domingo, 30 de maio de 2010

Sincretismos: Um poderoso antídoto contra os efeitos malignos da globalização.

Foto: Luciano Joaquim
Leonardo Brant
Cultura & Mercado
Mesmo após o fim da escravidão e o Estado laico-republicano, o negro vivia – e vive de certa forma até hoje – sob a condição tácita de comungar do credo católico. E aprendeu, assim como todo brasileiro mestiço, a acender uma vela para o santo e outra para o orixá. Ou ainda, no sincretismo mais clássico, a acender uma única vela para um santo-orixá, com características próprias de duas matrizes, com lógicas e dinâmicas completamente diversas, quando não antagônicas entre si.

Essa capacidade própria do brasileiro, mas também presente em outras sociedades, é um poderoso antídoto contra os efeitos malignos da globalização. A capacidade de absorção e re-processamento de práticas, modos e crenças permite, por um lado, o esvaziamento das barreiras internas contra o avanço da camaleônica cultura do consumo, e, de outro, a possibilidade de avanço e diálogo com as outras formas de interação, convivência e expressão presentes na arena global. O que pode significar a abertura de mercados para as indústrias culturais brasileiras.

Celebrar o sincretismo e a mestiçagem como um traço inerente e potencializador da cultura brasileira é questão de preservação e promoção da memória e das tradições. Um exemplo recente disso é o movimento Mangue-beat em Pernambuco. Ferozmente combatido pelos defensores da cultura tradicional e do maracatu, pois buscava elementos de raiz para dialogar com o pop e com a indústria cultural, o movimento só fez valorizar as tradições e as comunidades que praticam o maracatu rural, colocando, por exemplo, a cidade de Nazaré da Mata (PE) no mapa da música contemporânea universal.

Tropicália, bossa-nova e muitos outros movimentos culturais brasileiros nascidos na indústria do entretenimento, partem desse jeito brasileiro de ativar e dialogar com o outro, a partir da valorização do seu próprio referencial simbólico.

Mas como permitir o desenvolvimento artístico e o acesso a esses mercados a uma camada da população distante do Estado e dos meios de comunicação?

* trecho do livro O Poder da Cultura.

Sobre "Leonardo Brant " http://www.brant.com.br

Pesquisador de políticas culturais. Autor do livro "O Poder da Cultura" e diretor do webdocumentário Ctrl-V::VideoControl.

As verdadeiras cidades de metal de Peter Root

Onde alguns vêem apenas um utensílio de trabalho vulgar, frequentemente utilizado para arquivar toda a espécie de documentos, outros vêem o verdadeiro potencial do design. E não é isso que distingue os artistas dos comuns mortais? As instalações do norte-americano Peter Root provam isso mesmo: "Ephemicropolis" é uma composição artística conseguida unicamente a partir de grampos de diferentes tamanhos, utilizados para criar a ilusão de uma mini metrópole, verdadeiramente feita de metal.

A montagem da instalação só ficou concluída após 40 horas de minucioso trabalho. Esta "Ephemicropolis" é composta por um total de 100 mil grampos, utilizados individualmente ou em aglomerados até 12 centímetros de altura, e foram arranjados em diferentes tamanhos, simulando da forma mais real possível o contraste de alturas entre os edifícios que se encontram numa grande cidade como Nova Iorque. A predominância é dada, claro, às grandes estruturas verticais, à semelhança dos arranha céus.

A instalação de Peter Root representa muito literalmente o que hoje entendemos por cidades de bretão e aço, essas metrópoles que poluem a linha do nosso horizonte com construções que cada vez mais nos relembram a pequenez e a fragilidade do ser humano. Ironicamente, aqui acontece exatamente o oposto em termos de escala: agora somos nós que olhamos de cima para essa minúscula cidade; agora é ela que se encolhe perante a nossa presença.

O nome desta fantástica composição, "Ephemicropolis", aparenta ser um piscar de olho ao conceito de efêmero, quase troçando do prazo de validade imposto a todas as coisas materiais que, mais cedo ou mais tarde, acabam por se desgastar. Contudo, o artista parece querer revitalizar e reciclar - usando um termo que está agora nas bocas do mundo - esses mesmos materiais.

"Interessa-me criar uma forma de arte que reconheça e se utilize de aspectos materiais do mundo que me rodeia, sem respeitar necessariamente a função para que foram designados: objetos, tecnologia, software, comida, som, entre outros. Estes elementos são os meus pontos de partida para a exploração do meu trabalho", afirma o artista na sua página web.

