No ensino médio, a situação é ainda pior: só 50,9% dos jovens chegam ao fim do curso. No Amapá e no Acre, o percentual é mais baixo: 35,5% e 37,4% respectivamente. O Nordeste é a região com pior indicador no ensino médio: só 44,6% de concluintes, percentual próximo do encontrado no Centro-Oeste (44,8%) e no Norte (45,2%).
Segundo o relatório, um em cada quatro estudantes de ensino médio no Brasil é reprovado ou abandona a escola. Citando dados de 2007, o estudo informa que 12,7% dos jovens matriculados no nível médio foram reprovados e outros 13,2% largaram o estudo, totalizando 25,9%.
Amazônia Legal tem cerca de 160 mil jovens fora da escola.
- A realidade dos 15 aos 17 anos é um desastre. Se tem desigualdade dos 7 aos 14 anos, dos 15 aos 17 fica pior - diz a coordenadora do Programa de Educação do Unicef no Brasil, Maria de Salete Silva.
Para ela, o ensino médio precisa ser reformulado, pois, do jeito que está estruturado, não faz sentido para grande parcela da juventude. Salete criticou também a cultura da reprovação nas escolas:
- A repetência não ajuda. Se ela criasse pessoas qualificadas, o Brasil era o país com mais gênios no mundo.
Mais de 70% dos municípios atingiram metas de evolução do Ideb em 2007, diz Unicef.
São Paulo tem o maior percentual de concluintes do ensino médio: 68,6%. No Rio, são 44,5% - menos, portanto, que a média nordestina.
No ensino fundamental, Minas Gerais tem o percentual mais positivo, com 79% de concluintes. No Rio, apenas 57,8% dos alunos chegam ao fim da 8 série. Nos dois níveis de ensino, o Sudeste tem os melhores números.
As desigualdades são o foco do relatório "Situação da Infância e da Adolescência Brasileira - 2009 - O direito de aprender". O texto destaca que 97,6% da população de 7 a 14 anos frequentava a escola em 2007, mas chama a atenção para o fato de que os 2,4% sem estudar representavam 680 mil crianças e jovens, dos quais 450 mil negros.
Já na faixa dos 15 aos 17 anos, apenas 82,1% dos jovens estudavam, sendo que somente 48% cursavam o ensino médio. Em termos de acesso, a estatística revela que 17,9% dos brasileiros nessa faixa etária estavam fora da escola.
A representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, defendeu o aumento de investimentos no ensino, subindo do atual patamar de 4,6% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma de riquezas produzidas no país) para 8% do PIB. O Ministério da Educação tem como meta atingir 6%, mesmo índice sugerido por outra agência das Nações Unidas, no caso a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
- Em relação à pergunta se o Brasil tem dinheiro para isso, sim, o Brasil tem como fazer essa escolha - disse Marie-Pierre.
O Unicef elogia o Plano de Desenvolvimento da Educação lançado pelo presidente Lula em abril de 2007. Segundo Marie-Pierre, o programa aponta o caminho certo. Ela teme, contudo, que o fosso de exclusão cresça, caso o governo não lance mão de políticas específicas para melhorar o ensino de pobres, negros, indígenas e moradores das zonas rurais.
- Se o país só continuar melhorando alguns indicadores, esses que ficam fora podem ficar mais fora ainda - afirmou a representante do Unicef.
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