terça-feira, 30 de novembro de 2010
Selvador; planejamento urbano e emburrecimento humano
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Bonita desde os tempos da vovó
Quem nunca ouviu falar no creme Rugol para prevenção das rugas? E a mirabolante Maravilha Curativa do Dr. Humphreys, que cura tudo e ainda funciona como demaquilante, adstringente e cicatrizante? Isso sem falar nos frascos do Leite de Rosas, na latinha azul de Creme Nivea e no sabonete Phebo, com odor de rosas. Produtos que você usou um dia, viu sua mãe usando ou ouviu sua avó recomendar. Eles continuam aí, à venda nas farmácias desde os tempos em que se escrevia pharmácia, com “ph”!
Blog LP fez uma seleção do fundo do baú, pra refrescar sua memória e te inspirar a aderir a tratamentos de beleza vintage. Afinal, eles não sobreviveram à toa, e ainda têm a vantagem de pesar bem pouco no bolso! E como não se pode voltar no tempo, aproveitamos a tecnologia pra dar o tom das fotos. Os produtos foram clicados com o aplicativo Hipstamatic, por um iPhone – que é tipo a nova Lomo, já reparou? Clique aqui na galeria pra relembrar – e não esqueça de comentar! Você se lembra deles?
domingo, 21 de novembro de 2010
O gesto criador
“O gesto criador dorme em nós”, declarou, com uma simplicidade solene, a linguista francesa Hélène Trocmé-Fabre. Ela veio ao Brasil lançar o mais novo livro de sua autoria, Reinventar o Ofício de Aprender, e em aula magna na FGV-Eaesp, em outubro, dirigiu uma carta aberta à Universidade brasileira, falando sobre a urgência de inovar.
Na ocasião, Hélène estava se referindo à autopoiese, teoria desenvolvida pelos biólogos chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela, pela qual os sistemas se auto-organizam. Isso para concluir que o homem não nasce para morrer: ele nasce para inovar – uma frase emprestada de Hannah Arendt. Inovar está em nossa pele.
Assim, o corte dói, mas desperta o gesto criador das células. Cada uma delas sabe, autonomamente, o que fazer para reconstituir o todo. Da mesma forma, a crítica também dói, mas sem ela não há inovação, diz Ricardo Guimarães, sócio-diretor da Thymus Branding, referindo-se ao mundo corporativo.
Sob essa lente, Guimarães divide as empresas basicamente em duas: as que capturam valor, e as que criam o valor. Uma guia-se pelo mercado, pelas aspirações, pelas pesquisas, é acrítica e, portanto, conservadora. A outra, pela visão, pelas inspirações, é crítica e, portanto, inovadora. Entrega algo que nem sequer foi imaginado na sociedade.
Quem simplesmente busca atender a uma demanda identificada no mercado não inova, e, sim, perpetua modelos e fórmulas. “Fazer pesquisas para entender o que a maioria pensa e quer é reforçar paradigmas”, diz Cândido Azeredo, sócio da empresa Nódesign e integrante do Fórum de Inovação da FGV-Eaesp, composto de seis empresas parceiras.
Claro que isso não vale só para o setor privado. A política que o diga. Enquanto o senso comum dizia que sustentabilidade não dá voto, essa temática foi praticamente ignorada nas propostas dos candidatos majoritários, que se guiam pelas pesquisas. Mas uma terceira via programática inovou e ganhou 19 milhões de votos – número também turbinado pelo fator religioso. A partir daí, o que se viu na campanha do segundo turno foi um relativo e momentâneo esverdeamento do discurso político (mais em Análise, nesta edição), mas tarde demais.
Não por acaso, é na política, no Parlamento e nos governos que Marcelo Furtado, diretor-executivo do Greenpeace, vê um dos maiores desafios para inovação no Brasil. Até mesmo com o setor privado – em geral refratário a novidades, uma vez que busca maior lucro com menor risco – o Greenpeace construiu formatos inovadores de atuação. Mas ainda não conquistou o mesmo feito na esfera política (mais sobre ativismo abaixo).
Ativismo além do usual
Kumi Naidoo, diretor do Greenpeace Internacional, recentemente lançou uma provocação: não adianta superar só o business as usual, mas também o activism as usual. Assim, perguntamos ao Greenpeace Brasil: o que é inovação no ativismo? Para Marcelo Furtado, diretor-executivo da ONG, significa contribuir para uma visão ampla da sociedade, para criar o modelo do que será o País.
Daí o lançamento em outubro, às vésperas do segundo turno para eleições presidenciais, da campanha em prol de “um Brasil mais verde, limpo e justo”, falando diretamente ao governo que está para assumir, aos políticos e aos cidadãos. Tema que, segundo ele, estará no cerne do planejamento da entidade entre 2011 e 2013.
Furtado defende que os movimentos da sociedade civil participem mais ativamente da discussão sobre temas estratégicos, como o energético. Investir no pré-sal, por exemplo, definitivamente não é um caminho inovador, sabendo-se que não adianta extrair petróleo se em um breve futuro ele não poderá ser queimado, por conta das crescentes restrições às emissões de carbono.
Faz mais sentido, diz ele, o investimento em uma “Itaipu de vento”, que de forma horizontal permite uma série de conexões e oportunidades. “Vejo usinas eólicas descentralizadas conectadas com universidades e centros de pesquisas voltados para inovações tecnológicas em energia renovável. Estas, por sua vez, conectam-se a escolas do Ensino Fundamental e Médio, que formarão jovens para esse tipo de pesquisa, formando uma rede”, exemplifica.