Na verdade, Peter Root construiu já outras peças igualmente fascinantes a partir de batatas, sabonetes e até microfones.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Ai, que saudades da Amélia

por Lya Alves
Bem, quando conquisto algo que desejei muito, ou quando venço uma batalha, sempre me pergunto "o preço" e se "valeu a pena"? "Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena"- disse Fernando Pessoa, mas pra dizer que valeu a pena, precisamos avaliar o preço.
Por exemplo,só pra botar lenha na fogueira: nós mulheres conseguimos independência e direitos. Que ótimo. Mas após uma grande conquista como essa precisamos avaliar os prós e contras. Por exemplo: conquistamos o direito de trabalhar e produzir. mas a mulher casada trabalha o dia todo, sai de casa 7:00h chega às 20:00h, tem que limpar a casa, lavar roupa, fazer comida e cuidar dos filhos, estudar para se manter no mercado de trabalho, estar impecavelmente bonita em público e disposta para o marido porque afinal, a concorrência é desleal, mais jovem, sarada, disposta e turbinada.
Vamos a Fernando pessoa, de novo:
"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu."
O preço da independência é caro, não se enganem. Por causa dela, pagamos baby-sitters pra cuidar do nossos filhos, e negamos leite materno, saúde emocional e física a nosso filhos. Transferimos os nossos deveres de esposa para outras mulheres e tudo bem, o salário delas está garantido. Assinamos a carteira delas, não é? Onde estamos espelhando nosso céu?
Os homens continuam querendo apenas uma mulher de verdade. Sim, uma Amélia, é o que eles querem. Porque Amélia não pagava baby sitter pra fazer a parte dela, não pagava faxineira, nem passadeira, nem cozinheira. Ela era competente. Cuidava da casa e do seu homem. Não precisava fazer curso de sedução, ou strip tease para se afirmar como mulher. Amélia estava descansada, meninas. Depois de meio dia já tinha terminado suas tarefas de dona de casa e a partir daí era só descansar o corpinho lindo pra hora do seu amado chegar: ela estava bonita, cheirosa e pronta pra ele. Claro, não estava esgotada com a jornada de trabalho. Amélia não tinha vaidades capitalistas: não precisava de botox ou silicone. Mas por algum motivo, Amélia se foi. Não sabemos o motivo. Queria ter conhecido a Amélia pra perguntar.
Provavelmente ela está trabalhando - meio expediente. E arrumou um cara que não seja vacilão de deixá-la passar fome ou qualquer outra necessidade. Amélia não tinha vaidade no sentido de ser fútil. Mas deve estar uma coroa bonitona que não é louca de perder tempo com 44 horas semanais de trabalho. Deve estar por aí curtindo a vida adoidado, enquanto suas conterrâneas estão enfartando e amargando as consequências da menopausa.
Amélia deve estar por aí de férias em Cancun, bronzeadíssima, ou cuidando dos netos e fazendo hidroginástica. Afinal, Amélia é que é mulher de verdade.
Mulheres: olhai vossas motivações e avaliai o preço! Está na hora de fazer a clássica pergunta: "foi bom pra você"? Conquistamos muitas coisas importantes, e ainda há muito o que conquistar. Mas nesse pacote de vitórias, precisamos repensar algumas coisas e avaliar nossas prioridades.
Pilotando o fogão,
Lya Alves

Uma visão inteligente sobre a Educação Física

O que se aprende com a Educação Física?

Educação Física não é só recreação e jogo de bola. Conheça as lições que é possível tirar da disciplina
por Camilo Gomide
Pelé, Romário, Ronaldo, Zico, Hortência, Oscar, César Cielo, Bernardinho, Marta, Guga... Quem não sonha em ser um atleta peso-pesado? Ou em ter um campeão desses na família? Mas não é apenas de medalhas de ouro e prata que o esporte é feito. Pesquisas mostram que apenas 0,26% da população tem aptidão para se tornar esportista de renome. Mas nem por isso a Educação Física deve ficar de escanteio. As aulas aplicadas na vida escolar das crianças e jovens brasileiros podem não fazer ídolos esportivos, mas desenvolvem muitas habilidades importantes.

Desde o Ensino Infantil até o fim do Ensino Médio as aulas de Educação Física fazem parte do cotidiano dos alunos das escolas públicas e privadas do Brasil. Para a maioria das pessoas, o tal senso comum, a finalidade única da disciplina é fazer exercícios e ensinar regras de diferentes modalidades de esportes. Mas é muito mais do que isso. Além dos benefícios físicos da prática esportiva, a Educação Física pode desenvolver competências e habilidades sociais, psicológicas, motoras e cognitivas!

Na Escola da Vila, em São Paulo, por exemplo, faz parte do plano pedagógico de Educação Física transmitir por meio das atividades valores éticos. "Nosso trabalho é voltado para práticas que, além de melhorar funções metabólicas, e de conscientizar os alunos da importância do cuidado com o corpo, procuram desenvolver um senso de coletividade buscando uma convivência solidária e positiva", diz Washington Nunes, Coordenador de Esportes.

