Mas a cultura negra, longe de se restringir à música, é sentida em cada esquina da cidade, em detalhes como as densas fumaças que impregnam as ruas do cheiro intenso de óleo de dendê no qual se frita o acarajé, comida originária dos escravos e libertos.
Estes bolinhos de mandioca empanados, recheados com camarões e verduras picantes, constituem um dos pratos típicos da Bahia e são preparados em qualquer barraquinha, onde ficam as baianas, as cozinheiras que se vestem com suas características roupas brancas e chamativas, figurino coroado com um ojá, uma espécie de turbante, as famosas baianas do acarajé.
O Memorial das Baianas, que fica no coração do Pelourinho, bairro histórico que serviu durante séculos como mercado de escravos, é um local que conta um pouco sobre a história e cultura de uma dos cartões-postais mais famosos de Salvador: as baianas de acarajé. Lá você pode encontrar todos os adereços usados pelas baianas, bem como os ingredientes para o famoso acarajé, vatapá e etc. E ainda estão expostos quadros e outros objetos de arte relacionado à pratica dessas mulheres que ganham a vida vendendo uma das iguarias mais conhecidas da Bahia.
Crianças brincam no terreiro do Gantois
Na época proibida, os fiéis do candomblé se viam obrigados a dissimular seus ritos em um tipo de sincretismo, no qual disfarçavam os orixás com a imagem dos santos católicos.
Nas noites das festas, os terreiros ficam cheios de fiéis e alguns visitantes, que são recebidos com hospitalidade, mostra do povo da Bahia.
A herança africana não fica por aí, atravessa religiões e se manifesta até na igreja de São Francisco, uma das que mais recebe turistas em Salvador e um dos maiores expoentes do barroco português no Brasil.
Este templo católico, cujas paredes internas são totalmente cobertas por baixos-relevos e arabescos com motivos religiosos, esconde a mão dos escravos, que foram os encarregados de talhar cada uma das esculturas.
Os negros deixaram sua marca em um par de máscaras sorridentes, que aparecem talhadas nas duas esquinas nas quais começa a abóbada central.
Essas máscaras não têm relação nenhuma com a iconografia cristã e, segundo os historiadores, foram feitas pelos africanos, que deixaram o selo de seus cultos na igreja das classes altas da Bahia.
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