Foi justamente explorando nas empresas o risco de perder reputação e mercados que se construiu uma inédita iniciativa, a Moratória da Soja. Por meio dessa experiência, o Greenpeace saiu do ativismo tradicional, limitado a denúncias encaminhadas ao Ministério Público, para um ativismo que expõe o problema ao mesmo tempo que se coloca como um dos agentes engajados na sua solução. Como uma parte da rede. “É algo bem mais sofisticado”, diz Furtado. Implica dialogar sem deixar de ser combativo, papel que cabe a uma ONG. Tal como a célula precisa integrar-se ao todo, mas sem perder a autonomia.
Inovar por quê?
Porque não foi um corte qualquer o do estrago deixado pela moderna civilização no corpo planetário.
O professor Humberto Mariotti, diretor de pesquisa e publicações da Business School São Paulo, toma meu bloquinho de anotações para nele desenhar uma figura quase rupestre, um mundo circular que abarcava pessoas, animais e plantas em um convívio equilibrado, no qual os humanos se viam como parte integrante de uma physis (Para os filósofos pré-socráticos, physis é a matéria que fundamenta todas as coisas e dá unidade e permanência ao Universo). É o período pré-socrático, do século VI a V antes de Cristo.
Mas, a partir de Sócrates, profundas mudanças acontecem. Animais e plantas continuam no mundo circular, entretanto as pessoas passam a se enxergar fora dele. O mundo físico torna-se um objeto, e o semelhante passa a ser o outro com o qual se deve competir na extração predatória de recursos.
O que se vê hoje? Uma tentativa de retorno ao mundo pré-socrático, com a crescente noção de interdependência e a horizontalidade permeada na ideia de rede. Para Mariotti, esse entendimento se acentuou muito com a revolução digital, a internet e as redes sociais. O problema é que estamos retornando a um território depredado, semidestruído, violento e superpopuloso, no qual é necessário ser extremamente criativo.
“Percebemos que o mundo não é apenas um objeto. E mais: percebemos que não é um objeto simples.” Nesse caso, o antônimo de simples não é complicado, mas, sim, complexo. Em latim, complexus significa “o que é tecido junto”. Aliás, o que é a nossa pele, se não um tecido?
Talvez por isso Eamonn Kelly, sócio da consultoria Monitor Group, tenha cunhado na sua obra Powerful Times: Rising to the challenge of our uncertain world a célebre sentença: não vivemos uma era de mudanças, e sim uma mudança de era.
Nessa mudança de época, Guimarães, da Thymus, vê duas pressões simultâneas sobre a dinâmica social e a forma como nos organizamos politicamente hoje, separados em Estados e com imensa dificuldade não só de chegar a acordos, como de colocá-los em prática – haja vista as penosas negociações no âmbito das Nações Unidas para questões globais como a climática. “A ONU é uma instituição datada”, opina.
Uma das pressões, segundo ele, é aquela exercida pelo sistema natural, cuja oferta de recursos não mais suporta a falta de um entendimento ambiental global sobre o uso sustentável do capital natural. A outra é do sistema cultural, com os abalos que o modelo mental da rede e a plataforma digital são capazes de provocar nas estruturas, por exemplo as hierárquicas. (mais sobre as redes abaixo).
O lado escuro da rede
Rede, definitivamente, é palavra-chave quando se fala de inovação. Mas é preciso cuidado com esse belo discurso, diz Gilson Schwartz, coordenador da Cidade do Conhecimento 2.0 – projeto criado na Universidade de São Paulo com a finalidade de promover a cidadania por meio da produção colaborativa de conteúdos digitais.
Schwartz cunhou o termo Iconomia para ressaltar que o principal ativo nos dias de hoje são os ícones: a informação e suas várias formas de expressão. Mas, na sociedade em que cada vez mais essa inteligência é operada digitalmente, as assimetrias sociais crescem de modo exponencial. Sem inclusão digital nem educação de qualidade para habilitar as pessoas a usar melhor as ferramentas para processar o conteúdo, o gap salta.
Assim, em vez de horizontalizar, a rede acabaria por verticalizar, aumentando a distância entre ricos e pobres no Brasil e entre países ricos e pobres no mundo – a começar pela falta do domínio da língua inglesa. Para Schwartz, o discurso da rede lembra o do liberalismo, quando se acreditou que o livre mercado seria uma forma de equalizar as desigualdades. “Em vez do ‘laissez-faire, laissez-passer’, estamos vivendo a ilusão do ‘laissez-faire, laissez-clicker”, diz.
Um dos efeitos da internet é a quebra da lógica da edição central da informação, avalia o professor Wilson Nobre, do Fórum de Inovação da FGV. “Desde o tempo dos escribas, a informação era centralizada. Mas a internet veio e rompeu com isso sem avisar ninguém.” Em vez de poucos emissores para uma massa de receptores, a rede – desde que democratizada e acessível – abre a possibilidade de transformar todos nós em receptores-emissores.
Assim, as pressões de um mundo em crise social e ambiental, acelerado pela nova dinâmica da comunicação, vêm imprimir velocidade a um processo contínuo de inovação que já ocorreria naturalmente, e é explicada pela teoria complexa. Mariotti, um dos principais estudiosos dessa teoria no Brasil, lança mão do exemplo da rede McDonald’s para ilustrar como se dá essa alternância entre ondas de ampliação e reducionismo, dinâmica que leva à inovação.