Essa concepção do ensino de Educação Física parte de um conceito que entende o ser humano como um animal estruturado por corpo, razão e emoção. Em consonância com essa filosofia, a UNESCO – organização de cultura, Educação e ciência das Nações Unidas – estabeleceu quatro pilares que devem fundamentar a Educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. "Uma boa Educação deve ensinar o aluno a aprender, a agir e a se relacionar. Precisa englobar esses 4 pilares da UNESCO. E isso vale para qualquer disciplina, inclusive a Educação Física", diz Alcir Ferrer, professor de Educação Física e treinador de basquete juvenil do Club Athletico Paulistano, de São Paulo.

Conheça melhor algumas competências que crianças e jovens podem desenvolver com a Educação Física:

1 - Desenvolver habilidades cognitivas

Várias habilidades como raciocinar, planejar, exercitar a memória, compreender situações, linguagens e estratégias e resolver problemas precisam ser desenvolvidas. A melhor fase para trabalhar essas capacidades do aprendizado (cognitivas) é na infância. Embora as habilidades motoras sejam o aspecto aparente mais trabalhado, é possível estimular o raciocínio por meio das atividades. "A brincadeira também produz conhecimento, é onde a criança aprende com prazer sem saber que está aprendendo", explica Cynthia Tibeau, mestre em Educação Física pela USP e Doutoranda em Psicologia da Educação pela PUC. Em brincadeiras de arremesso com bola, por exemplo, pode se exercitar a precisão de movimentos e a memorização.

2 - Respeitar o corpo

Uma boa aula de Educação Física deve mostrar, antes de mais nada, a importância de se ter um corpo saudável, com habilidade para executar movimentos. Ela deve mostrar também como os exercícios físicos, praticados de forma correta, sem exageros, podem ajudar nesta empreitada. Na fase da adolescência essa conscientização deve ser ainda mais trabalhada. Deve ficar claro que a malhação não pode ter como única finalidade a estética. "O aluno do Ensino Médio não tem paciência para a Educação Física. Ele busca outras coisas como ficar sarado. Nem todo professor de academia está preparado pra orientar corretamente os exercícios. E às vezes chega a recomendar certos suplementos perigosos", diz Cynthia Tibeau, mestre em Educação Física pela USP e Doutoranda em Psicologia da Educação pela PUC.

3 - Aumentar a autoestima

Do ponto de vista físico, o exercício libera hormônios que causam bem-estar. Do psicológico, aumenta a confiança e diminui a timidez. A professora Meico Fugita, doutora em aprendizagem motora, trabalhou durante 16 anos na EMEF Luiz Gonzaga do Nascimento Junior, uma escola na comunidade de Heliópolis e testemunhou alguns casos de superação pelo esporte. Um garoto que aos 15 anos ainda não sabia ler, com péssimo desempenho escolar, encontrou no atletismo um meio de recuperar sua autoestima. Como? "Quando ele se deu conta de que com esforço e trabalho diário poderia evoluir no esporte ganhou mais confiança no resto da vida", conta a professora. O esporte surgiu na vida do garoto como uma nova possibilidade, mas mesmo não se tornando um atleta, a nova perspectiva foi positiva. "Com esse aumento da autoestima ele ficou mais responsável na escola e mudou seu comportamento", contou Meico.

4 - Trabalhar o equilíbrio emocional

Ganhar, perder, errar, jogar com a incerteza... são situações comuns na vida. A boa Educação Física deve desenvolver o controle psicológico dos alunos sob a adversidade. "A pessoa precisa aprender a lidar com o sucesso e o fracasso". A dica é da psicóloga esportiva Regina Brandão, especialista em preparar equipes vencedoras. Grande parte do sucesso da seleção brasileira campeã do mundo em 2002 se deve ao trabalho de Regina. A psicóloga ajudou o técnico Luís Filipe Scolari, o "Felipão", na preparação emocional dos atletas. O mesmo tipo de trabalho pode - e deve - ser feito nas aulas de Educação Física. Afinal de contas, não é só no esporte que precisamos ter controle. Mas como isso pode ser trabalhado nas aulas? "É preciso criar situações em que os alunos tenham de lidar com a frustração. Terminar um jogo assim que uma equipe faz um ponto a mais, e até montar times mais fortes que o outro, propositalmente", diz Verena Pedrinelli, Doutoranda em Educação Física e Diretora de Esportes da Special Olympics.

5 - Reconhecer o outro e saber compartilhar

Uma das primeiras coisas que se aprende na escola é a lidar com a existência do outro - o colega, o professor, o funcionário. Aquele outro ser que não satisfaz os desejos prontamente. Esse reconhecimento não é fácil pois, nos primeiros anos do ensino infantil e fundamental, as crianças ainda passam por um período conhecido como egocentrismo infantil. "Quando nascemos somos cercados de cuidados por nossos pais. Não é de se estranhar que as crianças pensem que são o centro do mundo", explica Cynthia Tibeau, mestre em Educação Física pela USP e Doutoranda em Psicologia da Educação pela PUC.

