Você costuma exceder seus limites? Força seu corpo a permanecer acordado mais horas do que ele aguenta? Não consegue dizer não para os outros, se sobrecarregando de responsabilidades e atividades? Coloca-se em situações e relacionamentos com os quais não está em condições mentais ou emocionais para levar adiante? Obriga sua mente a trabalhar mesmo quando ela não já não suporta mais?
Quando não respeitamos nossa identidade física com seus potenciais e limitações, corremos o risco de mal utilizar nosso corpo, causando lesões e danos. Uma pessoa muito insatisfeita com sua aparência física, por exemplo, pode criar distúrbios como anorexia, ou exercitar-se demais e machucar-se. Se alguém tem diabetes ou alergia a algum alimento, mas insiste em comer o que lhe faz mal, agrava sua doença. Assim também são igualmente nocivos os desrespeitos às nossas identidades emocional, mental e espiritual.
Reconhecer os limites da própria identidade nem sempre é um processo agradável. Em um primeiro momento, surge a resistência em aceitá-los. A voz interna do ego-negativo nos gera medo e insegurança, nos fazendo acreditar que se assumirmos nossa verdade, não seremos bons o suficiente ou aceitos, e que nos sentiremos aprisionados e limitados. É preciso nos desapegar das ilusões, de sonhos que aparentemente nos movem, mas na realidade são exatamente aqueles que nos levam para o vazio e frustração.
Uma vez reconhecidos os limites de sua identidade, o próximo passo é fazer novos acordos com você mesmo e com quem se relaciona. Passe a trabalhar as horas que seu corpo aguenta. Explique que não pode fazer o favor ao outro, pois isso o sobrecarregaria e o resultado de um favor mal atendido prejudicaria ambos. Aceite que no momento não está preparado para estar em uma situação ou relacionamento, explicando seus motivos ao outro e se permitindo afastar-se para rever sua identidade. Assim, pode utilizar esses verdadeiros, mas de alguma maneira novos, limites de modo suave e justo. Pode inclusive aprimorá-los, assim como se faz com seus músculos na musculação. Uma coisa é levantar cem quilos, não estando preparado para isso e se lesionar. Outra, é treinar, começando com pesos leves, aumentando gradativamente até chegar a 100 kg. Os limites podem ser trabalhados para se tornarem mais flexíveis e fortalecidos, mas respeitando sua verdade e identidade, sem precisar rompê-los e se machucar.
Como saber se estamos respeitando nossos limites?
Esteja atento aos seus sentimentos e impressões, ainda que muitas vezes eles sejam bem sutis. Sabe aquele leve mal estar ou aquela voz baixinha lá no fundo lhe dizendo que algo não é bom? Ou quando você sorri de modo forçado, com sentimento de peso e obrigação? Muitas vezes você sente e sabe que algo não será positivo. Ainda assim ignora sua verdade, desrespeitando-se e machucando-se, não é verdade? Mas a cada segundo você tem a escolha de fazer diferente, optando pelo respeito a si mesmo. Por que não começar agora?
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