Alimentação é um sistema complexo, que envolve uma porção de variáveis. Mas o McDonald’s, inspirado no fordismo, inovou ao simplificar ao máximo o processo de produção e de atendimento ao cliente como uma linha de montagem. Chegou a um hamburger milimetricamente definido para garantir a máxima eficiência empresarial. Quando a rede ficou forte, globalizou-se. O hambúrguer perfeito quis conquistar o mundo. Mas, ao se globalizar, foi atingido por uma inevitável onda de complexidade. A diversidade cultural dos locais aonde chegou levou à contestação sobre os sabores e o próprio conceito de fast-food. Hoje, a empresa quebra a cabeça para se reinventar.
Em resposta a toda complexidade, é buscada uma simplificação. Um jornalista que faz dez entrevistas e colhe vasto material de suas fontes e pesquisas, busca isso ao escrever o lide da reportagem – início do texto no qual vai resumir a ideia principal. O lide certamente será contestado, pois é reducionista de uma realidade complexa, na qual há mais variáveis em jogo que não estão ali representadas. Com as contestações, instaura-se novamente a complexidade, em um processo contínuo de alternância e inovação.
Inovação esta que não se move apenas por resultados e tecnologias, como mostra uma historinha sobre os relógios de pulso. Quando o Seiko foi criado, abalou o mercado da relojoaria suíça, porque, além de marcar precisamente as horas, era fabricado em massa e tornou-se acessível ao consumidor. Perfeito. O que mais poderia superar o Seiko?
O empresário Nicolas Hayek fez essa pergunta. Inventou um relógio que também marcava precisamente as horas, era fabricado em massa e acessível. Mas, além disso, era fashion, divertido e colecionável. Explorava a estética, as emoções. Levava em conta o comportamento humano. Assim foi criado o relógio Swatch.
O professor Mariotti conta essa história para argumentar que resultados, técnicas, conceitos, e filosofia, são, nesta ordem, os degraus do que chama de Escada do Conhecimento, e concluir que nosso problema de inovação não está na tecnologia e, sim, na filosofia.
Quem inova?
“Só as pessoas”, responde Wilson Nobre. “Mas nas empresas tradicionais elas são vistas como apenas um dos quatro ‘emes’: mão de obra, máquinas, matéria-prima e método”.
Sozinhas, entretanto, não fazem verão. Segundo Nobre, a inovação nas empresas só acontece dentro de uma cultura favorável a ela, que se manifesta e transpira em seus signos, suas formas, seu ecossistema.
Nos ambientes naturais, por exemplo, as inovações biológicas surgem nas florestas ou nos corais, onde diversas espécies se encontram, exemplifica Steven Johnson, autor do livro Were Good Ideas Come From: The natural history of innovation (ou De onde vêm as boas ideias: A história natural da inovação), lançado recentemente.
Johnson propôs-se a investigar os ambientes onde as ideias nascem, os lugares propícios à inovação. E eles vão desde as elementares sinapses nervosas em nossos cérebros, até as coffee shops, passando por espaços de trabalho como The Hub, em que pessoas das mais diversas áreas do conhecimento se encontram de forma casual e aleatória.
“As verdadeiras inovações estão partindo de coletivos e muito pouco nas empresas”, identifica Tamara Azevedo, fundadora da consultoria CoCriar Inovação Organizacional e Sustentabilidade (mais sobre o tema, abaixo). Tamara, ao lado do sócio Thomas Ufer, especializou-se em oferecer oportunidades de imersão Utilizando-se do que chama de conversas de qualidade.
Inovação S.A.
Cerca de meia dúzia de grandes empresas realmente inovadoras no mundo: é a conta que Humberto Mariotti, da Business School São Paulo, faz ao listar alguns nomes, entre os quais Google, Linux, Natura, Apple e a enciclopédia colaborativa Wikipedia. Em entrevista desta edição, a Nike também revela uma série de características voltadas para a inovação.
“A empresa inovadora é aquela que, tenha o desafio que tiver, vai responder a ele de forma inédita. Toda a sua cultura, sua liderança e sua política de remuneração e estímulo são voltadas para a inovação”, resume o professor Wilson Nobre, da FGV.
Para Ricardo Guimarães, da Thymus, entre nomes que despontam na direção da inovação para a sustentabilidade está o da Vivo, que tem promovido processos colaborativos nos mais diversos níveis hierárquicos e inovado na forma de participação e engajamento.
A empresa desenvolveu um projeto de conectividade junto a populações ribeirinhas da Amazônia, no município de Belterra, Oeste do Pará, com resultados interessantes – como conta o presidente Roberto Lima em entrevista por email.
Por meio dessa atividade, denominada “arte de anfitriar”, o intuito é reduzir o gap entre o discurso e a prática. As empresas – a maioria dos clientes da CoCriar – entendem a importância das redes e da inteligência coletiva, mas têm imensa dificuldade em mudar o modo de operar o dia a dia. Isso porque a formação pessoal e educacional das gerações passadas foi orientada para competir, e não fazer trocas, sob a ideia de que guardar informação é acumular poder.
Já na nova geração, há uma turma que se recusa a buscar trabalho em empresas que operam sob modelos mentais ultrapassados. Esse pessoal está tentando construir coisas novas, ainda que o caminho seja mais acidentado. “Ter um emprego, casa, carro, filho, isso é fácil. O desafio maior é buscar outro jeito de estar de mundo”, diz Tamara (mais na reportagem Onde está o gosto da maçã, nesta edição).
