A fim de que cada país da América Latina consiga promover um debate a respeito do problema e propor soluções adequadas às suas história e cultura particulares, a Comissão acredita ter dado o primeiro passo: quebrar o tabu que impede o debate acerca da questão das drogas nas sociedades. “Estamos convencidos de que a luta contra as drogas não é um problema apenas de governos, judiciário e polícia. A redução do consumo de drogas implica uma mudança de mentalidade e de comportamento. A questão precisa ser amplamente debatida, sem medo e preconceito, nas casas, nas escolas, nas igrejas, na mídia”, disse Fernando Henrique.
Outra proposta presente na declaração é a descriminalização da posse de maconha para uso pessoal e a conversão dos dependentes de compradores de drogas no mercado ilegal em pacientes do sistema de saúde. “Tratar o consumo como uma questão de saúde pública é a pré-condição para redirecionar a ação repressiva para seu ponto crítico: o combate implacável ao crime organizado”, explicou Fernando Henrique. E reforçou: “O objetivo é eliminar o tráfico, não o traficante”. Antanas Mockus, ex-prefeito de Bogotá e membro da Comissão, complementou: “Não se ganha nada proibindo o uso de drogas se esta ação, apesar de proibida por lei, é aprovada pela sociedade.” Também estavam presentes à reunião os seguintes membros da Comissão: Diego García Sayán, ex-Ministro da Justiça e Ministro do Exterior do Peru; Patrícia Llerena, juíza da Argentina, General Alberto Cardoso, ex-Chefe do gabinete de Segurança Institucional; e João Roberto Marinho, diretor do jornal o Globo. Membro do secretariado da Comissão, Rubem Cesar Fernandes, diretor executivo do Viva Rio, também participou da reunião.
Iniciativa dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, César Gaviria e Ernesto Zedillo, do México, e composta por 17 personalidades de diversos países da região, entre elas os escritores Paulo Coelho, do Brasil, Mario Vargas Llosa, do Peru, e Tomás Eloy Martinez, da Argentina, a Comissão foi criada com o objetivo de avaliar a eficácia e impacto das políticas de combate às drogas e formular recomendações para políticas mais eficientes, seguras e humanas.
A declaração e as propostas da Comissão estão disponíveis no site www.drogasedemocracia.org
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