O Cabula
O Cabula fica no centro da península soteropolitana, à margem oeste da rodovia Salvador-Feira de Santana, chamada de Acesso Norte. Limita-se ao Norte, com o São Gonçalo do Retiro; a Sul e Leste com o Pernambués; a Oeste com o Pau Miúdo.
A princípio o bairro era povoado por negros, sobretudo de origem Congo e Angola, que tocavam e dançavam o "kabula", ritmo quicongo religioso que deu origem ao nome do bairro. Na década de 1790, havia ali terreiros e sacerdotes quicongos famosos do Candomblé, mais conhecidos como "zeladores de "nkisi" ( divindidade, assim como os orixás para os Yorubás)".
Mais tarde vieram os nagôs que aos poucos foram se alojando. O terreiro mais antigo do local o Ilê Axé Opô Afonjá, foi fundado e plantado em 1910 por Oba Biyi (Eugênia Ana dos Santos, mãe Aninha), hoje um dos mais tradicionais terreiros de Candomblé do Brasil. Sua atual Ialorixá, desde 1975, Maria Stella de Azevedo Santos, Mãe Stella de Oxossi, ao lado da liderança espiritual, é uma líder comunitária de primeira grandeza. Mantém no terreiro um museu de Candomblé, projetos de geração de renda e uma boa escola de ensino fundamental, para crianças de todas as religiões.
Até o início da década de 1940, o Cabula representava uma importante área verde de Salvador, constituída por fazendas produtoras de laranja-da-bahia, ligadas por vários caminhos chamados de "estradas do Cabula" que ainda hoje permanecem: Ladeira do Cabula, Estrada do Cabula, Largo do Cabula. Entre 1940 e inícios dos anos 50, uma praga destruiu os laranjais, fato que foi muito importante para a transformação do uso do solo no Cabula.
Dos anos 60 até os 70 as transformações no sistema de transporte, tanto no próprio bairro como na cidade como um todo, fomentaram um grande impulso ao crescimento do Cabula.
Os anos 70 e os posteriores foram marcados por alterações estruturais no Cabula: as antigas fazendas haviam sido vendidas e/ou divididas em lotes menores e o bairro foi se transformando, tanto através de ocupação legal como ilegal. A densificação da ocupação a partir da década em destaque foi extremamente forte e os espaços verdes até então ainda comuns no Cabula foram largamente substituídos por áreas densamente construídas.
Em termos das ocupações formais, foram grandes os investimentos em conjuntos habitacionais, promovidos direta ou indiretamente pelo governo. Além dos conjuntos também se estabeleceram no bairro os chamados loteamentos legais, divisões de grandes áreas, feitas segundo as normas e regras estabelecidas pela Prefeitura Municipal de Salvador.
Em termos das ocupações informais, onde os problemas ambientais são drásticos, destacam-se os loteamentos ilegais, áreas também consideráveis, divididas sem o respeito às normas para tal procedimento; as parcelações, subdivisões posteriores dos espaços menos valorizados, dentro dos loteamentos ilegais; e as invasões.
Nas décadas de 1980 e 90 o processo de ocupação e a falta de preocupação com o meio ambiente prosseguiram assim e as áreas verdes ainda presentes foram rapidamente desaparecendo.
A população do Cabula cresceu e continua crescendo rapidamente, apresentando números proporcionalmente sempre superiores aos da cidade como um todo. Este fato demonstra a grande dinâmica constatada no bairro, além de caracterizá-lo como um dos grandes eixos de expansão da cidade em nossos dias.
No ano 2000, segundo dados da CONDER, a população do Cabula já era de 47.238 habitantes que ocupavam 13.535 domicílios.
No presente momento, duas grandes intervenções estão sendo realizadas na cidade de Salvador: a construção da Avenida Luís Eduardo Magalhães e a implantação do Projeto Metrô de Salvador. Essas intervenções afetam diretamente o Cabula porque favorecerão o trânsito no local, suas conexões com as demais localidades soteropolitanas e com cidades circunvizinhas.
Com isto o Cabula passa a ser muito atraente para empresas públicas e/ou privadas dos mais variados portes e o setor da habitação continuará demonstrando forte dinâmica, agora com investimentos destinados a extratos de renda mais alta.
Com relação aos fortes impactos ambientais, o Cabula tem sofrido muito com a ação antrópica indiscriminada. Dentre os efeitos mais marcantes desta ação: o desmatamento indiscriminado para a construção das vias de acesso e dos inúmeros imóveis ai instalados; contaminação dos aqüíferos existentes; acúmulo de lixo e conseqüente erosão das encostas; aumento considerável no trânsito de veículos coletivos e particulares, elevando os índices de poluição do ar e sonora.
O crescimento aponta para um processo de ampliação da densificação do bairro o que dá um caráter de urgência à implementação de planejamento e de ações estratégicas que, além de contemplarem as necessidades atuais da comunidade local, se preocupem com as questões ambientais do Cabula.
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