“O que essa moçada está vivendo não é um drop out, e sim um walk out”, observa Ufer. Ou seja, não estão sendo jogadas para fora: estão deliberadamente buscando outros rumos. Ou as empresas de hoje inovam, ou perdem esse novo e rico tecido humano.
Inovar como?
Conectando-se. Seja com o modelo mental das redes – o que pressupõe parcerias, cooperação, comunicação transparente e colaborativa, horizontalidade, descentralização –, seja com o sentido humano que o trabalho tem para a vida de cada um.
A Teoria U, que propõe ao indivíduo um período de imersão e mergulho profundo para uma volta ativa e criativa, é dessas frentes de inovação no meio empresarial, exemplifica Nobre. Foi desenvolvida por Otto Scharmer, professor do Massachusetts Institute of Techonology (MIT), como resultado de entrevistas realizadas com dezenas de líderes das mais diversas áreas, justamente com o intuito de entender melhor as inovações do século XXI e as soluções para problemas complexos.
Outro exemplo de ferramenta é a Investigação Apreciativa, desenvolvida por Ronald Fry e David Cooperrider, da Case University, que busca identificar o que as pessoas têm de melhor para oferecer e, como ponto de partida nesses pontos positivos, fazê-las sonhar o futuro, desenhá-lo e implantá-lo.
Sim, são noções que soam mais óbvias do que propriamente inovadoras. Tendemos a imaginar o futuro como algo sofisticado e escalafobético, mas ele muitas vezes é apenas um velho conhecido.
Hoje se consideram como empresas inovadoras as que promovemo diálogo e dão oportunidade para que todos tenham voz e vez, e passam a fazer reuniões em círculo. Mas a primeira forma de reunião e socialização humana, dizem Tamara e Ufer, da CoCriar, deu-se em uma roda em volta do fogo, na préhistória. São inovadoras as empresas nas quais o funcionário vê sentido no que faz, mas a conexão das pessoas com o todo (a physis) já existia no período pré-socrático. Serão altamente inovadoras as empresas que conseguirem zerar sua pegada ecológica, enquanto, em priscas eras, a atividade humana não gerava pegada alguma.
Boa parte da inovação, portanto, estaria nessa reconexão com a ancestralidade – com a diferença de que agora somos quase 7 bilhões de pessoas vivendo em um planeta semidestruído, como disse Mariotti.
Em História das Utopias (Ed. Antígona), obra publicada em 1922, o urbanista Lewis Mumford escreveu que, “ao superestimar a quantidade e o valor das mutações criativas que ocorrem em cada geração, subestima-se a importância dos depósitos residuais e persistentes deixados por todas as gerações anteriores”. Ou seja, tem muito futuro a ser inspirado no passado. E talvez nas coisas mais singelas.
Para desenvolver um cabide que pudesse maximizar o espaço na lavanderia, a turma do Nódesign arregaçou as mangas e foi lavar roupa. Simples assim. Daí foi criado o cabide Quará, dotado de um pregador para o varal. “Para inovar, é preciso que o corpo esteja no local, a fim de perceber, sentir, ter a empatia”, diz Cândido Azeredo. Isso vale para tudo: produtos, processos, serviços, sistemas.
O que se chama hoje de design thinking, segundo Azeredo, já existe há muito tempo, desde a Grécia, e ao longo da história coleciona expoentes bem conhecidos, como Isaac Newton e Leonardo da Vinci.
A novidade, diz Wilson Nobre, é que há um crescente interesse por parte de empresas em adotar esse modelo mental. Isso porque, segundo ele, os designers possuem uma capacidade de lidar com o desconhecido (o seu papel é projetar algo não existente), que falta, por exemplo, aos engenheiros. Estes, normalmente, recorrem a soluções já prontas.
Azeredo explica que, em vez de ouvir o que a maioria pensa e, assim, reforçar paradigmas, o designer procura ouvir as “pontas” – escolas com propostas diferenciadas, como a Team Academy, ou, simplesmente, não ouve as escolas. Busca a cultura transmitida oralmente, o conhecimento nas zonas rurais. “Na cultura popular encontramos muitas características de design thinking. E entre as crianças também. Eu diria que a educação formal tradicional é que as deforma”, afirma.
O elemento local que está nessas pontas citadas por Azeredo parece dar concretude às utopias, que surgem como forças inspiradoras. Sem inspiração, não há inovação. No prefácio de História das Utopias, Mumford ressalta que o pensador inglês Thomas More, ao escrever Utopia, explicou que, em grego, a palavra podia dizer o “não lugar” (outopia), mas também o bom lugar (eutopia). Fantástico: um lugar que não só existe, como ainda pode ser bom!
“As utopias foram distanciadas do lugar. Mas o (Grupo Cultural) AfroReggae é exemplo do resultado concreto de trabalhar com a utopia a partir de uma realidade local”, diz Guimarães, da Thymus. A ONG foi criada em 1993 no Rio de Janeiro para transformar a realidade de jovens moradores de favelas, utilizando a educação, a arte e a cultura como instrumentos de inserção social.
O que vem por aí?
Claro que as respostas são múltiplas.
