio Oliveira, da Art BHZ, se afastou dos recursos das leis de mecenato nos últimos anos para buscar alternativas de realização dos eventos. Sua situação é menos traumática do que a dos companheiros. “Hoje, nem 10% dos nossos projetos são lastreados em lei. Há dois anos, eram mais de 50%.” Em seu caso, a crise está mais branda. “Não houve retração no nosso consumidor final: o comprador de ingressos. Trabalhamos com turnês nacionais, algumas como a que o Circo Internacional da China fará agora, vai passar por 25 cidades do país.” Até então, ele não sofreu nenhuma quebra de contrato ou cancelamento de shows por causa da crise. Mesmo assim, não está tranquilo. Quando observa os projetos empresariais ligados à cidadania, a situação é de caos total. “O maior financiamento desses projetos vem da lei federal, que tem valores mais expressivos.” Outra preocupação do produtor é em relação ao sentimento de cautela que tomou conta dos empresários. “Eles têm julgado pouco estratégico apoiar ações como shows gratuitos quando estão, simultaneamente, demitindo operários”, diz Lúcio.
A maioria dos produtores acredita que existem saídas. “Já vivemos várias crises. Aos poucos vamos começando a buscar alternativas. O difícil é quando não se consegue entender o tamanho do problema”, pondera Marcela Bertelli, da Duo. A desvinculação parcial da produção cultural das leis de mecenato é uma alternativa que Lúcio Oliveira considera fundamental para atacar as adversidades do mercado. “A cultura deveria ter um orçamento efetivo e não se lastrear apenas dentro da leis, como hoje. Por isso, ficam vulneráveis.” Atualmente, o setor recebe menos dos 1% do orçamento federal para todas as ações na área cultural, em todo o Brasil. “Qual país, que pretende ter qualidade de vida, destina menos de 1% para as artes?”, questiona Lúcio.
http://www.uai.com.br/em.html

quarta-feira, 18 de março de 2009

Organizações Sociais e Crise econômica

As Organizações Sociais e a Crise econômica
GIFE - Maria Elena Pereira Johannpeter
A crise econômica mundial certamente não é um problema que atinge apenas as grandes empresas. Todos os setores da sociedade de uma forma ou de outra também sentirão os efeitos deste cenário marcado por incertezas e dúvidas, enxugamento de investimentos, fechamento de fábricas e demissão de profissionais. Mas o que o Terceiro Setor tem a ver com tudo isso? Em um país onde existe cerca de 300 mil organizações sociais, a resposta é muito.
Todas as variações ocasionadas por essa turbulência exigem das instituições um reposicionamento frente à elaboração e condução de seus projetos. Com investimentos limitados, as empresas serão mais exigentes quanto aos resultados e à prestação de contas dos recursos repassados; o cidadão vai querer saber muito bem sobre a instituição com a qual contribui; e o consumidor fecha o ciclo ao escolher produtos de empresas ativamente engajadas com o social. Quem ganha com isso é a própria instituição – que a cada trabalho poderá desenvolver e aperfeiçoar sua metodologia – e a comunidade ou público beneficiado, que receberá um serviço ainda melhor e terá mais transparência no relacionamento.
No Brasil, o Terceiro Setor tem uma participação econômica muito expressiva: hoje ele representa 5% do PIB nacional (segundo pesquisa do Programa de Voluntários das Nações Unidas em parceria com a Universidade de John Hopkins, dos EUA).
Em escala global, o mesmo estudo constatou que se o Terceiro Setor de 26 países analisados formasse uma única nação, ela seria a sexta maior economia do mundo, apresentando um PIB maior do que o do Reino Unido. Ou seja, um segmento que envolve cerca de 1,5 milhão de assalariados (ou 5,5% dos empregados de todas as organizações formalmente registradas no Brasil) e com tamanha força econômica pode sofrer um impacto imensurável caso não sejam iniciadas medidas preventivas no âmbito de gestão.
Embora ainda não se tenha um entendimento preciso quanto ao resultado final dessa oscilação econômica, o momento é de acelerar a profissionalização. As organizações da sociedade civil precisam estar cientes dos efeitos da crise e investir na criatividade para não deixar na mão seu público beneficiado.
Possivelmente, os investidores sociais já estejam priorizando iniciativas mais claras, objetivas e sustentáveis. Quiçá com um cenário de maior exigência – mas também de oportunidade – seja menos difícil separar-se o joio do trigo e os investimentos possam ser canalizados para projetos sérios, transparentes e com impacto nas suas comunidades.
*Maria Elena Pereira Johannpeter é Presidente Executiva (Voluntária) da ONG Parceiros Voluntários. E-mail: melena@parceirosvoluntarios.org.br.
http://www.gife.org.br/

