segunda-feira, 12 de julho de 2010

Twitter versus Facebook

Ricardo Freire
Um dia qualquer, lá no início do remoto ano de 2004, o Rui, um colega nerd-chique que era meu vizinho de mesa, me apresentou a um site revolucionário que tinham acabado de lançar. Você se inscrevia e podia encontrar pessoas importantes de qualquer área, que respondiam às suas dúvidas e ajudavam nas suas pesquisas como se fossem velhos amigos. O site tinha um nome esquisitíssimo: Orkut.
Sim. Entrei no Orkut nos primórdios daquilo que veio a ser conhecido como "mídias sociais". Meu perfil orkutiano está preenchido em inglês não por pedantismo, mas porque essa era a única língua disponível. Não, nem tente me achar: deve haver mais ou menos uns 4.981 Ricardos Freires no Orkut.
Nunca entendi direito para que aquilo servia, fora me ver obrigado a dar feliz aniversário para todo mundo e ser constantemente ameaçado com convites para reuniões da turma da escola. No fim daquele ano iniciei meu blog, para onde acabei desviando toda a minha vida social on-line.
Assisti de fora a invasão brasileira ao Orkut, sua massificação e declínio. No ano passado, no entanto, resolvi dar uma chance a seu sucedâneo, o Facebook. E, num surto de socialização virtual, acabei entrando na mesma hora no Twitter.
O Twitter e eu nos entendemos desde o instante zero. Descobri nele um substituto perfeito para o telefone, o e-mail e as homepages dos grandes portais. Encontrei gente bacana, fui descoberto por outros tantos, ganhei um lugar para falar bobagens descartáveis e ensaiar textos maiores.
Enquanto isso, no Facebook... me sinto enganando os 863 amigos que gentilmente me procuraram para celebrar nossa amizade on-line. São pessoas não apenas queridas, como entusiasmadas, que me mandam convites, presentes, solicitações para eventos tanto físicos quanto virtuais.
Precisei ver o número de demandas empilhadas na minha página inicial do Facebook para descobrir por que gosto tanto do Twitter. O Facebook é mais um escaninho para armazenar tarefas que não poderei cumprir. Já no Twitter tudo é instantâneo. O que passou, passou.
Não adianta: ou bem você feicebuca, ou bem você tuíta. (Ops: preciso tuitar isso.)
Nota:
Texto originalmente publicado n'O Estado de São Paulo em 30 de abril de 2010.

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