segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

2010, O ANO EM QUE VAMOS COMEÇAR O MELHOR DOS NOSSOS DIAS
ORIGINALMENTE PUBLICADO EM WWW.COMUNIDADEMODA.COM.BR
Texto, Fotos, Pesquisa e Montagem de PAULO FERNANDO DIAS DE OLIVEIRA
Eita chegamos em 2010. Já se passaram uma década da virada do século. Quem tem mais de 40 anos viveu muito a expectativas da chegada do ano 2000. Assistimos 2001 uma odisséia no espaço com previsões futuristas. Uma grande nave espacial e um computador dominando tudo, belo filme de Stanley Kubrick produzido em 1968. Hoje estamos assistindo “2012” uma visão contemporânea e catastrófica do fim do mundo.

PARABÉNS!

Parabéns por que?

Porque (surrupiando um texto do publicitário Julio Ribeiro) estamos tendo uma oportunidade inédita: a de viver numa das eras de maior inovações que a humanidade já viveu.Em menos de duas décadas surgiram a internet, o telefone celular, a TV digital, o IPhone, o dvd, a clonagem da ovelha Dolly, a célula tronco, o euro, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, a descoberta de 10 bilhões de litros de petróleo na bacia de Santos, um metalúrgico que se tornou o presidente da república, o casamento de pessoas do mesmo sexo, o surgimento de 1,5 bilhões de internautas, bilhões de usuários de celulares, telefone de graça, a economia da China encostando na economia americana, o surgimento das multinacionais brasileiras, o Brasil ter mais reservas cambiais do que a Alemanha ou a França, os padres não poderem tomar vinho na missa e dirigir e o limite de consumo de álcool para motoristas girar em torno de dois bombons de licor.

Quase tudo o que se aprendeu não serve mais para nos ajudar a trabalhar. Pessoalmente eu acho isso fascinante.

Acho maravilhosa a oportunidade de se matar o conhecimento antigo e aprender de novo.

No festival de publicidade do ano passado, em Cannes, uma das idéias premiadas foi a da agência que colocou uma fita azul a dois metros do chão em prédios e postes de cidades na Europa ao lado escrito em um cartaz:

“Este é o nível que o mar vai chegar no ano 2.050 se a gente não diminuir o aquecimento global”.

Nossos filhos terão que crescer com esta consciência e nós, deveremos começar a mudar tudo isso.

Uma primeira minuta de acordo para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e limitar o aumento da temperatura do planeta até 2050 aproximou as posições de negociação na cúpula da ONU sobre mudança climática (COP-15), que está sendo realizada em Copenhague.

O documento, entregue às delegações dos 192 países que participam da cúpula nesta sexta-feira (11), prevê reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) em até 95% em 2050, e limitar o aumento da temperatura entre 1,5ºC e 2ºC.

Isso quer dizer, se todos fizerem o dever de casa certinho, daqui a 40 anos o mundo pode aquecer somente mais 2ºC. Ainda bem que não vou estar mais aqui para ver isso.

E a moda? O que aconteceu nestes últimos 10 anos?

O mercado mudou muito, a competitividade também. Surgiram grandes grupos que compraram todas as grandes marcas e detém todo mercado de luxo mundial. Vimos crescer e se multiplicar pelo mundo lojas tipo Zara que se antecipou aos chineses e colocou a moda muito mais acessível a todos. Hoje falamos em logística na industrialização e na distribuição da moda.

E, falando em China grandes marcas e cadeias de loja (muitas brasileiras) hoje, estão produzindo, praticamente todas as suas coleções, por lá. Comecem a reparar nas suas etiquetas e veja o “made in china” cada vez mais presente.

Na produção de moda mudamos de etnia. Hoje são os coreanos que dominam a produção de moda no Brás e Bom Retiro que representa uma porcentagem bem alta da produção de moda do Brasil.

Sustentabilidade, cada vez mais os tecidos e as “atitudes” sustentáveis ganham espaço em todo mundo. Aqui no Brasil, contando com a iniciativa de Oscar Metsavaht, dono da Osklen, foi criado o e-fabrics.

