domingo, 30 de maio de 2010

As verdadeiras cidades de metal de Peter Root

Onde alguns vêem apenas um utensílio de trabalho vulgar, frequentemente utilizado para arquivar toda a espécie de documentos, outros vêem o verdadeiro potencial do design. E não é isso que distingue os artistas dos comuns mortais? As instalações do norte-americano Peter Root provam isso mesmo: "Ephemicropolis" é uma composição artística conseguida unicamente a partir de grampos de diferentes tamanhos, utilizados para criar a ilusão de uma mini metrópole, verdadeiramente feita de metal.

A montagem da instalação só ficou concluída após 40 horas de minucioso trabalho. Esta "Ephemicropolis" é composta por um total de 100 mil grampos, utilizados individualmente ou em aglomerados até 12 centímetros de altura, e foram arranjados em diferentes tamanhos, simulando da forma mais real possível o contraste de alturas entre os edifícios que se encontram numa grande cidade como Nova Iorque. A predominância é dada, claro, às grandes estruturas verticais, à semelhança dos arranha céus.

A instalação de Peter Root representa muito literalmente o que hoje entendemos por cidades de bretão e aço, essas metrópoles que poluem a linha do nosso horizonte com construções que cada vez mais nos relembram a pequenez e a fragilidade do ser humano. Ironicamente, aqui acontece exatamente o oposto em termos de escala: agora somos nós que olhamos de cima para essa minúscula cidade; agora é ela que se encolhe perante a nossa presença.

O nome desta fantástica composição, "Ephemicropolis", aparenta ser um piscar de olho ao conceito de efêmero, quase troçando do prazo de validade imposto a todas as coisas materiais que, mais cedo ou mais tarde, acabam por se desgastar. Contudo, o artista parece querer revitalizar e reciclar - usando um termo que está agora nas bocas do mundo - esses mesmos materiais.

"Interessa-me criar uma forma de arte que reconheça e se utilize de aspectos materiais do mundo que me rodeia, sem respeitar necessariamente a função para que foram designados: objetos, tecnologia, software, comida, som, entre outros. Estes elementos são os meus pontos de partida para a exploração do meu trabalho", afirma o artista na sua página web.

Na verdade, Peter Root construiu já outras peças igualmente fascinantes a partir de batatas, sabonetes e até microfones.

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