terça-feira, 17 de março de 2009

Prêmio Vivaleitura 2009

Obra: Deborah Engel
O Prêmio é de abrangência nacional e tem o objetivo de fomentar a leitura e também reconhecer as boas práticas que acontecem em todo o Brasil nessa área. É dividido em três categorias: Bibliotecas Públicas, Privadas e Comunitárias; Escolas Públicas e Privadas; e Sociedade (empresas públicas e privadas, ONGs, pessoas físicas, universidades e instituições sociais). Cada um dos três vencedores (um em cada categoria) vai receber R$ 30 mil , além de diploma e troféu. Também são concedidas menções honrosas a vários projetos. Condições de participação Vencedores de 2008
Mira Schendel

domingo, 15 de março de 2009

Crise exige mudança no mercado de arte contemporânea

Crise exige mudança no mercado, por

Holland Cotter, Folha de S. Paulo

Matéria de Holland Cotter, do New York Times, publicada em português, com tradução de Clara Allain, na sessão Ilustrada, do jornal Folha de S. Paulo, em 23 de fevereiro de 2009.

É mais uma vez hora de os artistas terem outros empregos convencionais; o segredo é fazer deles uma fonte de energia

No ano passado, a revista norte-americana "Artforum" possuía a espessura de uma lista telefônica, com edições de cerca de 500 páginas, a maioria das quais com anúncios de galerias. A edição atual tem pouco mais de 200 páginas. Muitos anúncios desapareceram.

Com sua reputação duradoura de transações pouco claras e valores inchados, o mercado de arte contemporânea é um organismo vulnerável, tradicionalmente atingido dura e precocemente por qualquer mal-estar econômico. É o que está acontecendo agora. As vendas desaparecem no ar. Carreiras estão minguando. Aluguéis em Chelsea estão sem pagar. O boom que havia deixou de existir.

A diminuição não foi quantitativa, de maneira alguma. Nunca antes houve tanto produto. Nunca antes o mundo americano das artes funcionou com tanta eficiência como indústria de marketing no modelo corporativo, dotada de todos os serviços necessários.

Todos os anos, escolas de arte em todo o país produzem milhares de formandos preparados para o sucesso, gente a quem caberá fornecer produtos desejáveis para as galerias e casas de leilões. Eles contam com o respaldo de hostes de especialistas em relações públicas (também conhecidos como críticos, curadores, editores, publishers e teóricos de carreira), que fornecem informações atualizadas e pontuais sobre o que significa "desejável".

Muitos desses especialistas fazem parte, direta ou indiretamente, da folha de pagamentos dessa indústria, que é controlada por outro conjunto de profissionais: os marchands, corretores, assessores, financistas, advogados e (figuras cruciais nesta era de feiras de arte) planejadores de eventos, que representam a divisão de marketing e vendas da indústria.

São essas as pessoas que vasculham as escolas de arte, identificam talentos novos, orientam carreiras e, por meio de algum cálculo inescrutável, determinam o que vai vender -e por qual valor.

Não que esses departamentos sejam separados de qualquer maneira: as divisórias éticas não fazem o estilo dessa indústria. Apesar da profissionalização da década passada, o mundo da arte ainda gosta de enxergar-se como um grande e único barco do amor. Noite após noite, críticos e colecionadores consomem jantares pagos por marchands que estão promovendo artistas, ou museus que estão promovendo exposições, com todos juntos à mesa, bajulando uns aos outros, trocando ideias e farpas, pesando as vibrações.

E onde está a arte em tudo isso? Proliferando, mas enfraquecida. A "qualidade", definida primariamente como habilidade formal, está em voga outra vez, como parte integral de um revival conservador -alguns diriam regressivo- da pintura e do desenho. E ela nos vem dando uma enxurrada de desenhos bem feitos, esculturas engenhosas, fotografias meticulosas e espetáculos cuidadosamente encenados, cada um baseado nos mesmos elementos fundamentais: uma ideia única, embutida no trabalho e exposta na declaração de um artista, e um visual ou estilo feito para captar a atenção tanto quanto o refrão numa canção de rock.

As ideias não variam muito. Durante algum tempo, ouvimos muito sobre o radicalismo da beleza; mais recentemente, sobre a política subversiva da ambiguidade estetizada. Seja o que for, é tudo alimento para o mercado. A tendência chegou a um nadir na véspera da eleição presidencial, quando, com fanfarra triunfalista, o New Museum, em Nova York, expôs uma pintura de Michelle Obama feita por Elizabeth Peyton e a acrescentou à retrospectiva da artista. O intuito promocional da exposição era evidente. E a grande declaração política? Que o establishment das artes votara no partido Democrata.