Para uma linha de estudiosos, estamos no limiar da passagem da chamada era pluralista para a era integral. O pensamento integral foi desenvolvido pelo norte-americano Ken Wilber, considerado um dos maiores filósofos da atualidade, mas dizem que ainda pouco compreendido no seu tempo. Sua obra concentra-se basicamente na integração de todas as áreas do conhecimento: ciência, filosofia, arte, ética e espiritualidade.
“A sua proposta fundamental é conhecer o ser humano e criar o mapa de como funcionamos. Entender nosso sistema operacional e ver como ele está defasado ante os problemas da humanidade”, resume Ari Raynsford, principal estudioso do pensamento de Ken Wilber no Brasil.
Trata-se de uma teoria relativamente nova, que começou a ter aplicação em 2005, quando foi criado o primeiro departamento de estudos integrais na John Kennedy University. No Brasil, segundo Raynsford, a Natura é a primeira empresa a se interessar pelo tema.
Foi com base no Modelo de Wilber que três estudiosos (Clare Graves, Mark Dombeck e Chris Cowan) desenvolveram a chamada espiral do desenvolvimento, formada por sete níveis, que se aplicam tanto ao indivíduo, da infância à maturidade, como ao coletivo. Grosso modo, são eles: o arcaico (voltado totalmente para a sobrevivência, como vivem os bebês), o mágico, o egocêntrico (quando a criança começa a formar a personalidade), o mítico (na História, corresponde à Idade Média), o racional (Iluminismo), o pluralista e o integral.
Segundo os três pesquisadores, cerca de 70% da população mundial ainda vive nos níveis pré-racionais, embora estejamos na era pluralista, que combina ideais elevados – como a busca da proteção ambiental e da justiça social –, mas de modo egocêntrico, acreditando que a criação da realidade é uma obra nossa, que nós é que podemos salvar o mundo e ainda somos capazes de criar o futuro. Até que ponto seríamos mesmo?
Uma iniciativa interessante nessa linha é o movimento Crie Futuros, lançado em 2008 pela especialista em economia criativa Lala Dehenzelin. O criefuturos.com é uma plataforma wiki, ou seja, colaborativa, destinada a “inseminar e disseminar futuros desejáveis”.
Cada um desses seis primeiros níveis tem como característica a convicção de que os seus valores é que são os corretos. “Nesse caso, não há muito diálogo: ou vou te convencer, ou vou me incluir”, diz Raynsford. A diferença do sétimo nível é reconhecer que todos os seis anteriores têm suas funções e importância, que não existe um melhor que o outro, e todos devem ser mantidos sadios, pois podem desenvolver patologias. E também reconhecer que, depois da visão integral, outras deverão surgir.
Raynsford acredita que a visão integral propiciará uma linguagem comum para que o mundo todo possa se entender, ciente de que é impossível julgar o que é melhor ou pior, o que é mais ou menos evoluído. Como ele exemplifica, a molécula não é melhor que a célula, porque sem a célula a molécula não existe. Da mesma forma, a nossa pele não existe sem as células, a gente não existe sem a pele, a inovação não existe sem a gente, e assim por diante, em contínuos gestos criadores.
Tags: Ari Raynsford, Cândido Azeredo, Chris Cowan, Clare Graves, Crie Futuros, David Cooperrider, design thinking, Eamonn Kelly, espiral do desenvolvimento, Francisco Varela, Gilson Schwartz, Hélène Trocmé-Fabre, Humberto Mariotti, Humberto Maturana, iconomia, inovação, Investigação Apreciativa, Ken Wilber, Kumi Naidoo, Lala Dehenzelin, Lewis Mumford, Marcelo Furtado, Mark Dombeck, Nicolas Hayek, Otto Scharmer, pensamento complexo, Ricardo Guimarães, Roberto Lima, Ronald Fry, Steven Johnson, Tamara Azevedo, teoria U, Thomas Ufer, utopia, Wilson Nobre
O que você espera para o futuro?
A pergunta é simples… e vaga! O que eu espero do futuro não é a mesma coisa que você deseja para o mundo em que viverão seus netos, ou será que é?
Os criadores do site Wikifuturos pretendem descobrir e, para isso, disponibilizaram uma Enciclopédia Multimídia de Futuros Desejáveis. É uma espécie de acervo digital, onde o internauta tem acesso a imagens, vídeos e textos postados por outras pessoas, que querem dividir com o mundo seus sonhos para o futuro.
Aqueles que conhecerem o projeto e se interessarem, podem entrar para a comunidade do Crie Futuros, onde estão cadastradas todas as pessoas que acreditam que o futuro só será como queremos se trabalharmos coletivamente e, portanto, desejam divulgar seus sonhos on line.
O material que já foi postado no site é bem legal e o que mais anima é que, apesar do Wikifuturos não fazer nenhum tipo de restrição aos internautas, a maioria deles disponibilizam na rede sonhos sustentáveis, que tem a ver com igualdade sociocultural e preservação ambiental.
Será que, finalmente, estamos sintonizados e, portanto, mais próximos de um mundo melhor ou será que nossos sonhos para o futuro não passarão de meros conteúdos virtuais?
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
PRESIDENTA? SERÁ O FEMININO DE PRESIDENTE?
Trabalho temporário também dá direitos
Muitas empresas, em situações especiais, contratam funcionários temporários. Seja por um prazo de experiência, por um período determinado ou por intermédio de outra empresa que disponibiliza a mão de obra, é imprescindível que um contrato seja assinado entre as partes. Com ele, tanto os direitos como os deveres de ambos serão determinados, evitando problemas posteriores.
