Talvez você nem imagine, mas quando alguém pergunta "qual é o seu signo?" - questão comum em nossa cultura - está em verdade levantando um ponto que só se tornou significativo a partir do início do século XX, por conta dos movimentos de popularização da Astrologia, em grande parte realizados pelo astrólogo inglês Alan Leo.
Apesar de a Astrologia ser um conhecimento com mais de cinco mil anos de história, a questão dos signos solares e a utilização dos mesmos como uma identidade é relativamente recente. Dizer algo do tipo "eu sou de Áries", "meu namorado é taurino" ou qualquer coisa que o valha, se fosse dito para um ser humano de antes do início do século XX, soaria como um código alienígena. A pessoa simplesmente não entenderia sobre o que se está falando. Mesmo hoje em dia, para qualquer astrólogo, este tipo de descrição identitária não significa muita coisa, ou pelo menos não mais do que dizer "eu tenho cabelos pretos". Dizer-se ariano, libriano ou qualquer outro signo não tem grande importância dentro do contexto de um estudo astrológico individualizado, feito a partir do estudo do mapa astral.
Quando Alan Leo popularizou o conhecimento astrológico a partir dos signos solares, o fez por um motivo muito simples: para saber qual o signo solar de uma pessoa, basta saber o dia e o mês em que ela nasceu. Todas as pessoas nascidas em 15 de setembro, por exemplo, serão virginianas. O signo ascendente exige um cálculo mais complexo, e o signo lunar então nem se fala... Mas o fato de o signo solar ser mais conhecido do que o signo lunar ou do que o ascendente, por exemplo, não tem nada a ver com uma suposta "maior importância" do signo solar, e sim com uma maior facilidade da informação. Como seu objetivo era popularizar a Astrologia, Alan Leo procurou divulgar o ponto astrológico que seria mais fácil para que qualquer um conhecesse, sem precisar realizar nenhum cálculo matemático complicado demais.
A cultura moderna do signo solar
Se você ficou tonto com tantos números, igualmente tonto se sente qualquer astrólogo ao se deparar com reducionismos da identidade de signos solares. Não que não tenha havido mérito na popularização realizada por Alan Leo. Se por um lado podemos dizer que ele tornou a Astrologia um tanto superficial, por outro temos que admitir que muitos de nós só conhecem este assunto (eu, inclusive) porque houve alguém como Alan Leo para tirar a Astrologia do calabouço do conhecimento fechado a sete chaves.
Contudo, é preciso que tomemos cuidado com algumas coisas: digamos que você tenha tido duas, talvez três experiências ruins em sua vida com pessoas cujo signo solar é Libra, por exemplo. Daí para detestar librianos (pessoas que nasceram com o Sol em Libra) é um pulinho, e um pulinho errado. Em Astrologia, as compatibilidades e dificuldades entre pessoas são verificadas a partir de um estudo chamado "sinastria", em que o signo solar não desempenha um papel, digamos assim, decisivo. Dito assim, retornando ao exemplo, seu problema com librianos pode ter sido só uma coincidência, e nada garante que você não possa vir a ter uma ótima história com alguém que tenha o Sol em Libra no futuro. Além do mais, você também não sabe se o seu problema com os três librianos anteriores não se deveu a outro fator astrológico que só poderia ser identificado mediante uma análise sinástrica. Do mesmo modo, constitui um preconceito totalmente anti-astrológico realizar afirmações do tipo "não contratei fulano de tal porque ele é geminiano", ou "nem tentei amizade com sicrano, pois ele é sagitariano". Até para o lado positivo isso seria imprudente: se jogar num namoro só porque a pessoa é de um signo solar que você "acha legal" é perigoso. A cultura moderna do signo solar, como você pode ver, deixa muito a desejar quando falamos em verdadeiro conhecimento astrológico!
Signos não são constelações
Quando falamos em signos, há outro ponto que é fundamental esclarecer: signos não são constelações. Se alguém diz que é do signo de Escorpião, isso não tem absolutamente nada a ver com a constelação que leva o nome de "Escorpião". Alguns céticos costumam apontar para o fato de que as constelações se movem na esfera celeste, e que o Zodíaco de hoje em dia é totalmente diferente do Zodíaco de dois mil anos atrás. Estes céticos estão certos, as constelações mudaram de lugar realmente. O erro que eles cometem (e não só eles, pois muita gente que inclusive trabalha com Astrologia ignora isso) é confundir "signo astrológico" com "constelações".
Os signos da Astrologia são trópicos, e não constelacionais. Pra você entender melhor, imagine que uma faixa circular é projetada a partir da Terra, uma faixa dividida em doze setores iguais. Isso é o que na Astrologia nós chamamos de "signos zodiacais". Os signos, para a Astrologia, são geométricos. O que acontece é que pelo fato de algumas das constelações celestes levarem o mesmo nome dos signos da Astrologia, muita gente se engana achando que signos são constelações.
Por isso, mesmo que tal informação quebre o romantismo de uma noite estrelada, é preciso que você saiba que uma coisa é a constelação de Touro, e outra totalmente diferente é o signo astrológico de Touro. Dizer que alguém é de Touro, por exemplo, não tem nada a ver com o suposto fato de, no momento do nascimento desta pessoa, o Sol estar passando pela constelação de Touro, porque não estava. O que acontece é que, neste nascimento, o Sol passava pela zona geométrica que, para a Astrologia, corresponde ao signo de Touro.
Deste modo, você já sabe a resposta quando ler por aí que o seu signo mudou, ou quando se deparar com um cético que acusa a Astrologia de usar os signos errados. Esta informação não procede. Seu signo não mudou, justamente porque nunca foi uma constelação. Críticas à Astrologia sempre existirão, mas as piores são aquelas feitas sem conhecimento de causa. Nós, que apreciamos o tema, precisamos estar devidamente informados para não nos deixarmos levar por informações incorretas.
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