Publicação “Pano da Costa” é lançada nesta sexta-feira (23), pela FPC e IPAC
O pano da costa que – segundo alguns historiadores - foi o principal produto africano exportado e consumido na Bahia nos séculos 18 e 19, referência cultural para as nações da costa oeste da África e indumentária sagrada para candomblés baianos, é o principal tema da mais nova publicação do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão do Governo do Estado, vinculado à Secretaria de Cultura (Secult-BA).
O livro intitulado ‘Pano da Costa’ e ilustrado com fotos, pinturas, desenhos e gravuras, será lançado – em parceria com a Fundação Pedro Calmon (FPC) – na próxima sexta-feira, dia 23 (abril, 2010), às 17 horas, na biblioteca Manuel Querino, localizada no secular imóvel do Solar Ferrão (Rua Gregório de Mattos, 45), no Pelourinho, em Salvador.
Na mesma ocasião, o IPAC lançará, também, o folder ‘Patrimônio Cultural da Bahia’ que, pela primeira vez na história do Estado, reúne em uma só publicação todos os bens culturais, materiais e imateriais, existentes no território baiano. Trata-se de bens que estejam protegidos pelos poderes públicos estadual e federal, através de notificações, registros ou tombamentos, respectivamente, como ‘Patrimônio da Bahia’ ou ‘Patrimônio do Brasil’.
O livro ‘Pano da Costa’ traz artigos de historiadores, sociólogos e especialistas do IPAC, além de artistas plásticos e artesãos, constituindo em um importante estudo sobre a história e o método de tecelagem dessa peça têxtil, bem como num resgate histórico e homenagem ao mestre dessa arte, o baiano Abdias do Nascimento Nobre (1910-1994), nascido no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, Centro Histórico de Salvador, e descendente de africanos. “O lançamento do livro é o reconhecimento da importância dos ensinamentos do mestre Abdias para a cultura baiana e a garantia do acesso à sua obra pelas próximas gerações”, destacou o diretor geral da FPC Ubiratan Castro de Araújo.
A publicação é fruto do ‘Projeto Mestre Abdias e a Tecelagem do pano da Costa’ elaborado pelo IPAC em 1984. Ainda neste ano, foi instalado no terreiro de candomblé Ilê Axé Opô Afonjá o primeiro curso dedicado ao pano da costa, com coordenação do mestre Abdias e da sua filha e seguidora, a artesã Maria de Lourdes Nobre, ambos funcionários do IPAC. Em 1986 foi montado outro curso no mesmo terreiro e, em 1987, o IPAC sedia no seu museu Abelardo Rodrigues, no Solar Ferrão, a exposição ‘Pano da Costa’.
De acordo com o diretor geral do Instituto, Frederico Mendonça, essa é a primeira publicação da coleção ‘Cadernos do IPAC’ que reunirá trabalhos desenvolvidos pelas equipes de técnicos e especialistas da instituição. “Além de promover a preservação dos bens culturais, o IPAC tem por obrigação regimental, pesquisar e promover a produção técnica e científica com a qual trabalha e colaborar na formulação da política de educação patrimonial; com essa primeira publicação cumprimos todas essas prerrogativas”, afirma Mendonça.
A primeira tiragem da impressão do livro ‘Pano da Costa’ é de três mil exemplares que serão distribuídos para bibliotecas públicas estaduais, através da FPC, escolas e instituições que trabalham com a temática de matriz africana e com o segmento têxtil, entre outros, além de faculdades, universidades e órgãos de preservação cultural. Com a nova publicação resgata-se um passivo de conteúdos específicos da área de patrimônio cultural que já deveriam estar sendo difundidos nos 40 anos de existência do IPAC. “Depois do ‘Pano da Costa’ já dispomos de mais quatro outras publicações que serão editadas, e a próxima será sobre o ‘Carnaval de Maragojipe’ festa popular do Recôncavo que desde o ano passado (2009) está registrada como ‘Patrimônio Cultural da Bahia’”, revela o gerente do IPAC, Mateus Torres.
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