Corpo de Augusto Boal é cremado no Rio
O corpo do dramaturgo Augusto Boal, que morreu na madrugada de sábado (2), no Rio, foi cremado por volta das 15h30, no Cemitério do Caju, na Zona Portuária.
Artistas e amigos do criador do Teatro do Oprimido compareceram à solenidade e prestaram homenagem a Boal. Um músico tocou ao violino a música "Meu caro amigo", composta por Chico Buarque para Boal.
O poeta Ferreira Gullar lembrou que quem mais perdeu com a morte de Augusto Boal foi o teatro. “As experiências que ele deixou para o teatro, a proposta do Teatro do Oprimido foi uma batalha quixotesca. Depois do exílio, entregar a vida inteira por isso é uma coisa genial. Ele era uma pessoa muito generosa.”
O cantor Martinho da Vila, que conheceu Augusto Boal na época do Teatro Opinião. “O que mais admirava nele era a característica do seu trabalho, que era fazer com que o teatro não fosse uma coisa de elite”, afirmou o músico emocionado.
Durante a cerimônia que precedeu a cremação, muitos aplausos, choro e emoção.
Boal tinha 78 anos
Segundo informações de parentes, Augusto Boal estava internado no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. O dramaturgo e diretor teatral tinha 78 anos e sofria de leucemia. Boal foi fundador do Teatro do Oprimido. Em março de 2009, ele foi nomeado pela Unesco embaixador mundial do teatro.
Augusto Boal foi uma das grandes figuras do teatro contemporâneo. Formado em química, estudou dramaturgia na Universidade de Columbia, em Nova York.
Cultura brasileira desfalcada
A atriz Eva Wilma destacou o papel de Boal como um dos grandes mestres da dramaturgia brasileira e relembrou um dos momentos mais difíceis da vida dele. “Boal pertence à primeira geração de brasileiros mestres da dramaturgia, mestres do teatro que sempre estimularam a existência de grupos teatrais, enfim de grupos culturais acima de tudo. Ele foi bastante perseguido naquele momento da censura, da ditadura, teve que viver fora do país e, portanto, usou isso em função de seu aprendizado cada vez mais intenso, cada vez mais completo. E quando retornou, já retornou mais informado e formado culturalmente. E, portanto, é uma perda no elenco de grandes dramaturgos e diretores não só teatro, mas da questão cultural no país”.
Ministro lembra ação social
Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o dramaturgo deu exemplo ao aproximar o mundo das artes cênicas da atenção dispensada aos pacientes mentais. Em nota oficial, ele lembrou que Boal aliou o teatro à ação social.
"Augusto Boal foi um símbolo, no mundo inteiro, do intelectual generoso que abre caminhos, através da arte e da coragem, para enfrentar a desigualdade que marcou, historicamente, a sociedade brasileira. Fez isso também na saúde pública, levando o Teatro do Oprimido aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs). Tornou protagonista do grande teatro da cena pública os pacientes mentais pobres, duplamente excluídos pelo estigma e pela pobreza. Compartilho com seus familiares e amigos o sentimento de tristeza nessa hora e a homenagem de todos nós".
Quinta-feira, 10/07/1980, Jornal Hoje
O dramaturgo Augusto Boal criou um espetáculo teatral onde não há enredo e os espectadores podem participar. O Teatro do Oprimido permite que o público possa se tornar protagonista.
Sábado, 08/12/1979, Jornal Hoje:
Mais de 600 pessoas se inscreveram no curso de Augusto Boal sobre métodos de trabalho no teatro brasileiro de hoje. O diretor utiliza o Teatro do Oprimido e faz diversos exercícios com os alunos.
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