quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Haiti: um sofrimento que não passa

Terremoto é descrito como catástrofe.
Foto: EFE|Orlando Barría
por Cleidiana Ramos

A devastação provocada pela violência de um fenômeno natural- um terremoto- que assolou o Haiti e deixou um total aproximado de 100 mil mortos é mais um componente para alimentar a convulsão social que toma conta de um dos países da diáspora africana nas Américas.

É mais uma ocorrência extremamente triste e em um país que carrega uma forte simbologia de luta pela liberdade. O Haiti aboliu a escravidão em 1794 numa ação bem diferente da demais: pelas mãos dos próprios escravizados.

A liberdade chegou via o enfrentamento a um dos exércitos mais poderosos da época: o francês. A festa durou pouco pois seguiu-se um período de instabilidade, com a França recuperando seu papel de colonizador.

Um dos períodos mais conturbados da história do país foi o governo de François Duvalier, o Papa Doc e sua temida polícia política, os tontons macoutes. Papa Doc governou de 1957 a 1971 e foi substituído por seu filho, Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, um outro período de terror que durou até 1986.

De lá para cá a história não é muito diferente: sucessão de golpes, tentativas frustradas de retorno da democracia, o óbvio agravamento da pobreza e as consequências de tragédias naturais como furacões e tempestades.

A atual face da crise começou em 2004, com a derrubada do presidente Jean-Bertrand Aristide por rebeldes. Foi então que a ONU aprovou a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) que o Brasil lidera desde junho de 2004.

O que os militares basicamente fazem por lá é tentar diminuir a onda de violência, com destaque para os sequestros, promovidos pelas milícias.

Como é de se esperar o país está devastado, sem nenhum tipo de infra-estrutura. O atual presidente, René Préval, eleito em 2006, tem conseguido manter o cargo, mas ninguém se arrisca a dizer quando as forças da ONU vão realmente deixar o país.

O terremoto que está sendo considerado por especialistas uma catástrofe por conta da suas proporções ( 7 graus na Escala Richter, o equivalente à explosão de 30 bombas atômicas semelhante à que foi lançada em Hiroshima ) piora o que já era considerado inimaginável. A pergunta que todo mundo se faz agora é o que será deste sofrido país daqui para a frente.

Para quem deseja saber um pouco mais sobre os horrores do governo de Papa Doc tem o livro Os Farsantes, de Graham Greene. A obra virou denúncia contra os horrores cometidos por lá, a ponto de ter obrigado o ditador a tentar se explicar internacionalmente.

O livro virou um filme com o mesmo título do livro, dirigido por Peter Glenville,com as atuações de Elizabeth Taylor, Richard Burton e Alec Guiness

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