No entanto, este dia poderia nunca ter acontecido. Ou ter acontecido de forma completamente diferente. Ao longo de todo o ano de 1989 houve uma fuga em massa para a Europa Ocidental de alemães de Leste, através da Hungria, já que este país tinha eliminado as fronteiras físicas com a Áustria. Em Setembro gritava-se nas ruas de Berlim Oriental “Wir wollen raus”, como quem diz “queremos sair” e no início de Novembro os protestos em Berlim leste já contavam com um milhão de pessoas.
Numa tentativa de aligeirar tensões, o governo da República Democrática Alemã decidiu, a 9 de Novembro, permitir a saída dos refugiados para a parte ocidental do país, incluindo Berlim. A medida deveria tomar efeito a 17 do mesmo mês. Contudo, o porta-voz que anunciou a nova medida não sabia de todos os fatos: quando lhe perguntaram no final da conferência quando é que a nova regulação seria posta em prática, ele respondeu “imediatamente”.
Depois disto, o tumulto. A declaração foi também noticiada do outro lado do mundo e centenas de alemães – de um lado e de outro – reuniram-se junto ao muro, exigindo a abertura das portas. Os guardas, que não tinham sido notificados, foram obrigados a deixá-los passar, não recorrendo à violência. O muro não caiu literalmente nesse dia, mas nos dias que se seguiram cidadãos de ambos os lados ajudaram à destruição das fronteiras que durante tantos anos os tinham apartado.
A cidade de Berlim celebra o 20º aniversário da queda do muro com o “Festival of Freedom”, no qual se vai derrubar um muro de dominós, colocado ao longo da cidade, onde 20 anos antes se encontrava o original. Existe ainda um projeto internacional comemorativo, que consiste em enviar 20 tijolos de Berlim para diversos pontos no mundo onde ainda subsistem problemas de fronteiras para que os artistas locais se expressem neles.
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