Se você está contratando um funcionário temporário, fique atento às regras desse modelo de contratação. O contrato temporário é recordista de mau uso e, havendo abusos, o funcionário pode até ter o vínculo de trabalho reconhecido pela Justiça, tendo direito a receber todos os direitos que os empregados CLT.
Se você está trabalhando temporariamente em uma empresa, saiba que goza dos mesmos direitos que os outros funcionários, exceto em relação à demissão. Entre eles estão: remuneração igual a dos empregados que ocupam a mesma função na empresa; pagamento proporcional de férias e 13o salário no término do contrato; pagamento de horas extras; vale-transporte; contribuição ao FGTS, inscrição na Previdência Social e contagem de tempo de contribuição para a aposentadoria.
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terça-feira, 16 de novembro de 2010
Festas Populares de Salvador
domingo, 14 de novembro de 2010
Drogas
É fácil tornar-se um dependente químico, mas é difícil fazer o caminho inverso, especialmente quando se depende do Sistema Único de Saúde
Especialistas que conhecem a fundo os efeitos do crack no organismo dizem que não basta uma tragada para que o usuário fique viciado, mas tornar-se um dependente químico é um processo rápido. Fazer o caminho contrário, contudo, é difícil. Estima-se que a taxa de sucesso dos tratamentos de desintoxicação gira em torno de 25% a 30%.
Ana Cecília Marques, coordenadora do departamento de dependência química da Associação Brasileira de Psiquiatria, explica que o tratamento anticrack é dividido em três fases: desintoxicação, diagnóstico dos fatores que levaram o indivíduo à dependência e controle dessa mesma dependência, que pode incluir uso de medicação. "Na última fase, o usuário precisa fazer essa manutenção, porque a dependência é uma doença crônica", diz. "Ele não vai ter alta: precisa fazer retornos periódicos. Além disso, é necessário avaliar seu processo de reinserção na sociedade."
O caminho para livrar-se da droga pode ser mais tortuoso se depender do Sistema Único de Saúde (SUS). "Infelizmente, no Brasil, não temos um tratamento público para a maior parte dos dependentes químicos", diz Ana Cecilia. Atualmente, para atender esses doentes, o governo federal mantém 8.800 vagas em hospitais psiquiátricos, 243 centros de atenção psicossocial álcool e drogas (Caps-AD), Núcleo de Saúde da Família e 35 Consultórios de Rua. É pouco se considerada a estimativa do Ministério da Saúde de 600.000 usuários somente de crack no país. A rede de saúde mental faz parte do SUS, que tem ações do âmbito federal, estados e municípios - é sempre este que responde pelo atendimento.
Em maio, o governo prometeu, por meio do Plano Integrado para Enfrentamento do Crack e outras drogas, repassar 140 milhões de reais aos municípios brasileiros para o tratamento dos dependentes. No pacote, está o financiamento de 6.120 leitos, que englobam vagas em hospitais gerais, nas comunidades terapêuticas (iniciativas do terceiro setor e de entidades religiosas), nos Caps AD 24 horas e em casas de acolhimento transitório. Os editais para tornar concretas as promessas foram publicados somente no fim de outubro. Ou seja, nada disso está de pé até o momento. Outra promessa: elevar, até o fim deste ano, de 35 para 70 o número de Consultórios de Rua, que levam equipes multiprofissionais até os locais onde estão os usuários. Outro objetivo do projeto é capacitar profissionais de saúde e de assistência social na prevenção e tratamento de usuários de crack e demais drogas - um ponto nevrálgico da questão, segundo Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): "Capacitar essas equipes é um desafio", diz.
Promessas ambiciosas à parte, os especialistas criticam a qualidade do atual serviço de tratamento nos Caps: faltam médicos especializados, leitos e acompanhamento da evolução dos pacientes. No total, são 1.671 Caps no país, sendo 243 especializados em álcool e drogas. Um estudo publicado neste ano pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) revelou falhas importantes no funcionamento de todos as unidades: de 85 Caps avaliados, 69,4% apresentaram carência de profissionais e em dez deles, dedicados a álcool e drogas, havia um único psiquiatra disponível.
Simultaneamente às ações anunciadas pelo governo, a Secretaria Nacional Antidrogas realiza treze estudos clínicos, com um total de 1.200 pacientes, em parceria com seis universidades brasileiras. O objetivo é acompanhar os pacientes durante a jornada de busca por tratamento, reinserção social e diagnóstico de doenças mentais. "Esses estudos vão nos dar as direções em relação às melhores formas de abordar os pacientes", explica Paulina Duarte, secretária adjunta da Senad e responsável técnica pelo estudo.
As autoridades de saúde terão de responder à urgência do tema e também à demanda crescente por tratamentos. Segundo dados preliminares de um levantamento realizado pelo grupo de pesquisa de Ana Cecília, cresce a procura de usuários de crack por terapias de desintoxicação. A pesquisa acompanha anualmente um grupo de dependentes químicos: há dois anos, o percentual dos viciados em crack que procuravam a ajuda era de 30%; este ano, essa parcela saltou para 70%.
LINKDrogas
Devastador como nenhuma outra droga no Brasil, ele se espalha pelo país e demanda ações mais contundentes das autoridades
A tragédia do crack não é nova para o Brasil. Há anos, o país convive com o drama de violência e morte. Novo e oportuno, contudo, é o fato de a elite política do país, enfim, reconhecer a emergência do problema. No último dia 31, em seu primeiro discurso como presidente eleita, Dilma Rousseff disse que o governo não deveria descansar enquanto "reinar o crack e as cracolândias". Poderia ter falado genericamente "drogas", mas referiu-se especificamente ao "crack". Não foi à toa. Estima-se que no mínimo 600.000 pessoas sejam dependentes da droga no país - variante devastadora da cocaína que, como nenhuma outra, mata 30% de seus usuários no prazo máximo de cinco anos.
