domingo, 16 de janeiro de 2011

Tragédia das chuvas no Rio de Janeiro

Produtos de higiene pessoal e velas são itens mais pedidos para doação no Rio

As cidades afetadas pelas chuvas na região serrana do Rio, naquela que se tornou uma das maiores tragédias naturais da história do Brasil, recebem doações de diversas partes do país (veja aqui como ajudar). Entre os itens mais pedidos pela prefeitura de Petrópolis, Nova Friburgo e pela Defesa Civil de Teresópolis estão velas e produtos de higiene pessoal (pasta de dente, escova de dente, xampu, sabonete, absorvente e fraldas descartáveis).

As prioridades de Petrópolis são mantimentos, material de limpeza, objetos de higiene pessoal, lençóis e roupa de cama. A cidade recebeu gratuitamente mais de 1,5 milhão de litros de água no sábado (15) e afirma que o abastecimento está praticamente normalizado. Nova Friburgo pede, principalmente, água e vela. Também são necessárias roupas íntimas, talheres, pão de forma, produtos de higiene pessoal e fósforo. Sumidouro pede alimentos não perecíveis, produtos de limpeza e higiene pessoal, papel higiênico, roupa de cama, toalha, cobertor, travesseiro, biscoito e achocolatado.

Em Teresópolis, os itens de mais necessidade são produtos de higiene pessoal (incluindo fralda descartável e geriátrica), vela, fósforo e roupas íntimas. Rudimar Caberlon, secretário municipal de Ação Social de Teresópolis, também pediu que a população mantenha as doações de alimentos. “Precisamos de arroz, feijão, farinha, óleo, sal, macarrão e outros alimentos não perecíveis.” Ele também pediu mobília, eletrodomésticos e demais utensílios para os desabrigados.

Petrópolis e Nova Friburgo informam que já não precisam mais de roupas. “O número de roupas doadas já ultrapassa a necessidade dos moradores afetados pelas chuvas na região de Itaipava”, informou a prefeitura de Petrópolis em comunicado.

Além da doação de produtos, Nova Friburgo também conta com a colaboração dos próprios moradores da cidade, que estão empenhados em ajudar aqueles que foram gravemente feridos pelos deslizamentos de terra e pelas enxurradas que destruíram o município. Uma longa fila se formou no hemocentro montado pela Secretaria Estadual de Saúde de Defesa Civil na região do centro e teve gente que esperou até 3 horas para doar sangue.

A tragédia causou o esvaziamento de Nova Friburgo, pois muitos têm pavor de ficar na cidade com maior número de mortos na calamidade que é registrada como um dos maiores desastres naturais do país. Os ônibus de Nova Friburgo em direção ao Rio saem a toda hora. A frota é de Niterói: os que estavam na serra fluminense estão enlameados ou avariados.

Balanço

O número de mortes causadas pelas chuvas no Rio está em 612. O governador do Rio, Sérgio Cabral, decretou luto oficial de sete dias pelas vítimas – o decreto entrará em vigor na segunda-feira (17), quando será publicado no “Diário Oficial”. A presidente da República, Dilma Rousseff, decretou luto oficial de três dias, a partir de sexta-feira (14). Em comunicado, ela afirmou que o luto é "pelas vítimas dos temporais que assolaram vários municípios do Brasil, principalmente da região serrana do estado do Rio de Janeiro".

Nova Friburgo confirma 273 mortos; a Defesa Civil de Teresópolis, 261. Petrópolis registra 55 e Sumidouro agora tem 19 vitimas. Em São José do Vale do Rio Preto, a Polícia Civil confirma 4 mortes. As cidades de Areal e Bom Jardim, também afetadas, não tiveram vítimas fatais. Na noite de sábado, a Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro havia divulgado 274 mortos em Nova Friburgo e 263 em Teresópolis.

Em Petrópolis, há 3.600 desalojados e 2.800 desabrigados. Teresópolis tem 1.300 desalojados e 1.200 desabrigados. Nova Friburgo tem 3.220 desalojados e 1.970 desabrigados.

Sérgio Cabral presenciou a queda de uma barreira durante a ida para Nova Friburgo, no Rio, no sábado. “Faço um apelo porque vi, in loco [a queda]: que ninguém use a RJ 116, porque acabou de acontecer uma queda de barreira. É algo muito sério, muito grave, está interditado”, afirmou, ao chegar em Nova Friburgo, onde fortes chuvas voltaram a alagar as ruas da cidade.

O governador disse que sentiu na pele a tensão que vivem os moradores da região. “Não vivi a mesma coisa porque graças a Deus estou vivo e não perdi nenhum parente nessa tragédia. Mas efetivamente vivi o pânico”, contou. O governador visitou a cidade para ver os estragos e também o hospital de campanha da Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil, montado no local.

* Com informações de Fabiana Uchinaka e Rodrigo Bertolotto, enviados especiais do UOL Notícias a Nova Friburgo, e Agência Brasil

Nenhum comentário: