Encerram-se hoje as atividades da quarta Campus Party no Brasil. O evento, que mudou de administração pela primeira vez nesta edição, contou com uma série de problemas estruturais que o fizeram começar de forma tensa. O novo diretor do evento, Mario Teza, assumiu o cargo prometendo menos filas e mais atrações, mas teve de amargar quedas de energia elétrica e até conexão com a internet instável, mas a qualidade das atrações fez que o evento tivesse grandes momentos, como recapitulamos a seguir.
A Campus Party começou oficialmente na noite de segunda, 17, mas na prática, a terça-feira que marcou o início das atividades no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. O primeiro dia ficou reservado basicamente para as longas filas de cadastro dos participantes e de seus computadores. Pelo menos, uma boa notícia ajudou a salvar o dia: 300 novas vagas foram abertas “de surpresa”, e preenchidas em pouco mais de uma hora.
E aí, na terça-feira, 18, as megaproporções do evento somadas a instabilidade do clima em São Paulo e a comoção em torno do ex-vice presidente dos EUA, Al Gore, ajudaram a criar o primeiro momento de caos na Campus Party. Sob fortes chuvas, o Centro Imigrantes ficou sem luz e, consequentemente, sem internet. O calor, reforçado pelos ventiladores desligados e pelo impedimento de transitar entre as diferentes áreas durante o blecaute, ajudou a minar o bom humor dos participantes.
E não foi só uma vez. A energia caiu duas vezes ao longo do dia, provocando um dos protestos mais nerds já vistos, em que telas de laptops e tablets eram usadas como piquetes contando gritos de guerra. No dia seguinte, dez novos geradores foram comprados e anunciados pelo diretor do evento, Mario Teza.
A partir de quarta-feira, 19, as coisas começaram a ficar mais normais na Campus Party, ao menos para os padrões do evento. O quase brasileiro Jon “Maddog” Hall, diretor-executivo da Linux International, foi o principal palestrante do dia, que ainda teve problemas de conexão , pedido de casamento no palco e as disputadas eliminatórias do campeonato do game Street Fighter.
Na quinta-feira, 20, campuseiros viram celebridades passeando pelos corredores do evento, como a Panicat Babi Rossi e o apresentador de TV Marcos Mion. Também foi o dia em que, por conta de uma ação de marketing, roupões brancos se tornaram vestuário oficial de alguns participantes que toparam encarar a brincadeira apesar do calor (felizmente, todos mantiveram suas roupas “normais” sob o roupão). Também foi o dia em que se apresentaram um dos criadores da Arpanet (rede militar americana precursora da internet), Steve Crocker, e o astronauta brasileiro Marcos Pontes.
A sexta, 21, começou com mais confusão, chuvas e goteiras, que mobilizaram os campuseiros na corrida para manter o computador seco e seguro. Nova queda de energia levou o diretor do evento ao palco principal, em meio a protestos e grande confusão. Geradores foram acionados, mas ainda assim, participantes circularam pelo evento carregando faixas que diziam “nunca mais”, em procissão de tons fúnebres. Na sexta, antes e depois do apagão, se apresentaram os donos do blog Jovem Nerd, ídolos de muitos campuseiros; e Kul Wadhwa, gerente do Wikimedia Foundation, dona da Wikipédia.
No sábado, o último dia foi estrategicamente planejado para fechar com brilho a festa. Boas oficinas, palestras interessantes (uma discutia a presença feminina no universo essencialmente masculino da informática e outra as lanhouses e seu papel na inclusão digital) , mas o que os nerds queriam mesmo saber era dos dois gringos que falariam naquela tarde: o primeiro é Ben Hammersley, editor da Wired inglesa e futuro diretor da Campus Party estadunidense em 2012. O segundo é, sem dúvida, a estrela de todo o evento: o criador do computador pessoal, cofundador e cabeça da Apple Steve Wozniak reuniu praticamente todos os campuseiros ali presentes para uma palestra de pouco mais de uma hora.
O saldo é de um evento bem sucedido, que agradou a grande maioria dos que dormiram ou estiveram por ali nessa semana – apesar da série de problemas que não foram vistos em edições anteriores. As palestras, oficinas e “distrações” (games, simuladores, flashmobs) certamente agradaram a todos e garantiram o bom nível do evento. A interação entre os campuseiros se deu de forma natural e o ambiente ali era, literalmente, de festa, principalmente após a terça-feira caótica que fez a Campus Party começar com o pé errado. O descuido em relação aos geradores provavelmente não voltará a se repetir em 2012, o que já pode animar os futuros campuseiros. Outro ponto a ser melhorado é o das filas, que o diretor do evento Mario Teza garantiu que vai pensar em sistemas mais eficientes, talvez contratando uma empresa terceirizada especialista em credenciamento. Estaremos lá de novo para conferir.
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