"Nessa fase é importante mostrar para a criança a importância de compartilhar as coisas", diz Alcir Ferrer, treinador de basquete do clube Paulistano, em São Paulo. Isso costuma ser feito por meio de atividades recreativas, seguidas de um bate-papo. Um exemplo, utilizado por Alcir, é o "pega-pega corrente". Na brincadeira, quem é capturado pelo pegador dá a mão para ele e passa a pegar os outros junto. Cada um que é pego aumenta a corrente. À medida que o cordão aumenta, a bagunça começa. Quanto maior a corrente, mais desordenada ela fica. "No fim do exercício, eu mostro para eles que a corrente não deu certo porque cada um queria ir para um lado. Com esse exemplo prático fica mais fácil de entender a importância do trabalho coletivo", diz o Professor de Educação Física.

6- Trabalhar em grupo

O ser humano é o animal que mais depende de seu semelhante pra sobreviver. Justamente por isso, precisa estar apto a trabalhar em equipe. Tanto no futebol quanto na vida é preciso aprender a dividir as tarefas e as responsabilidades. Quanto maior a comunicação do grupo, melhor o resultado. Na EMEF Luiz Gonzaga do Nascimento Junior, na comunidade de Heliópolis, em São Paulo, o trabalho da professora Meico Fugita conseguiu aproximar meninos e meninas em torno do futebol. Normalmente, garotos torcem o nariz quando são forçados a jogar bola com meninas. Na escola, foi diferente. "As meninas estão começando a gostar de futebol, mas têm medo de certos lances como cabecear e matar no peito. Propus aos garotos que ensinassem as meninas a jogar. O resultado foi muito bom", diz Meico Fugita.

7- Desenvolver a autonomia

Tomar decisões, se impor, fazer escolhas, ou seja, saber se virar é indispensável na vida de qualquer pessoa. Por meio da Educação Física é possível envolver os alunos em várias situações que desenvolvem essa competência. "Num jogo de basquete, ou de qualquer outro esporte, o jogador precisa raciocinar rápido para pensar a melhor jogada a ser feita", diz Alcir Ferrer, professor de Educação Física e técnico de basquete do Paulistano, clube de São Paulo.

A autonomia promovida pela Educação Física também pode servir para melhorar o convívio social de deficientes intelectuais. Verena Pedrinelli é mestre em Educação Física e atuou como Diretora de Esportes da Special Olympics, uma instituição esportiva de apoio a deficientes intelectuais. Seu trabalho é voltado para desenvolver autonomia nessas pessoas com inteligência abaixo da média, que têm dificuldades comunicativas, de cuidados pessoais e outras aptidões sociais. Por meio de atividades desafiadoras, que passam do simples ao complexo, Verena estimula seus alunos a agirem por conta própria e serem mais pró-ativos. "Deficientes intelectuais precisam ter opção de escolha e de tomada de decisão, assim como qualquer pessoa". diz Verena.

8- Estimular a criatividade

"O que move o mundo é a criatividade. Se não formos criativos não evoluímos", defende Cynthia Tibeau, mestre em Educação Física pela USP e Doutoranda em Psicologia da Educação pela PUC, especialista em criatividade. Cynthia defende que quanto mais desafiado for o jovem, melhor preparado ele será. "A criança que elabora diferentes formas de fazer uma tarefa tem mais repertório pra enfrentar situações adversas". Para a professora, é muito importante trabalhar movimentos criativos na Educação Física desde o ensino infantil. "Nos primeiros anos do ensino fundamental é necessário trabalhar a diversidade do movimento. Quanto mais você estimular a criança mais ela vai te surpreender", explica. É importante destacar que estimular a criatividade corporal, embora trabalhe em certo grau o raciocínio, não desenvolve todas as áreas da criatividade. "Uma pessoa criativa com o corpo não necessariamente é uma escritora criativa. A criatividade deve ser estimulada em todas as áreas", diz Cynthia.
Fonte: www. abril.com.br

terça-feira, 25 de maio de 2010

Heloisa Buarque de Hollanda – novas visões sobre periferia

por Luíza Costa / blog Acesso
Todos os dias, novos projetos culturais invadem as favelas do Rio de Janeiro. Idéias assistencialistas, de desenvolvimento da comunidade, diminuição do tráfico, ajuda à saúde, à educação e, claro, à cultura. Porém, são poucos os que olham para a realidade da favela e enxergam entre seus moradores artistas e, quiçá, intelectuais que necessitam de uma educação formal na área de cultura, já que experiência e sensibilidade sobram.

Foi debruçada sobre os estudos das periferias e trabalhando em projetos socioculturais que a lingüista e coordenadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea – PACC da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Heloisa Buarque de Hollanda, descobriu ainda mais sobre a cultura nas comunidades. Se pouco era feito, era porque menos ainda se conhecia, dentro do espaço acadêmico, sobre esses saberes da favela. A fim de promover a produção de conhecimento e criações artísticas em literatura, artes visuais, teatro, dança e música, Heloisa Buarque de Hollanda propôs a seus colegas da UFRJ a criação da Universidade das Quebradas, projeto que leva os moradores das periferias para dentro da universidade, por meio de um curso de extensão.

Em entrevista ao Acesso, Heloisa Buarque de Hollanda vai além da criação, desenvolvimento e expectativas sobre o projeto, e conta que, após quase meio século de vida acadêmica, tem compartilhado com os moradores das favelas um conhecimento que a muito não adquiria.

ACESSO – Como se deu esse salto de trabalhos acadêmicos na área de cultura desenvolvidos dentro da universidade pelo PACC para a criação de uma ação social?

Heloisa Buarque de Hollanda – Eu estava trabalhando há muito tempo com a periferia, desenvolvendo pesquisas, e percebia que a academia tinha completo desconhecimento do que era a favela, do que pensavam as pessoas que ali viviam. Mesmo eu, que frenquentava bastante esse ambiente, não conhecia muito, sabia que existiam intelectuais maravilhosos, mas não tinha conhecimento sobre o que eles pensavam. Foi então que propus uma troca de experiências, ao invés de continuarmos com os trabalhos já existentes.

ACESSO – E qual é o objetivo dessa troca?

H.B.H. – A principal ideia da Universidade das Quebradas é que haja uma troca de saberes e práticas de criação e produção de conhecimento entre membros da academia e dessa “elite”, possuidora de conhecimento informal, para que se articulem experiências culturais e intelectuais produzidas dentro e fora da academia.

ACESSO – O que há de especial nos artistas/ alunos da universidade? Como eles foram selecionados?

H.B.H. – São artistas com trabalhos consolidados em suas comunidades que apontam como revelações. Abrimos o processo de seleção e chamamos esses nomes expoentes dentro do universo das favelas. Dos convidados à seleção, tivemos 80 inscritos, que passaram por avaliação de portfolio e entrevista. No fim, foram selecionados 20. Apostamos em indivíduos que farão ou já fazem parte da história da arte no Brasil. Temos rappers, poetas, artistas plásticos, entre outros, que formam a massa crítica da periferia.

ACESSO – Após tantos anos lecionando, que diferenças são perceptíveis no processo de trabalho, em um projeto de inclusão sociocultural?

H.B.H. – A grande diferença de um trabalho como esse, quando realizado para um grupo da periferia ou de jovens de classe média, é que o segundo grupo vem com uma bagagem acadêmica diferente, já que o morador da periferia não teve a oportunidade de estudar formalmente aquele assunto antes. Muitos já tiveram contato com boa parte do conteúdo abordado em aula, porém não de forma organizada. Eles têm uma demanda de conhecimento reprimida e, consequentemente, uma busca muito mais entusiasmada. E é isso que faz dessa troca algo tão rico.

ACESSO – Seguindo essa ideia da troca de saberes, como são desenvolvidas as temáticas escolhidas, de modo a desenvolver um conteúdo intelectual formal sem perder a relação de intercâmbio de conhecimento?

H.B.H. – Começamos pela antiguidade, falando sobre a Ilíada e a Odisséia. Temos uma aula em que os professores se articulam mais para expor o tema e, na semana seguinte, promover o debate. Nesse fórum, ouvimos mais os alunos. E fiquei impressionada com o quanto eles têm a dizer. Quando falamos de mitologia e de cultura formal, eles associam à mitologia existente na favela. Todos têm uma familiaridade absurda com os assuntos abordados, mas vinda de universos simbólicos de suas próprias vidas.

ACESSO – Se a concepção da Universidade das Quebradas é dar acesso a um conhecimento formal a artistas de periferias e promover seu desenvolvimento, ao fim do curso, eles desenvolvem projetos de pesquisa?

H.B.H. – Sim. Todos os alunos deverão apresentar ao fim do curso um projeto de pesquisa. Isso é parte fundamental para que recebam seus certificados. A proposta é que nós, professores envolvidos com a Universidade das Quebradas, orientemos esses trabalhos. Agora, após algumas aulas, percebo que esse projeto será fundamental, pois, mais do que a necessidade de adquirir novos conhecimentos, eles necessitam de treinamento para articular seu conhecimento.

ACESSO – A partir dessa primeira experiência, já dá para traçar planos para a edição do próximo ano? Que novos projetos estão previstos para a Universidade das Quebradas?

H.B.H. – Tenho 74 anos e já criei muitos projetos ao longo de minha carreira. Hoje, não planejo nada a longo prazo. Crio projetos para serem concretizados em seis meses, um ano, e depois reformulo para ir em frente. Aprendi que não posso ter tantas expectativas; tudo acontece por tentativa e erro. As aulas acabaram de começar e eu estou apaixonada. É uma situação completamente nova para mim. E o mais encantador é que está funcionando. Estou entusiasmada com o processo, mas sem pretensões.

