segunda-feira, 7 de junho de 2010
O começo do fim do Facebook?
O establishment da internet nunca gostou muito do fato de o Facebook ser “fechado”. Afinal, a Web cresceu como uma “plataforma aberta”, favorável a novos entrantes, propícia à inovação etc. Enquanto o Facebook era menor que o MySpace – na década passada –, tudo não passava de uma questão de gosto. Acontece que o Facebook cresceu, ultrapassou o próprio Google em audiência, e sua iniciativa do Open Graph ameaça tomar de assalto a própria Web. E o Facebook está na mão de Mark Zuckerberg, um adolescente crescido, bilionário aos 25, que não tem exatamente um histórico de “boas práticas”. Em Accidental Billionaires – que está virando filme –, Ben Mezrich conta que Zuckerberg praticamente roubou a ideia do Facebook do site Harvard Connection – enquanto era seu desenvolvedor –, e que também passou a perna em seu sócio investidor, por coincidência um brasileiro de nascimento, Eduardo Saverin (entre outras coisas). O último capítulo dessa história de 400 milhões de usuários – além do Open Graph, anunciado com estardalhaço – é um verdadeiro manifesto, que Jason Calacanis escreveu, há duas semanas, pedindo “boicote” ao Facebook. Calacanis – dono do Mahalo e empreendedor showman – solicita ao grande público que não deixe sua privacidade e seus dados na mão do Facebook (porque o site já demonstrou que não os respeita). Em paralelo, Calacanis aconselha às empresas de internet que não construam modelos de negócio dependentes do Facebook, porque, como no caso recente do Zynga, a rede social de Zuckerberg pode mudar as regras do jogo a qualquer momento, elevando seus custos e afetando suas margens negativamente. Calacanis reserva até insultos ao mesmo Mark Zuckerberg, a quem chama de “criança”, acusa de sofrer da “síndrome de Asperger” (um autismo leve, que deixa a vítima desprovida de sentimentos éticos), culminando com a pecha de “ditador terceiro-mundista”. As preocupações de Calacanis com o futuro da internet – que lembram as de Jonathan Zittrain, em relação às “plataformas fechadas” de Steve Jobs – parecem fazer sentido. Mas a questão, daqui pra frente, é se o establishment da mesma internet vai aderir ao manifesto. Mike “TechCrunch” Arrington – que, a propósito, descontinuou suas iniciativas com Calacanis – já frisou que, tirando os formadores de opinião, o resto da Web não parece se incomodar com a “tirania” do Facebook, apoiando, inclusive, seu crescimento. No Brasil, os internautas ainda estão em lua de mel com a rede social que substituiu o Orkut na preferência nacional, mas já podem imaginar que, ao contrário do Google, o Facebook não estará disposto a ouvir suas demandas...
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