O e-fabrics um projeto cuja missão é contribuir na constituição de um tripé de sucesso para a moda brasileira pelo mundo, associando à sua sensualidade e criatividade, o valor de suas principais riquezas e singularidades: a biodiversidade as tradições culturais do país.

Concebido pelo Instituto e como um label único, o e-fabrics tem a intenção de comunicar e representar esses valores, indicando a possibilidade de geração de negócios e oportunidades aos diversos atores da cadeia têxtil em todo o mundo.

O e-fabrics identifica com um tag, tecidos e materiais cuja origem e processo de produção respeitem critérios de comércio justo e de desenvolvimento sustentável. E faz a interlocução entre produtores de materiais ecológicos e estilistas e suas grifes, apresentando-lhes matérias-primas de caráter renovável a serem utilizadas pela cadeia produtiva da moda em geral.

Ao conceder a identificação e-fabrics a tecidos e materiais, estes são avaliados a partir de cinco critérios de conformidade:
  • Matérias-primas de origem sustentável, renováveis ou recicladas;
  • Impacto do processo produtivo no meio-ambiente natural;
  • Resgate e preservação da diversidade e tradições culturais;
  • Fomento às relações éticas com comunidades e colaboradores;
  • Design, atributos comerciais e viabilidade econômica.
O e-fabrics não é uma certificação. Ao contrário. Como label de identificação, sua filosofia abraça inclusive os “transition products”, aqueles que já estão se adequando a uma futura certificação, seja ela social ou ambiental, mas que necessitam ainda de massa crítica para sua viabilização.

O projeto foi incubado entre os anos de 2000 e 2006 pela Osklen, marca reconhecida por valorizar a idéia de brasilidade e intenso trabalho de experimentação com matérias-primas oriundas de processos sustentáveis. O e-fabrics foi lançado em janeiro de 2007 durante o São Paulo Fashion Week, o mais importante evento de moda da América Latina e um dos mais importantes do mundo.

Projetos e atitudes como esta então ganhando cada vez mais uma característica irreversível e vamos passar por momentos de grande transformação e conscientização.

Quanto à moda em si, não vi nada de significativo ou extremamente criativo que mereça um destaque. Novos estilistas apareceram com força. Marc Jacobs, Tom Ford, entre tantos que, deram uma revigorada e uma grande virada em antigas marcas, como foi o caso do Tom Ford com a Gucci e o Marc Jacobs com a Louis Vuitton.

Foram valorizados em muito os acessórios como objetos de desejo. Sapatos, bolsas hoje desfilam juntos com as grandes grifes e dividem o espaço com o vestuário. O Brasil, ainda não chegou nesta fase o que é uma pena. Se formos buscar os números de uma Chanel, de uma Gucci, entre tantos, vamos verificar o índice de faturamento dos chamados acessórios.

O mesmo ocorreu com a estética. Nunca as pessoas se cuidaram tanto. No Brasil estamos vendo a Natura e a Boticário se tornarem gigantes, fazendo a Avon, que até então dominava este mercado acordar e reagir.

Seios, botox, academias, tudo que valorize e rejuvenesça esta em alta e com um mercado em crescimento.

A velhice envelheceu. Hoje quem tem mais de 60 anos esta com corpo melhor de quando tinha 30. Temos muitos exemplos disso.

Twitter, MSN, facebook, orkut, redes sociais. Ninguém imaginava isso no ano 2000.

Enfim, chegamos em 2010. Ainda nossos carros não voam e nem estamos viajando pelo espaço, mas nossas cabeças melhoraram, temos mais informação. A dinâmica do mercado esta cada vez mais rápida e só vai vencer quem tiver muito talento, criatividade e uma visão de um mundo melhor pela frente.

Nestes últimos 10 anos paramos um pouco para ver e entender toda esta tecnologia que nos foi dada. Em nenhum tempo, tanta coisa foi criada e estamos ainda aprendendo a mexer com tudo isso.

Ah sim, o Brasil não é mais o país do futuro. É o país de agora.
Comunidade Moda. Paulo Fernando – Fotos: Pesquisa e montagens Comunidade Moda

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