A praga do crack nasceu e grassou entre os miseráveis, a tal ponto que "cracolândia" virou sinônimo de "local onde pobres consomem sua droga". É mais do que tempo de rever esse conceito. Pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo divulgada em 2009 constatou que o crack avança rapidamente entre os mais abastados: o crescimento entre pessoas com renda superior a vinte salários mínimos foi de 139,5%. Além dos números, os dramas pessoais confirmam que a química do crack corrói toda a sociedade. Nas clínicas particulares, que custam aos viciados que tentam se livrar da cruz alucinógena milhares de reais ao mês, multiplicam-se universitários, empresários, professores, militares. Todos estão reunidos pelo mesmo mal e almejam idêntico objetivo: tirar a pedra do meio do caminho de suas vidas. Confira os depoimentos.
O crack se espraia pelas classes sociais e pelas paragens brasileiras. "Antes, São Paulo era o reduto. Falava-se do assunto como um fenômeno paulistano. Agora, ele chega com força em outras cidades e estados", diz Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Embora não haja números precisos sobre consumo, os dados sobre apreensão da droga permitem concluir que cada vez mais gente é ferida pela pedra. Segundo dados da Polícia Federal, em 2009, foram apreendidos 513 quilos da droga - volume 43 vezes superior ao registrado no início da década.
Embora tardias, duas pesquisas em andamento na esfera do governo federal explicitam a preocupação das autoridades com a questão. Uma, a cargo do Ministério da Saúde, vai traçar o perfil do usuário de crack. Outra, nas mãos da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), pretende determinar padrões de consumo, barreiras para o tratamento e histórico social e médico de 22.000 usuários - que farão testes de HIV, hepatites (B e C) e tuberculose. Paulina Duarte, secretária adjunta da Senad e responsável técnica pelo estudo, acredita que será a maior pesquisa já realizada no mundo sobre o crack. "Um estudo dessa magnitude vai produzir um banco de dados gigantesco", diz.
O levantamento pode ser um esforço hercúleo, mas não escapa das críticas dos especialistas. Ronaldo Laranjeira, psiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria, diz que o governo deveria substituir pesquisas por ações. "Há doze anos, a comunidade científica aponta que o crack é uma droga diferente. Para que gastar dinheiro com um grande levantamento quando o que precisamos é de ação e de propostas?", questiona. O governo contra-ataca. Lembra que, em maio, lançou o Plano Integrado para Enfrentamento do Crack e outras drogas, com investimento estimado em 410 milhões de reais em pesquisa, prevenção, combate e tratamento.
Droga nefasta - "Comparado a outras drogas, o crack é sem dúvida a mais nefasta, porque produz rapidamente a dependência: sob a compulsão pela substância, o usuário desenvolve comportamentos de risco, que podem chegar à atividade criminosa e à prostituição", diz Solange Nappo, da Unifesp. Pablo Roig, psiquiatra e dono de uma clínica de tratamento de dependentes químicos, acrescenta que a dependência chega a tal ponto que "o usuário perde a capacidade de decidir se usará ou não a droga".
A mancha do crack se espalha entre usuários de drogas devido a uma combinação de acesso econômico e potência química. Jairo Werner, psiquiatra da Universidade Federal Fluminense e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, chama a atenção para a relação "custo-efeito" da droga. "A relação entre preço e efeito faz do crack uma droga muito popular, de fácil acesso", diz. Ele explica ainda que os traficantes desenvolveram uma verdadeira estratégia para ampliar o mercado da droga: a "venda casada", de maconha mais crack. "No primeiro momento, a maconha dá um relaxamento e o efeito do crack é mitigado. Depois, o usuário resolve experimentar o crack puro e sente um efeito muito mais poderoso."
Começam, então, as mudanças de comportamento. Além de graves consequências para a saúde, a droga provoca no dependente atitudes violentas. "Ele fica alterado, inquieto, irritado e, em geral, passa a se envolver com a criminalidade como nenhum outro usuário de drogas", diz Laranjeira, da Associação Brasileira de Psiquiatria. "A única prioridade é a droga: a saúde, a família, o trabalho e os amigos ficam de lado. É uma mudança total no esquema de vida e estrutura de valores", acrescenta Roig.
Estimativas americanas apontam que, a cada dólar gasto no combate às drogas, a sociedade economiza até sete dólares em despesas com hospitais, segurança pública e acidentes de carros, entre outros. No caso devastador do crack, fica evidente que a cruzada antidroga pode economizar ainda mais vidas.
LINKsábado, 13 de novembro de 2010
Estimulando a memória
A imensa quantidade de informações com que somos obrigados a lidar todos os dias torna a nossa memória cada vez menos confiável. Para lidar com compromissos e tarefas, somos obrigados a fazer uso cada vez maior de ferramentas e softwares, mas alguns, como eu, insistem em abrir mão dessas ferramentas e preferem confiar somente na memória, o que pode ser perigoso (esse artigo, por exemplo, era para ter sido publicado ontem).