ACESSO – O trabalho com a periferia esteve presente em sua vida, desde a juventude, correto? Fazendo um comparativo, qual é a grande novidade da Universidade das Quebradas para você?

H.B.H. – Eu sou da geração de 1960. Sou da época em que se ia para as favelas para ensinar os moradores, sem qualquer preocupação com o que eles pensavam ou necessitavam. Sinto que eu mudei e essa relação também. A Universidade das Quebradas me fez ver que é essa nova relação a que eu quero. Achei um novo lugar para falar e aprender.

Luíza Costa / blog Acesso

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Seminário Internacional de Economia Criativa

Horário de início: terça, 25 de maio de 2010 às 09:00

Horário de término: quarta, 26 de maio de 2010 às 18:30

Localização: BNDES - Auditório Reginaldo Treiger
Av. Chile, 100 (1.° S) - Centro
Rio de Janeiro, Brazil

Descrição:

Intangíveis e Inovação: o I do desenvolvimento
Participe conosco deste debate e troca de experiências entre alguns dos mais qualificados pensadores, criadores, empresários, investidores e autoridades nacionais e internacionais dos setores público e privado. Vamos conhecer o que têm a dizer sobre temas estratégicos neste momento: economia criativa e desenvolvimento sustentável; inovação; cidades criativas; parcerias e políticas para promover a centralidade dos ativos intangíveis.
Vagas limitadas.

Inscrições gratuitas e limitadas: seminarioeconomiacriativa@enthusiasmo.com.br

Realização: In Mod

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Bahia já tem centro de descarte de computadores

Uma boa notícia para a população baiana! Foi inaugurado o primeiro Centro de Recondicionamento de Computadores da Bahia (CRC), localizado no município de Lauro de Freitas, a 37 km de Salvador.
Mas o que faz esse centro?
Sabe aquele computador antigo ou qualquer outro equipamento de informática que está há anos entulhado na sua casa ou no seu trabalho, sem serventia alguma? Pois então, o CRC tem a missão de recuperá-los e doá-los a telecentros, escolas e bibliotecas.
E o melhor: sabe quem serão os responsáveis por recuperar esses equipamentos? Jovens de escolas públicas e filhos de cooperativados de Lauro de Freitas, que serão treinados, e sairão com uma formação profissional garantida. O interesse dos jovens foi tamanho que 200 se inscreveram e 60 foram selecionados.

O início dos trabalhos de recuperação está previsto para este mês de maio e o CRC já está recebendo computadores e outros equipamentos de informática. O Centro fica na rua entre o Atacadão dos Pisos e o Posto Texaco, antes do Atacadão Atakarejo de Lauro de Freitas, e o horário de funcionamento é das 8h30 às 17h30. Para mais informações ligue (71) 3379-7326.

Pratique a solidariedade!

AINDA A OCUPAÇÃO ARTÍSTICA NA FEIRA DE SÃO JOAQUIM

CONVITE OCUPAÇÃO ARTÍSTICA NA FEIRA DE SÃO JOAQUIM
DIA 14 DE MAIO 2010 AS 9h. SEXTA FEIRA - UM DIA SÓ
72 ARTISTAS CONVIDADOS!

Fotografias de Inés V. Grimaux na Ocupação Artística da Feira de São Joaquim

Alinhar à esquerda

domingo, 16 de maio de 2010

Secretaria de Cultura do Estado da Bahia lança 18 editais de apoio à produção artística