Expectativas Os estudantes que ingressaram na escola de arte alguns anos atrás provavelmente terão que sair dela com expectativas drasticamente modificadas. Eles terão que se considerar com sorte se tiverem as facilidades profissionais hoje vistas como algo garantido e certo: a exposição solo numa fase precoce da carreira, as vendas iniciais, a possibilidade de poder viver de sua arte.

Hoje nos EUA é mais uma vez hora de artistas terem outros empregos convencionais para sobreviver, e tudo bem. Os artistas sempre tiveram esses empregos (Van Gogh foi pregador; Pollock, assistente de garçom) e os terão novamente. O segredo é fazer deles uma fonte de energia, e não algo que cansa e exaure.

Ao mesmo tempo, os artistas também poderão tomar conta da fábrica e tornar deles a indústria da arte. Coletiva e individualmente, poderão customizar os equipamentos, alterar os modos de distribuição, ajustar ritmos de produção de modo a permitir crescimento orgânico e mudanças de rumo e objetivo. Poderão fantasiar e se concentrar. Poderão fazer nada por algum tempo, ou fazer alguma coisa e fazê-la errada, poderão fracassar em paz e recomeçar.

Escolas As escolas de arte também poderão mudar. A meta atual dos programas de ensino prático parece ser estreitar o talento até aguçá-lo para que possa penetrar agressivamente na arena competitiva. Mas, com os mercados incertos, possivelmente inexistentes, por que não afrouxar esse modo?

Por que não fazer do treinamento em ateliês uma experiência interdisciplinar, que se entrecruze com sociologia, antropologia, psicologia, filosofia, poesia e teologia? Por que não embutir em seu programa de estudos um semestre de estudos e trabalho que tire os estudantes totalmente do mundo das artes e os insira em lugares como hospitais, escolas e prisões, às vezes em ambientes extremos -ou seja, na vida real?

Mudanças como essas exigiriam novas maneiras de pensar e escrever sobre a arte, de modo que os críticos teriam que voltar à escola, faltar a algumas festas e mergulhar nos livros e na internet. A discussão sobre a "crise na crítica" percorre o mundo da arte periodicamente, sugerindo uma nostalgia pelos criadores de gosto à moda antiga, como policiais do trânsito.

Mas, se existe uma crise, não é uma crise de poder; é uma crise de conhecimento. Para dizê-lo em palavras simples, não sabemos o suficiente sobre o passado ou sobre quaisquer outras culturas exceto a nossa.

O século 21 quase certamente verá mudanças modificadoras de consciência no acesso digital ao conhecimento e na moldagem da cultura visual. O que os artistas farão com isso?

Será que a indústria da arte vai continuar a agarrar-se ao status analógico tradicional da arte, insistir que o objeto material, comprável é a única forma de arte verdadeiramente legítima, que é o que fez realmente o revival da pintura? Ou os artistas -e os professores e críticos- vão nadar para uma terra que ainda é difícil de localizar nos mapas e fazer dela seu lar e seu local de trabalho?

Posted by Ana Maria Maia | Comentários(1)
Comments

Acho o texto super pertinente, embora se refira a ao contexto das artes de Nova York. É óbvio que a crise atingirá a todos, incluindo o mercado de arte no Brasil. Mas as questões abordadas no texto - as mudanças profundas que podem acontecer para o meio artístico (artistas, escolas de arte, etc) em decorrência da crise - são de fato "reestruturantes" naquele contexto específico de NY, onde se vivia um deslumbre econômico mesmo para jovens artistas.

Seja como for, as mudanças profundas, que alteram as próprias estruturas daquilo que parecia consolidado e eterno, são sempre benvindas para a arte. Para a arte, não necessariamente para o mercado. Espero que essas mudanças ocorram por aqui também.

Posted by: marina at março 9, 2009 6:50 PM

quinta-feira, 12 de março de 2009

mas afinal, o que é CULTURA?!

Definição de CULTURA

O primeiro ponto de debate quando o tema é cultura diz respeito à sua própria definição. A menção à cultura como o que singulariza as pessoas e os grupos, uns com relação aos outros*, é comumente defendida e cobre praticamente todas as criações de um determinado povo, além de seus valores e formas de comportamento. Fala-se assim de cultura brasileira, alemã ou vietnamita; de cultura gaúcha, paulista ou paraense. Seguindo essa linha, a Constituição do Brasil define (art. 216):

“Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I – as formas de expressão;

II – os modos de criar, fazer e viver;

III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas

IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”.

