quarta-feira, 16 de junho de 2010

Economia Criativa: Moda e Design

Como acontece há quatro anos por ocasião do SPFW, uma interessante programação paralela organizada por Graça Cabral, Lídia Goldenstein e Lala Deheinzelin discutiu ontem no MAM o assunto da Economia Criativa.
O que é isso afinal? Nada muito complicado, mas muito novo e moderno: é a economia que não se produz com matérias-primas perecíveis, como petróleo, minerais, gás, mas com valores intangíveis (mas muito concretos) como marcas, design, criatividade e beleza.
Moda, é claro, tem tudo isso; é só observar o que um evento como o SPFW gera de economia para uma cidade como São Paulo: hotéis e restaurantes cheios, lojas movimentadas, showrooms trabalhando, sem falar nos jornalistas, cabeleireiros, modelos, costureiras e etc., mais diretamente envolvidos nos desfiles e nas passarelas.
Vejam o quanto de dinheiro, trabalho e musculatura o sistema econômico ganha com esse belo exemplo de Economia Criativa. É através da Economia Criativa que setores tradicionais, como o têxtil, deixam de ser tradicionais (ou melhor, atrasados), incorporando novos valores como marcas, tecnologias, design. Só assim terão condições de sobreviver e competir.
Na programação de abertura do SPFW, um debate reuniu um grupo formado pelos irmãos Campana, Waldick Jatobá e Kátia Avillez (cofundadores do Design São Paulo) e Armand Hadida (dono e comprador da L´Éclaireur uma das lojas/conceito mais respeitadas de Paris). O papo foi muito intenso e se tornou ainda mais forte quando Mr. Hadida declarou em alto e bom som que a moda do Brasil, para ter algum interesse para compradores e consumidores internacionais, teria que deixar de ser conservadora, atrasada e se jogar para valer na criação aceitando com isso correr riscos.
Incentivou as empresas a serem mais ousadas e exigirem mais de seus criadores, usarem materiais novos, empregarem a extraordinária força da produção artesanal do país, mas demandando delas (e ensinando a fazer) produtos atualizados e desejáveis e não os eternos e tradicionais modelos que não interessam ninguém. Foi duro de ouvir, mas temos que tirar dessas palavras elementos de reflexão e de ação. O homem ama o Brasil e estava, honestamente, tentando ajudar a tornar nossa economia mais criativa!

Gloria Kalil

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