Teto da Igreja de São Francisco (2009) - Salvador/BA - por David Glat
A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia - SecultBA, através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural - IPAC, do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB, da Fundação Cultural do Estado da Bahia – FUNCEB, da Fundação Pedro Calmon - FPC, e do Núcleo de Culturas Populares e Identitárias, lança os Editais 2010 que vão dar apoio a cerca de 180 projetos culturais nos diversos territórios de identidade do estado. Desde terça-feira (10/05/2010), os textos e formulários de inscrição estão disponíveis nos sites de todas as unidades da SecultBA.
Para o secretário de Cultura do Estado Márcio Meirelles, as seleções públicas são uma forma transparente e democrática de seleção. “É evidente o aumento de projetos apoiados em todo o estado desde que adotamos esse sistema”, declara o secretário. “Temos alguns desafios pela frente, até porque foram apenas três anos para implementar uma política pública nova para a máquina pública do nosso estado e relativamente nova no Brasil, mas o Ministério que já está na labuta há oito anos, mostra que a afinação é uma questão de tempo”, completa Meirelles.
Ao todo são 18 editais nas áreas de apoio às linguagens artísticas, com destaque para um edital de apoio ao Circo, museus e patrimônio, audiovisual, residência artística, intercâmbio, livro, LGBT e Cultura Negra, entre outros. O total de investimentos, através do Fundo de Cultura do Estado da Bahia, é da ordem de R$ 9 milhões.
Para o diretor geral do Ipac, Frederico Mendonça, a criação inédita na Bahia de editais para a área de Patrimônio Cultural e Museus integra a política pública de Cultura que vem sendo implantada desde 2007 pela SecultBA. “Esta política, atende antiga reivindicação de profissionais, governos municipais e outras instâncias da sociedade para com a salvaguarda e preservação dos bens culturais, materiais e imateriais, e para os espaços museais com investimentos diretos em áreas onde a única alternativa era o Fazcultura. Com o Fundo de Cultura hoje temos mais opções”, explica o diretor. “Até agora, o IPAC já lançou seis editais para o conjunto das áreas de Patrimônio, Museus e atividades culturais no Pelourinho, totalizando investimento de cerca de R$ 5,6 milhões do Fundo de Cultura da Bahia, para apoio a 81 projetos da sociedade civil”, completa Frederico.
Para a diretora da Funceb, Gisele Nussbaumer, os editais reforçam a política de descentralização e distribuição de recursos para uma ampla diversidade de linguagens artísticas. “De 2007 até agora, a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, através da Fundação Cultural, investiu mais de R$ 10 milhões em mais de 40 editais de fomento à produção, desenvolvimento e difusão das Artes Visuais, Dança, Música e Teatro na Bahia, possibilitando a execução de mais de 400 projetos", explica a diretora.
Desde o início das seleções públicas, em 2007, o Governo do Estado da Bahia já lançou 98 editais de apoio às linguagens artísticas, tendo recebido 5.614 inscrições de projetos de todo o estado e apoiado 1.285 iniciativas. Um dos destaques desses investimentos são as ações em Literatura, Livro e Leitura realizadas pela Fundação Pedro Calmon. “O edital de apoio à publicação de obras de autores baianos é destinado à fortalecer o mercado editorial da Bahia, formado por escritores de qualidade reconhecida, editoras que buscam a profissionalização e leitores ávidos por boa literatura”, explica o diretor geral da Fundação Pedro Calmon, Ubiratan Castro de Araújo.
Ele afirma ainda a importância da política pública de editais. “A política de editais é um processo democrático por permitir o acesso de todos os cidadãos, de forma republicana. Outro aspecto positivo é que os méritos dos projetos são garantidos pela avaliação criteriosa de comissões julgadoras formadas por especialistas e representantes da sociedade civil”, explica o diretor.
Quem também explica a importância da política é o diretor geral do IRDEB, Póla Ribeiro “A importância básica do edital para a cultura é seu funcionamento como uma ferramenta de grau elevado de transparência para a sociedade, o que possibilita dar oportunidade igual, com regras claras, para todos agentes culturais. O edital é feito pelo Estado, mas é validado pelas comissões julgadoras formadas por membros da sociedade” explica o diretor.
Como se inscrever – Basta acessar aqui ou das unidades vinculadas para baixar e preencher os formulários, providenciar os documentos, e entregar no prazo estabelecido por cada unidade gerenciadora, cumprindo o regulamento específico em cada edital. Para se inscrever, basta ser pessoa física ou jurídica, maior de 18 anos, residente no estado da Bahia há pelo menos 3 anos.
Acesse aqui os editais e os documentos referentes a cada um deles.
Veja os editais da Secretaria de Cultura do Estado e seus valores:
Secretaria de Cultura
Apoio à Projetos de ações continuadas de instituições culturais – R$ 1,5 milhão (12 projetos)
Montagem de Espetáculo Teatro no âmbito do convênio France Libertés– R$ 100 mil (1 projeto)
www.cultura.ba.gov.br
Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia - Irdeb
Desenvolvimento de Roteiros – R$ 225 mil (15 projetos)
Curta Metragem – R$ 225 mil (3 projetos)
Festivais e Mostras – R$ 320 mil (6 projetos)
Programa de Rádio – R$ 130 mil (2 projetos)
www.irdeb.ba.gov.br
Fundação Cultural do Estado da Bahia - Funceb
Apoio a Circo – R$ 285 mil (12 projetos)
Grupos Artísticos - R$ 1,23 milhões (18 projetos)*
Produção Dramatúrgica - R$ 90 mil (6 projetos)
Montagem Espetáculo de Dança - R$ 720 mil (10 projetos)
Montagem Espetáculo de Teatro - R$ 720 mil (10 projetos)
Montagem de Exposição de Artes Visuais - R$ 480 mil (11 projetos)
Circulação de Espetáculos Musicais - R$ 540 mil (9 projetos)
www.funceb.ba.gov.br
*Lançamento até final de maio
Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural - IPAC
Dinamização de Museus –– R$ 500 mil (13 projetos)
Valorização de Patrimônio –– R$ 260 mil (10 projetos)
www.ipac.ba.gov.br
Fundação Pedro Calmon - FPC
Edição de Livros Autores Baianos – R$ 375 mil (15 projetos)
www.fpc.ba.gov.br
Núcleo de Culturas Populares e Identitárias
Cultura Negra – R$ 300 mil (7 projetos)
LGBT – R$ 250 mil - (6 projetos)
www.cultura.ba.gov.br
Veja os editais já lançados pela Secretaria de Cultura do Estado
Residência Artística – R$ 90 mil (6 projetos)*
Difusão e Intercâmbio – R$ 240 mil (16 projetos)*
www.cultura.ba.gov.br
*Formato de calendário de apoio
Desde 2007 a Secretaria de Cultura vem diversificando os mecanismos de fomento à cultura da Bahia. Hoje, além do Fazcultura, existente desde 1997, é possível apoio a iniciativas culturais através do Fundo de Cultura, do calendário de apoios da Fundação Cultural ou do Microcrédito Cultural. Neste semestre será implantado também, em parceria com o Desenbahia, linha de crédito para o setor produtivo.

sábado, 15 de maio de 2010

Ocupação Artística na Feira de São Joaquim

"Instalações, performances, fotos, quadros, coquetel. A iniciativa do artista plástico Leonel Mattos, de promover uma ocupação artística, por um dia, na Feira de São Joaquim, extrapolou as expectativas e gerou uma manifestação histórica (em parte, até histérica) de artistas baianos, contemporâneos ou não e artistas de outros Estados, a exemplo de Adriano de Aquino, Ivald Granato e Patricia Bowles. A arte exposta em meio à feira. Todo povo tem de ir aonde a arte está, ou vice-versa..." - Albenísio Fonseca
Foto de Albenísio Fonseca
Foto de Albenísio Fonseca
Foto de Albenísio Fonseca
"Dezenas de artistas visuais, sob a curadoria de Leonel Mattos fizeram suas intervenções em meio aos tabuleiros dos produtos vendidos naquele espaço, que vão de hortifrutigrangeiros a artigos religiosos. “Convidei vários artistas para esta intervenção em um espaço nada convencional, para que a arte de cada um falasse por si só. Eu acho que espaços específicos convencionais acabam imprimindo à arte, um status duvidoso muitas vezes imposto pelos críticos e intelectuais. Arte não é para se entender, é para se sentir” filosofa o curador e autor da idéia da coletiva, que apresentou uma instalação com um personagem enjaulado." - site de Lícia Fábio
Obra de Leonel Mattos - BA
Foto da obra de Leonel Mattos, feita por Salvador Up Date
Leonel Mattos também fez uma homenagem a Cosme e Damião, atraves de uma instalação composta por 5.000 quiabos.
Num espaço urbano repleto de informações, como é a Feira de São Joaquim, a exposição efêmera não alterou a dinâmica da rotina do comércio local e quase todas as obras se harmonizaram de forma plena com o ambiente, cada um brilhando à sua maneira.
O Sultão e os Repolhos
Obra de Patricia Rosa - BA
Obra de Antonio Carlos Rebouças - BA
Obra de Dinho Vital e Ricardo Prado
Obra de Adriano de Aquino - RJ
Obra de Ivald Granato - SP
Obra de Fernando Carpaneda
Obra de Lia Magalhães
"Uma interferência que chamou bastante atenção de feirantes e consumidores foi a “TV Bode”, do artista Daniel Lisboa, que buscou inspiração nas obras de Nam June Paik, o sul coreano considerado pai da videoarte, para protestar contra a TV Mundo Cão que tanto sucesso faz na programação local das emissoras baianas, “que exploram a violência e a fraqueza humana para faturar ibope”, diz Daniel."- site de Licia Fábio
Já o artista Bel Borba utilizou sua conhecida imaginação fértil e objetos encontrados na feira para criar “A Carne é Fraca”, uma instalação com argila, cabeças e patas de porcos para dar forma aos seus humanóides. Elementos de expressão, que provocassem sensações e questionamentos sobre a relação homens, animais.
Performance ÁGUA de Zau Pimentel

PERFORMANCE: VENDE-SE UM ARTISTA A PREÇO DE BANANA! ARTISTAS PERFORMERS: PAULLA BOMFIM, PAULLA MAGNO, ANTONIE E EDUARDO SILVA.

Na exposição multimídia, que misturou pinturas, esculturas, instalações, fotografias, vídeos e performances, houve espaço também para as criações do estilista Di Paula, que aproveitou o espaço para elaborar um ensaio de moda dentro do contexto da coletiva.

A ocupação artística na Feira de São Joaquim acabou por se transformar numa mobilização estética e política, com sua legítima crítica às instituições de arte tradicionais, evidenciando o que diz o poeta: “todo artista tem que ir, aonde o povo está”