Mesmo assim, existem algumas formas de melhorar a performance dos neurônios, como ensina o site Cérebro Melhor (www.cerebromelhor.com.br) que é especializado em jogos online para treinamento cerebral. O site enumera cinco cuidados que contribuem para melhorar a memória.
1) Sono – O sono há tempos foi identificado por cientistas como o estado em que nossos corpos otimizam e consolidam novas informações adquiridas e as armazenam como memória. Um novo estudo na Nature Reviews Neuroscience fornece mais evidência de que um sono adequado é um ingrediente chave na melhora da memória.
2) Alimentação – É sabido que uma alimentação ruim afetará negativamente sua memória. Existem fortes evidências científicas que uma dieta rica em Omega-3, vitamina B e antioxidantes é importante para a saúde do cérebro.
3) Relaxamento – Desestressar e meditar são também maneiras cientificamente aceitas de melhorar sua memória. Num estudo muito divulgado sobre meditação, uma forte argumentação foi feita de que a prática diária da meditação engrossa as partes do córtex cerebral responsáveis pela tomada de decisão, atenção e memória.
4) Exercícios Físicos – Um estudo recente da Universidade da Pennsylvania sobre exercícios e memória descobriu que pessoas que praticavam rotineiramente exercícios com atenção mostraram melhorias mensuráveis em “desempenho cerebral”. Um dos autores do estudo relatou que “Memória de trabalho é uma característica importante do desempenho cerebral. Não apenas protege contra distração e reações emocionais, mas também oferece um espaço mental para garantir decisões e planos de ação rápidos e raciocinados. Desenvolver desempenho cerebral por meio de um treinamento com atenção pode ajudar qualquer um que precise manter um desempenho de ponta face a circunstâncias extremamente estressantes.”
5) Estímulo Cognitivo – Finalmente, não é nenhum segredo que participar regularmente de treinamento cerebral ajuda a melhorar a memória. Num estudo publicado pelo Dr. Bernard Croisile sobre jogos que estimulam o cérebro, os resultados dos usuários foram analisados após completarem 500 exercícios ao longo de 18 semanas. Na média, esses usuários melhoraram sua memória em 13,9%, com aprimoramento geral de 15,6% nas habilidades cognitivas.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
I Edital Procultura – Núcleo de Formação Cultural da Juventude Negra
O Edital tem por objetivo selecionar projetos para implantação de dez NUFOC - Núcleos de Formação Cultural, em dez Estados brasileiros diferentes, sendo duas instituições selecionadas em cada Região do País: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Os projetos devem ser elaborados para viabilizar o acesso de jovens afrobrasileiros, entre 16 e 25 anos, a uma capacitação técnico-cultural. Sua finalidade deve ser a formação de agentes culturais, aptos a atuar como promotores da cultura afrobrasileira no mercado de trabalho e em suas comunidades, conscientes das habilidades específicas necessárias à execução das atividades e com claro entendimento sobre a forte influência da cultura africana na formação da sociedade brasileira.
A meta da iniciativa é viabilizar a formação intelectual e técnica de seis mil jovens negros: três mil universitários e três mil estudantes do ensino médio com a formação concluída. Eles também deverão ser oriundos das classes sociais C, D e E, de todo o Brasil. O aporte de recursos para este edital é da ordem de seis milhões de reais, dos quais cerca de cinco milhões serão destinados para os NUFOC e o restante para custos administrativos e de divulgação.
A Fundação Palmares realizará sete oficinas para a divulgação do Procultura durante o mês de novembro. A primeira será nesta sexta-feira (12) em Boa Vista (RR). A juventude de Salvador (BA); Recife (PE); Brasília (DF); Porto Alegre (RS); São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) também receberão a capacitação. As oficinas serão ministradas por técnicos da Fundação Palmares e terá transmissão por videoconferência ou webconferência. A oficina de Salvador, que conta com o apoio da Representação Regional Nordeste do Ministério da Cultura, será realizada na sede do Banco do Nordeste do Brasil e será transmitida por videoconferência. Os interessados dos demais estados do Nordeste poderão acompanhar a transmissão nas sedes BNB localizadas nas capitais de cada Estado.
Serviço:
Inscrições das propostas devem ser feitas até 11 de dezembro de 2010 pelo sistema SALIC, do MinC – http://sistemas.cultura.gov.br/propostaweb/
Dúvidas poderão ser respondidas pelo endereço eletrônico editalnufoc@palmares.gov.br, ou pelo telefone (61) 3424-0185.
Endereços do Banco do Nordeste do Brasil
Fortaleza (CE) - Av. Pedro Ramalho, 5700 – Passaré
João Pessoa (PB) - Av. Pres. Epitácio Pessoa, 1251 – 12º Andar – Ed. Empresarial Epitácio Pessoa – Bairro dos Estados
Maceió (AL) - Rua da Alegria, 407 – Centro
Natal (RN) - Av. Antonio Basílio, 3006. Ed. Lagoa Center. Loja 35C – Lagoa Nova
Recife (PE) - Av. Conde da Boa Vista, 800 – 2º Andar – Edif. Apolônio Sales – Bairro da Boa Vista
Salvador (BA) - Av. Estados Unidos, 346 – 12º Andar – Edif. Prof. Miguel Calmon Sobrinho – Comércio
São Luís (MA) - Avenida Colares Moreira, Quadra 100, Lote II, Edifício Expresso XXI Renascença II
Teresina (PI) - Rua Rui Barbosa, 163 – Centro
Fonte: Fundação Palmares