domingo, 7 de fevereiro de 2010

Indústria criativa gera emprego e renda na capital e no interior

Donaldson Gomes, do A TARDE
Welton Araújo / Agência A TARDE
Sylvia Abreu, produtora de cinema

A Caco de Telha Entretenimento promete chegar aos 1,75 mil empregos diretos e indiretos no período do Carnaval. O homem que não dormia, do cineasta baiano Edgard Navarro investiu 70% do R$ 1,8 milhão da filmagem para contratar aproximadamente 100 profissionais. A peça Joana D‘Arc gerou trabalho para 50 pessoas. Os exemplos acima demonstram o potencial econômico da indústria criativa na Bahia, que apesar de estampar a cultura como principal cartão de visitas, carece de informação sobre o setor.

A primeira vez que o governo brasileiro investiu na pesquisa sobre a economia da cultura foi durante a passagem do baiano Gilberto Gil pelo Ministério da Cultura (Minc), numa parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A ideia era o desenvolvimento de uma economia que responde por 7% das riquezas mundiais, de acordo com estimativas do Banco Mundial, cujo crescimento anual seria de 6,3% em média, superiores aos 5,7% da média.

O diagnóstico mostrou que o Brasil conta com 320 mil empresas voltadas à produção cultural, o que representaria 5,7% do total no País, com a geração de 1,6 milhão de empregos formais, o equivalente a 4% dos postos de trabalho.

De acordo com o coordenador de Divulgação do IBGE, Joilson Rodrigues, os dados são válidos, apesar de terem sido recolhidos há quatro anos ou mais. “Trata-se de uma pesquisa estrutural, que demora de perder a validade”, defende, ressaltando que as estruturas produtivas não costumam se modificar de forma drástica. “Infelizmente, não presenciamos uma grande revolução cultural nos últimos anos, capaz de tornar as pesquisas velhas”.

Cenário na Bahia - Se no plano nacional ainda estão sendo dados os primeiros passos na formulação dos indicadores, o cenário de pesquisa é incipiente. Na última quarta-feira foi publicada a primeira pesquisa sobre o Carnaval em Salvador. Ainda que esteja longe de um retrato completo da folia por não dar conta de todo o Estado, ou do comportamento dos turistas durante a festa, o boletim sobre o comportamento dos residentes de Salvador durante o Carnaval 2009 é considerado um avanço considerável.

No lançamento do boletim, o secretário Márcio Meirelles destacou a importância da pesquisa para a gestão pública. “Precisamos saber o que existe e qual é a demanda”, explicou. “É uma economia poderosa. Aqui temos a indústria do axé, que é o nosso rock’n roll, gerando empregos o ano inteiro”.

Um exemplo da pujança do “nosso rock‘n roll” pode ser percebido na preparação da Caco de Telha Entretenimento para o Carnaval 2010. Do dia 10, quando produz o show de Beyoncé e Ivete Sangalo, até a Quarta-feira de Cinzas, dia 17, a empresa pretende gerar 1,75 mil empregos diretos e indiretos.

Mas nem todas as atividades da indústria criativa possuem os recursos da Caco de Telha, apesar de também contribuir ativamente para a economia baiana. “Embora não se trate de uma grande montagem, se comparada a uma ópera ou evento de grande porte em espaço público, Joana D’Arc é um bom exemplo”, exemplifica a produtora Virgínia Da Rin. Segundo ela, a produção foi responsável pela geração de 50 empregos. E o número aumenta quando se leva em conta os indiretos, como as empresas de mídia, funcionários do teatro, etc.

Para a produtora, a ideia de indústria não pode ser generalizada a todas as atividades culturais. “É preciso ter atenção para não generalizar e não comprometermos o papel do Estado de assumir o fomento, promover, prover e incentivar a criação e produção, especialmente das manifestações e expressões artísticas não comerciais”, acredita Virgínia.

A diretora de planejamento estratégico da Secretaria de Planejamento, Carmem Lúcia Lima, tem a visão da cultura como um segmento estratégico para o desenvolvimento do Estado. Como pesquisadora, ela tem diversos trabalhos publicados a respeito da importância da indústria criativa e acredita que agora vai ser possível ampliar o trabalho de pensar o futuro da atividade. “O pensamento tradicional sobre indústria tem foco na petroquímica, siderúrgica, metalúrgica etc, que são importantes, mas nós consideramos primordial ter a indústria cultural no PPA também”, comenta em relação ao Plano Plurianual, que define as prioridades de desenvolvimento do Estado pelos próximos quatro anos.

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