Entretanto, vários outros significados somam-se a este, conforme o contexto e a formação de quem o esteja empregando até que, de forma mais ampla, cultura incorpora tudo o que o homem cria. Assim, as estatísticas da cultura da UNESCO compreendem categorias tão distintas como herança cultural: literatura e impressos; música; artes ao vivo; audiovisual; atividades socioculturais; esportes e jogos; ambiente e até mesmo natureza. Na antropologia, o termo cultura é utilizado para designar um modo de viver. Na psicologia social, “cultura engloba alguma forma nova de comportamento comunicada aos outros membros da espécie, de tal maneira que se torna um hábito comum para grande número desses” **.

Para os artistas de forma geral, cultura é tudo aquilo que os inspira e se concretiza em obras de arte, sendo várias as menções bibliográficas que utilizam cultura e arte de forma praticamente sinônima. Aqui, consideramos cultura como a produção material e imaterial de uma sociedade e que lhe dá seu caráter distintivo. Assim, inclui, mas não se limita à produção artística. Cultura, aqui, abrange desde a produção de elementos da chamada indústria cultural, como livros, revistas, jornais, filmes, vídeos e CDs, até o fruto do trabalho dos nossos milhares de cozinheiros, escultores, paneleiros, rendeiras, tapeceiros e tantos outros que encantam por sua singeleza de criadores anônimos. Quando mencionamos “projetos culturais”, estamos fazendo menção a projetos que utilizam formas de manifestação validadas como expressões de um povo, englobando desde produções artísticas e festas folclóricas, até pesquisas linguísticas e resgates do patrimônio histórico.

A arte, por seu lado, é tomada como canal de comunicação da cultura e sua forma de expressão mais flagrante. O artista é considerado um vanguardista intuitivo, capaz de contextualizar no presente elaborações ainda flutuantes no inconsciente coletivo. Ele utiliza o vocabulário da estética para dar voz a nossos sentimentos e pensamentos, para pôr em contato fragmentos incomunicáveis de nós mesmos. A arte é considerada aqui sem julgamento estético e entendida de forma adimensional, tocando valores e emoções alheios a qualquer fronteira geográfica ou temporal, viajando com a mesma leveza entre o resgate do passado e concepções futuras; recuperando o conceito tão desgastado de ser humano universal.

* - Brébisson, Guy de. Le Mécénat

** - Klineberg, Otto. Psicologia Social, p. 44

FONTE: Marketing Cultural e Financiamento da Cultura – Ana Carla Fonseca Reis – Thomson, 2003

terça-feira, 10 de março de 2009

NOVO FORMULÁRIO DA LEI ROUANET

MINISTÉRIO DA CULTURA
CONVOCATÓRIA COM NOVIDADES
A Representação Regional Nordeste do Ministério da Cultura oferece mais um recurso para os interessados em acompanhar a videoconferência sobre a nova forma de preenchimento do formulário eletrônico da Lei Rouanet. Quem não puder comparecer as salas do BNB ou encontro presencial em Recife, poderá acessar a videoconferência, no horário do evento, a partir de seu próprio computador pelo endereço www.institutoembratel.org.br clicando no link da TvPontoCom. Mais informações : (81) 3224.0561 / 3224.1899 / 3424.8862.
FONTE: Boletim RRNE MinC, quinta-feira, 5 de março de 2009
CONVOCATÓRIA
Com o objetivo de auxiliar o aprendizado sobre o cadastramento de propostas culturais no novo formulário eletrônico da Lei Rouanet, a Representação Regional Nordeste do Ministério da Cultura convida gestores, artistas, produtores, Pontos de Cultura e representantes de entidades culturais para participar da videoconferência nas salas do BNB de seu estado, dia 10/03, das 14h30 às 17h. As inscrições devem ser feitas pelo endereço videoconferencia.ne@gmail.com até o dia 09 de março, informando nome, RG e a cidade de origem. Os interessados poderão participar de encontro presencial no Recife sobre o mesmo tema, dia 11/03, na Casa da Indústria (Av. Cruz Cabugá, 767 – Santo Amaro, Recife). Outras informações (81) 3224.0561 / 3224.1899 / 3424.8862.
FONTE: Boletim RRNE MinC, terça-feira, 3 de março de 2009

segunda-feira, 9 de março de 2009

Prestação de Contas
Senhoras e Senhores,
Até a presente data, 9 de março de 2009, não recebemos doações para a implantação do nosso sistema EaD usando o moodle.
Cordialmente,
Rosângela Guedes